Mais de 264 mil de pessoas em fuga da violência no Burundi
Escritório de Assistência Humanitária destaca prioridades de assistência para o país, onde morreram 439 pessoas; chefe de direitos humanos da ONU receia evento que pode precipitar o Burundi ao abismo; chuvas mataram dezenas em várias áreas.
Eleutério Guevane, da Rádio ONU em Nova Iorque.
O total de pessoas em fuga devido à tensão política no Burundi ultrapassa os 264 mil, de acordo com o Escritório da ONU para Assistência Humanitária, Ocha.
Segundo a atualização publicada esta segunda-feira, a violência levou mais de 239.754 burundeses a procurar abrigo nos países vizinhos. Cerca de 25 mil pessoas vivem como deslocadas internas na nação africana.
Desaparecimentos
A nota revela o "surgimento de novos padrões de violações de direitos humanos", que incluem casos de violência sexual, aumento de desaparecimentos forçados e tortura.
O Escritório dos Direitos Humanos a ONU estima que, desde abril, pelo menos 439 pessoas morreram e foram registadas 262 prisões arbitrárias. Durante o período ocorreram 263 casos de tortura ou de maus tratos no Burundi.
Falando em Genebra, o alto comissário para os Direitos Humanos declarou a jornalistas que devem ser libertados mais detidos no contexto das eleições presidenciais após terem sido soltos dois jornalistas estrangeiros na sexta-feira.
Para Zeid Al-Hussein, há receios de um "evento súbito que possa precipitar o país ao abismo". Ele destacou que o seu escritório trabalha com as autoridades burundesas para "atenuar algumas pressões".
As declarações foram feitas a membros da Associação de Correspondentes das Nações Unidas.
Os dados sobre a violência foram registados desde abril do ano passado, quando iniciaram os confrontos na sequência da confirmação do presidente Pierre Nkurunziza como candidato ao terceiro mandato.
Chuvas
Desde novembro, o Burundi também é marcado por chuvas intensas e inundações que até meados de janeiro fizeram 52 mortos e 30 mil afetados em diversas áreas. Pelo menos 5 mil casas foram danificadas ou destruídas.
O Fundo Central de Resposta de Emergência, Cerf, colocou US$ 13 milhões ao dispor de agências humanitárias para o fornecimento de bens essenciais com prioridade para áreas como proteção, saúde e segurança alimentar.
As Nações Unidas destacam que setores como nutrição, limpeza e abrigos também devem merecer atenção.