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Alistamento obrigatório mostra "desespero" da junta em Mianmar, diz especialista

Mianmar é marcado por confrontos a seguir à crise política na sequência da tomada do poder pelos militares
Unsplash/Harish Shivaraman
Mianmar é marcado por confrontos a seguir à crise política na sequência da tomada do poder pelos militares

Alistamento obrigatório mostra "desespero" da junta em Mianmar, diz especialista

Direitos humanos

Autoridades intensificam serviço militar obrigatório, aumentando ataques contra civis; especialista da ONU* pede ação internacional para proteger a população vulnerável e condena o que considera “inércia do Conselho de Segurança”.

A junta militar de Mianmar está se tornando uma ameaça ainda maior para os civis e mostra mais sinais de fraqueza e desespero por meio da imposição do serviço militar obrigatório, alertou um especialista da ONU*. 

O relator especial da ONU sobre a situação dos direitos humanos em Mianmar, Tom Andrews, pediu ação internacional mais forte para proteger as populações cada vez mais vulneráveis.

Serviço militar forçado

Segundo o especialista, a junta militar de Mianmar permanece altamente perigosa, com perdas significativas de tropas e desafios crescentes no recrutamento, o que representa ameaças graves à sua existência. Enfrentando ataques vigorosos em várias frentes, a junta intensifica os ataques contra civis, aumentando o uso de armas poderosas.

Em 10 de fevereiro, a junta emitiu uma ordem que supostamente colocou em vigor a Lei do Serviço Militar do Povo de 2010. Homens com idade entre 18 e 35 anos e mulheres com idade entre 18 e 27 anos são elegíveis para o alistamento, embora os "profissionais" possam ser alistados até as idades de 45 e 35 anos, respectivamente.

Aqueles que fogem do serviço militar ou ajudam outros na fuga estão sujeitos a até cinco anos de prisão. Um porta-voz da junta indicou que a meta é recrutar 5 mil pessoas por mês a partir de abril.

Pedido de proteção internacional

Diante da inação do Conselho de Segurança, o relator especial pediu aos Estados que reforcem e coordenem medidas para reduzir o acesso da junta às armas e ao financiamento de que necessita para sustentar seus ataques contra o povo de Mianmar.

Ele também clamou por um aumento significativo na assistência humanitária às comunidades impactadas, incluindo a facilitação da ajuda transfronteiriça. 

O apelo à  comunidade internacional é que possa “intensificar os esforços de ajuda humanitária para aqueles afetados pelo conflito e, ao mesmo tempo, apoiar líderes comprometidos com uma transição democrática que promova os direitos humanos, a transparência e a prestação de contas". 

Para Andrews, “agora, mais do que nunca, é crucial que a comunidade internacional atue rapidamente para isolar a junta e proteger o povo de Mianmar.”

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.