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Entrevista: Zumbido, Um Problema Sem Cura?

Entrevista: Zumbido, Um Problema Sem Cura?

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[caption id="attachment_199215" align="alignleft" width="300" caption="Tanit Ganz Sanchez"]

No último dia 9, as Nações Unidas divulgaram seu primeiro Relatório Mundial sobre Deficiência. Mais de 1 bilhão de pessoas vivem nesta situação e cerca de 20% delas sofrem com discriminações.

Muitas deficiências são conhecidas pela maior parte das pessoas como paraplegia, tetraplegia, síndrome de down, autismo, cegueira, surdez etc.

Funcionamento do Cérebro

Mas vários tipos de deficiência permanecem quase silenciosos e desconhecidos como por exempo, o zumbido ou tinitus.

Analistas dizem que uma das razões para a falta de conhecimento seria a anatomia desses sintomas ou doenças.

Eles não são vistos, mas estão ali "torturando" e causando agonia a seus pacientes. Segundo a Associação Americana de Tinitus, ATA, o zumbido afeta cerca de 350 milhões de pessoas em todo o mundo.

“Chaleira Fervendo”

O número equivale ao tamanho da população dos Estados Unidos ou quase ao dobro da população brasileira.

O zumbido é considerado um sintoma. O paciente convive com barulhos terríveis dentro do ouvido que não raramente sobem para a cabeça. Quem tem tinitus diz ouvir os mais variados ruídos: som de "chaleira fervendo", "de trem passando em alta velocidade," de "insetos devorando madeiras" de "facas ou objetos pérfuro-cortantes sendo friccionados contra superfícies", de “estação de rádio mal sintonizada”, as descrições são abrangentes.

Sensação de Impotência

Assim como os organismos são diferentes, as sensações e as descrições também variam. Mas o “sentimento de impotência, de irritação e inconformismo” é quase comum a todos. Especialistas afirmam que enquanto a maioria das pessoas que sofrem com zumbido, pode viver com ele, um pequeno grupo de 2% teria o sintoma em grau bastante agressivo.

Logo no começo, quase todas as pessoas que são diagnosticadas com tinitus reclamam da perda de sono e de um golpe tremendo em sua qualidade de vida. Muitas delas procuram o otorrinolaringologista, como primeiro passo, mas a busca por auxílio médico quase sempre se expande a outros especialistas como neurologistas, psicólogos, psiquiatras, dependendo da reação do paciente. O zumbido também afeta familiares que, muitas vezes, não sabem o que fazer para ajudar.

Exército Alemão

A comunidade científica tem trabalhado, incansavelmente, para descobrir a cura ou até mesmo um tratamento adequado. Uma vez que, até o momento, não se criou um medicamento, comprovadamente eficiente e específico para zumbido.

Alguns laboratórios têm pesquisado drogas com a ajuda de pacientes que se colocam à disposição para os mais variados testes.

Pesquisadores em países como Índia, Alemanha, Estados Unidos, Brasil e outros têm se envolvido na busca da cura. Na Alemanha, otorrinos e neurologistas do Exército alemão estão desenvolvendo em Ulm, no sul do país, um tratamento experimental com base numa injeção à base de esteroides aplicada dentro da cóclea (uma estrutura do sistema auditivo que contém os terminais nervosos). Mas a injeção só pode ser dada com até três meses após o diagnóstico, e muitas vezes o paciente chega à informação tarde demais. Uma outra tentativa de tratamento é a terapia de retreinamento, conhecida como TRT (na sigla em inglês), tinnitus retraining therapy.

Lesões

Um dos grandes problemas do Exército alemão e de outros contingentes militares nacionais, como o americano, é o crescente número de soldados que estão retornando de zonas de guerra com zumbido por causa do barulho das explosões.

Para muitos especialistas, o zumbido não tem cura. E como não há prova científica do contrário, a maioria dos pacientes tende a concordar com a afirmação. Já outros médicos acreditam que algumas formas de zumbido podem ser curadas com tratamento adequado que inclui mudanças de dietas, evitando alimentos (e medicamentos) que possam piorar o tinitus.

A causa e os fatores do zumbido? Perda auditiva, traumas e lesões geradas por barulhos e sons altos, stress, ferimentos na nuca e na cabeça entre outros. Não é raro ouvir de pacientes que o zumbido começou após terem assistido a concertos de música alta. Músicos e operadores de sons que trabalham em estúdios ou atividades relacionadas também correm risco.

[caption id="attachment_199239" align="alignleft" width="191" caption="William Shatner"] Set de Filmagem

O ator canadense, William Shatner, por exemplo, se tornou um dos advogados na causa pela cura do tinitus após ser diagnosticado com a doença no set de filmagens do filme “Jornada nas Estrelas”.

No depoimento de vídeo que ele deu à Associação Americana de Tinitus, ATA, Shatner contou que estava muito perto do alto falante que reproduzia os efeitos da explosão de um dos episódios da série, quando percebeu pela primeira vez o zumbido.

Segundo o ator, o tinitus é “um barulho que jamais cessa”.

Aliviar o Sofrimento

Mas independente da divergência de especialistas sobre a cura ou não do zumbido, pacientes e médicos são unânimes em defender uma atitude positiva para lidar com a doença.

A nossa entrevistada, considerada uma das maiores especialistas em zumbido no Brasil, Tanit Ganz Sanchez afirma que o sintoma tem cura, e que os pacientes não devem se conformar com o seu estado, mas buscarem formas de aliviar o sofrimento.

Acompanhe a entrevista da dra. Tanit à Mônica Villela Grayley, da Rádio ONU em Nova York.

Tempo Total: 9'24''