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Crise na Ucrânia piora com ataques de drones e bombas planadoras contra civis

Um adulto e duas crianças passam por um bloco de apartamentos destruído em Borodianka, na Ucrânia.
© UNICEF/Aleksey Filippov
Um adulto e duas crianças passam por um bloco de apartamentos destruído em Borodianka, na Ucrânia.

Crise na Ucrânia piora com ataques de drones e bombas planadoras contra civis

Paz e segurança

Uso do tipo de dispositivos em Kharkiv destruiu 80% da infraestrutura de energia, forçando 14 mil pessoas a fugir; ONU lamenta os ataques e ressalta a importância do direito humanitário; assistência é prejudicada pela insegurança elétrica, afetando serviços de saúde e distribuição de ajuda.

O uso de bombas planadoras pela Rússia em Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, já danificou 80% da infraestrutura de energia e forçou 14 mil pessoas a deixarem a área na última semana. 

Nesta quinta-feira, a coordenadora humanitária da ONU no país, Denise Brown, lamentou os recentes ataques em Kharkiv e na cidade de Kherson, ao sul. Ela reforçou que o direito internacional humanitário deve ser respeitado e que civis não devem ser alvos.

Capacidade Humanitária

Segundo os trabalhadores humanitários da ONU, ataques diários das forças armadas russas danificaram dezenas de cidades e vilarejos no sul e no leste do país, além de áreas centrais como Dnipro, bombardeada novamente na madrugada desta sexta-feira. 

Em entrevista à ONU News, a representante na Ucrânia da Organização Internacional para Migrações, OIM, Leila Saleiravesh, explicou que equipamentos militares como drones e bombas planadoras estão sendo usados em áreas densamente povoadas. 

Ela explica que essas bombas são relativamente baratas, podem voar até 80 km e causar grandes danos.  

Escola em Kharkiv, Ucrânia, destruída por bombardeio (fevereiro de 2024)
Unicef/Oleksii Filippov
Escola em Kharkiv, Ucrânia, destruída por bombardeio (fevereiro de 2024)

Segundo Saleiravesh, os ataques reduziram a capacidade dos funcionários humanitários de alcançar comunidades vulneráveis que não podem ou não querem deixar suas casas. 

O sistema de saúde das áreas sob ataque enfrenta dificuldades significativas para atender pacientes. 

A instabilidade do serviço de eletricidade prejudica o tratamento de pessoas que precisam de ventiladores, causa problemas na manutenção correta de vacinas e dificulta a esterilização de instrumentos.

Intensificação dos Ataques 

Na última semana, a diretora da Divisão de Financiamento e Parcerias do Escritório para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Lisa Doughten, falou ao Conselho de Segurança sobre intensos ataques de Moscou à infraestrutura civil da Ucrânia.

Ela destacou os danos às instalações de energia, comprometendo o abastecimento de água em certas áreas e interrompendo o acesso à eletricidade para milhões de civis e apontou que a entrega de assistência humanitária fica ainda mais perigosa.

O Escritório da ONU para Assuntos Humanitários registrou mais de 700 baixas civis em toda a Ucrânia em abril, incluindo 129 mortes, um aumento significativo em relação a março. 

Conflito na Ucrânia já provocou 29.731 vítimas civis
© UNICEF/Aleksey Filippov
Conflito na Ucrânia já provocou 29.731 vítimas civis

Desde 22 de março, houve cinco ondas de ataques à infraestrutura energética do país, particularmente nas regiões de Kharkiv e Dnipro, causando apagões intermitentes e afetando milhões em todo o país. Além disso, ataques a portos estão ameaçando a capacidade de exportar grãos em um momento de crescente insegurança alimentar.

Esforços Humanitários 

Doughten adicionou que apesar do aumento das hostilidades e dos riscos relacionados, “a ONU e seus parceiros humanitários estão fazendo tudo o que podem para alcançar pessoas que precisam de apoio”. 

Do início de janeiro até o final de março, 3,6 milhões de pessoas em todo o país receberam algum tipo de assistência. Até agora este ano, 12 comboios interagências entregaram suprimentos vitais a 20 mil pessoas em áreas de linha de frente. 

No entanto, alcançar civis nas áreas de Donetsk, Luhansk, Kherson e Zaporizhzhia, atualmente sob ocupação de Moscou, continua sendo um desafio. O Ocha insta todas as partes a facilitarem o rápido e desimpedido alívio humanitário para os 1,5 milhão de pessoas que necessitam de assistência vital.