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Luciano Huck comenta os desafios da região amazônica

Em entrevista ao Podcast ONU News, apresentador brasileiro de televisão comentou desafios da região amazônica

Estamos num momento muito único da história amazônica

Luciano Huck , apresentador de TV e empreendedor

ONU News
Em entrevista ao Podcast ONU News, apresentador brasileiro de televisão comentou desafios da região amazônica

Luciano Huck comenta os desafios da região amazônica

Clima e Meio Ambiente

Após diversas visitas à Amazônia ao longo dos últimos 20 anos, o apresentador brasileiro Luciano Huck considera que contar histórias da população local é uma forma de reforçar uma “enorme oportunidade identitária”. Em entrevista ao Podcast ONU News, após participar de evento do Pacto Global da ONU nas margens da Assembleia Geral, em setembro, Huck disse que no século 21 o Brasil deveria “ser reconhecido como o país da Amazônia”.

Com uma audiência estimada em 40 milhões de pessoas, o apresentador brasileiro Luciano Huck se considera “um construtor de pontes para juntar academia, mercado e a realidade, o dia-dia das pessoas.” Ele afirmou que “as ideias do século 20 não resolverão nossos problemas do século 21.”

Acompanhe a entrevista com Monica Grayley e Felipe de Carvalho.

ONU NEWS: Ele trabalhava com publicidade e propaganda, aí partiu para o próprio negócio. Em 1994, teve uma ideia: trabalhar na televisão. E a televisão o abraçou. Hoje ele comanda o horário nobre e é líder de audiência nas tardes de domingo da TV brasileira. Estamos falando de Luciano Huck, o convidado dessa semana no podcast ONU News. Luciano, que prazer ter você aqui. Que alegria.

Luciano Huck: Obrigado, obrigado, Mônica. Obrigado, Felipe. Estar aqui é muito simbólico.

ON: Muito simbólico. E você está aqui na ONU, já fez inclusive uma conversa com o pessoal do Pacto Global. O que mais que você está fazendo aqui nas Nações Unidas essa semana?

LH: Essa foi a semana do clima em Nova Iorque, que antecede a Assembleia Geral, e é um tema que é necessário. As discussões foram muito em torno da Amazônia teve o Pacto Global ontem, teve também o Brasil Climate Summit que também foi bacana. Na verdade, eu sou um construtor de pontes, Mônica, eu gosto de juntar a academia, o mercado e a realidade, o dia a dia das pessoas. Nos últimos 20 anos, tenho rodado muito a Amazônia, tenho um interesse enorme pela região. Acho que o Brasil pouco conhece a Amazônia, então podendo ter a oportunidade, como você colocou de falar com 40 milhões de brasileiros todos os domingos, eu quero poder usar essa força da TV aberta no Brasil, que é um país onde a TV aberta tem muita potência. Num país onde as pessoas não têm dinheiro para comprar um picolé no final de semana, a televisão aberta tem uma força enorme de informar, de entreter. Então poder usar a força da TV, nesse caso, especificamente da agenda dessa semana para contar histórias amazônicas que as pessoas se sintam representadas, a gente tem uma oportunidade enorme, identitária no Brasil, nesse momento. Acho que como no século 20 o Brasil ficou conhecido como o país do samba e do futebol, eu acho que século 21 a gente deveria ser reconhecido como o país da Amazônia, como o país tem a maior floresta tropical do planeta, boa parte da reserva de água doce do planeta. Então acho que o Brasil tem oportunidade de ouro nesse momento na mesa. E acho que a TV pode contribuir muito com essa questão identitária, de todos saberem um pouco da Amazônia, mesmo sem ter ido lá. Então eu tentei fazer essas conexões e essas pontes essa semana aqui no prédio da ONU, no Pacto Global.

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ON: E qual foi a resposta?

LH: Ah, foi ótimo. A gente teve discussões muito técnicas, discussões profundas, boas. Ano passado o Pacto Global foi muito bem e esse ano. Eu convidei um ex-madeireiro, um homem que sozinho derrubou quase 60 mil árvores ao longo da vida. Terceira geração de madeireiros. O Roberto, lá de Tumbira, no Amazonas. E a boa notícia é que o filho dele tem 25 anos hoje, nunca derrubou uma árvore. Então o Roberto, há quase 10 anos atrás, trocou o dia a dia, a rotina da derrubada da floresta para o turismo ecológico que transformou toda a sua comunidade, gerou renda. E é um projeto escalável, multiplicável. Alguém que no passado via preço, na floresta, olhava uma árvore e falava assim, vale 300, 500 e hoje vê valor.

ON: Luciano primeiro, muito bem-vindo, obrigado por aceitar nosso convite, uma satisfação poder conversar com você e aproveitando esse ponto, dessa conexão que você tem com a Amazônia, já foi tantas vezes lá. Que iniciativas, que projetos você tem visto nessas visitas à Amazônia que você acha que são multiplicáveis e que podem ser uma solução para a crise ambiental que a gente vive e na direção do que você tem colocado como o Brasil como uma potência verde?

LH: A minha geração foi educada de uma forma equivocada em relação à Amazônia. Assim, quando você abria nas carteiras escolares, os livros de Geografia, a Amazônia, elas são uma mancha verde no norte do país. Com uma narrativa de que precisava ser ocupada para o progresso chegar, você via a comunicação mesmo do governo da Sudam, do banco do Amazonas, da década de 70, 80. É uma loucura. Qualquer anúncio daquele a pessoa não ia ser cancelada, ia ser presa hoje em dia. Então, teve uma mudança de narrativa importante em relação à Amazônia. E daquela mancha verde que você vê no mapa, para mim, o mais importante, que conecta com o que você colocou, são os mais de 25 milhões de brasileiros que hoje vivem na floresta e nas franjas da floresta. Eu acho que está provado que não deu certo o desmatamento desenfreado. Você pega os 600 municípios da Amazônia, com exceção de Parauapebas que tem a Vale, todos eles têm índices de desenvolvimento humano muito baixos, então não funcionou assim. O que foi feito até hoje, teoricamente, para desenvolver a Amazônia, não desenvolveu de uma forma sustentável, não gerou renda para a sua população. Você tem boa parte da população vivendo, talvez no bioma mais rico do planeta de biodiversidade, mas se sente muito pobre. Então, respondendo sua pergunta, eu acho que a nossa principal preocupação são com as pessoas. Eu acho que se a gente não cuidar das pessoas que ali vivem naquele território, seja na cidade, seja um quilombola, seja indígenas, sejam ribeirinhos, não tem nenhum projeto, nenhuma política pública que vai ficar de pé. Então acho que essa é a nossa grande preocupação. Na Amazônia você tem diferentes problemas, diferentes recortes, não é uma unidade com problema, você tem desde a da pressão do agronegócio, da pecuária no Pará, você tem a questão da mineração ilegal, você tem toda a grilagem de terra, você tem todo o tipo de ilícito nas fronteiras, então se tem muitos problemas ali. Tem lugares que tem problema de água na Amazônia, que é uma maluquice, mas por outro lado eu vejo muita potência. Eu acho que essa narrativa da bioeconomia, essa narrativa da geração de valor da floresta em pé, seja no crédito de carbono, seja na no equilíbrio climático. Então eu acho que tem muita coisa acontecendo e acho muito importante tanto o G20, em Belém, quanto a COP30, também em Belém, onde nesses próximos anos a gente está discutindo que beleza, já entendemos o problema, como é que a gente financia? Sabe, a conservação e a preservação da floresta, desenvolvendo a região, gerando renda. Então acho que está em um momento muito único. Da história amazônica e do Brasil.

Luciano Huck é membro do conselho do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, no Brasil
ONU News

ON: Luciano, a gente estava brincando aqui antes da gravação que você começou no rádio, né? Você falava no rádio, passou para a TV, sempre ligado com comunicação. Você se considera um ativista? Você que ouve tantas histórias de tantas pessoas. Você conta histórias, mas você se consideraria um ativista?

LH: Não acho que eu sou um ativista. Acho que eu sou um curioso. Acho que eu sou um ser político. Acho que eu sou um ser que não consegue passar por um problema e não passar a se sentir parte dele. Eu acho que eu tive o privilégio de falar com milhões de brasileiros e tenho, semanalmente. Eu acho que crédito é uma coisa que leva décadas para construir e minutos para perder. Então eu tomo muito cuidado com isso. Assim, as pessoas me ouvem, graças a Deus. Eu não sou um técnico em ecologia, não sou um técnico em sustentabilidade. Mas eu sou um cara que pode conectar boas ideias ouvindo o problema, juntando as pessoas e buscando solução. As ideias do século 20 não resolverão nossos problemas do século 21. Então acho que o Brasil insiste em retrofitar políticas antigas. Então eu acho que se a gente não tomar cuidado, a gente vai seguir sendo um país com um belo passado pela frente. Então a gente precisa de ideias modernas, de ideias novas, ideias do século 21 para problemas do século 21.

ON: Luciano, falando em conectar ideias e juntar pessoas. a sua carreira na TV também te levou para fora do Brasil. Inclusive para o continente africano, para Moçambique. Como é que você vê a possibilidade de aproveitar toda essa expertise, todos os projetos que você tem feito no Brasil para outros países de língua portuguesa, juntar essa comunidade dos países de língua portuguesa pela comunicação.

LH: Esse é um ponto rico, porque eu tive muito em Angola, estive seis vezes em Angola, estive em Moçambique. Tenho vontade de ir a Cabo Verde. Eu acho que a gente ter uma reconexão com os países de língua portuguesa seria super importante. É engraçado porque a Globo tem força nesses países, então é muito curioso você chegar no continente africano, num país que você nunca foi e ser reconhecido. E as pessoas acompanharem seu trabalho. Então todas as vezes que eu estive em Angola e as duas vezes que eu tive em Moçambique, foram experiências muito ricas. É engraçado você falar isso, porque eu estou no Conselho do Unicef, no Brasil. Eu adoro a força do Unicef nos países africanos, nas regiões mais necessitadas do Brasil também. Então essa conexão que o Unicef faz, e eu fui ver os projetos em alguns países de língua portuguesa, é muito rica.

ON: A gente transmite para todos esses países, mais as diásporas, então a gente faz essa conexão todos os dias e realmente ela é riquíssima. Você falou em ser um ser político e hoje a gente vive um momento de muita polarização na política, não só no Brasil. Em outros países também. Como é que você lida com isso?

LH: Acho que a gente precisa superar isso.

ON: Mas é difícil fazer começar esse diálogo?

LH: Eu acho que a fase dura, se Deus quiser está passando.  Eu acho que a gente tem que perceber o que aconteceu. Sabe, entender por que que o mundo se polarizou. Não foi só o Brasil, sabe os Estados Unidos. Turquia, Polônia, vários lugares tiveram fenômenos muito parecidos.  Então eu acho que de perto é muito difícil odiar. Então a gente precisa voltar a se reconectar, a gente precisa voltar a ter a capacidade de debater com quem pensa diferente da gente e não achar que é inimigo. Então a democracia passa pela capacidade de ouvir também. Então eu acredito na democracia, eu acredito no diálogo, eu acredito na política. Eu acho que está na fase de colar os cacos. Não foi bom o que aconteceu, mas a gente não pode ignorar o que aconteceu no Brasil especificamente, a gente precisa aprender. Segmentos importantes, relevantes da sociedade mostraram que tem força e que tem voz e que não podem ser ignorados. Eu não sou uma pessoa de excluir, eu sou uma pessoa de incluir, então eu quero entender as demandas e as necessidades desse Brasil mais conservador. Eu quero entender, eu quero ouvir esse Brasil evangélico. Eu quero ouvir esse Brasil do agronegócio. Eu acho que eu sou um liberal progressista. Minha cabeça sempre foi muito progressista, mas isso não quer dizer que eu fique de um lado da sociedade, eu quero transitar, eu quero estar ouvindo todo mundo. Eu quero poder estar arbitrando as melhores ideias. Todo mundo quer um país mais justo, um país mais eficiente, um país que gere renda, um país que gere oportunidade principalmente a todos, independentemente de onde você tenha nascido. Isso passa por dialogar, isso passa por construir, isso passa pela política. Então sim, eu sigo acreditando no diálogo, na democracia e na política.

ON: E Luciano, uma pergunta, e fica à vontade para responder da maneira que você acha melhor. Mas muita gente já comentou que você teria um perfil muito indicado para concorrer a um cargo político, participar da vida política do Brasil. Você acha que um dia esse momento vai chegar? Como é que você vê essa perspectiva?

LH: Eu não tenho medo disso, não tenho mesmo. Eu acho que cada um tem uma missão na vida e a gente tem que estar pronto para ela, seja para o que for e quanto for. 

ON: E você acha que a sua é ser presidente?

LH: Não não, eu vou continuar. Eu não tenho essa vaidade. O que eu digo é que a fumaça não volta pra dentro da garrafa. Então eu quero, quando a gente estiver aqui conversando nesse mesmo prédio nos próximos 20 anos, quando sentar aqui de novo, que a gente seja um Brasil mais afetivo, um Brasil mais eficiente. Um Brasil gerador de oportunidades, um Brasil que saiba aproveitar as oportunidades e eu vou estar participando. Não quer dizer que eu precise ter um cargo eletivo para isso. Eu acho que o que eu faço hoje na televisão especificamente, que é poder conectar o país com histórias, com inspiração, com opinião, eu acho que já é uma contribuição ao debate. E fora isso eu quero ajudar na construção de um projeto de país. O Brasil não tem um projeto de país hoje. Eu não acho que a esquerda brasileira que está no poder “ah, é uma esquerda radical”. Não. É uma esquerda atrasada na minha opinião. Eu acho que tem coisas muito modernas acontecendo no mundo, de políticas públicas. A gente não precisa requentar políticas que já foram implantadas para ver se elas ficam mais bonitinhas se a gente fizer de novo. Então acho que tem coisas muito modernas acontecendo no mundo, então a gente tem que ter um projeto de país que eu não acho que a gente tem de médio e longo prazo. Isso eu sempre falo para os meus filhos: na vida você tem que ter criatividade, que eu acho que você acaba treinando. Você tem que ter iniciativa, mas tem que ter capacidade de execução. Se não, nada funciona. Então não adianta a gente ter ideia de política pública se a gente não puder executar. Então a gente tem que ter um país, um projeto que tenha começo, meio e fim, que tenha arquitetura, engenharia e execução. Então respondendo, eu vou participar disso, eu vou estar no debate sempre. Eu vou tentar contribuir como eu posso e do jeito que eu posso. 

ON: Você não fica parado, né? Até na pandemia está aí o seu livro. Você se preparou, conversou com as pessoas, ouviu todo mundo.

LH: Eu acho que isso aqui foi o meu fruto do meu isolamento. O meu isolamento durante a pandemia gerou esse livro, que eu tenho muito orgulho. Foi um livro onde eu pus todas essas minhas questões e angústias em relação ao meio ambiente, educação, saúde, pesquisa, ciência. Estava todo mundo muito confuso em relação ao que ia acontecer com o mundo, e eu acho que a gente teve uma chance, pois estava todo mundo do sei lá, do Yuval Harari a tanta gente que eu conversei, a Esther Duflo, estava todo mundo também isolado. Como as pessoas estavam meio sem saber o que que estava acontecendo, todo mundo topou conversar, porque estavam em casa.

Eu tive a oportunidade de conversar com muita gente que eu admiro, durante talvez 6 ou 7 meses, e aí misturado com as vivências todas que eu tive ao longo dos últimos 20 anos de televisão, virou esse livro.

ON: Esse livro é um livro muito legal. A gente tem mais uma ou duas perguntas, não é, Felipe? 

ON: Isso é falando em isolamento, foi um momento que também muita gente intensificou o uso das redes sociais. E até retomando o que a gente estava conversando antes, as redes sociais impactam muito nessa dinâmica da polarização também. Então como é que você consome as redes sociais, como é que você lida com a superexposição nas redes sociais, como é que você fala sobre isso com seus filhos?

LH: Tem uma coisa geracional, né? Eu sempre tive, sempre participei, sempre atuei nas redes sociais. Quer dizer, desde a época do Twitter, assim eu fui o primeiro brasileiro a ter um milhão de seguidores no Twitter. E para mim é um complemento do meu trabalho. Assim, minha filha entendeu o que eu fazia quando eu cheguei e disse “Olha, o papai é o seguinte: Eu sou um youtuber que todo vídeo que eu lanço tem 40 milhões de pessoas que assistem na primeira hora”. Ela falou: “Nossa, é mesmo?” Eu falei, esse sou eu. E aí ela começou a entender o meu trabalho na televisão. Só que eu acho que pra mim, hoje, a força das redes sociais ela se soma à força da televisão, ela não é um apêndice, porque eu não trato assim, eu trato com relevância, importância, então eu acho que a as redes sociais compõem a minha capacidade de comunicação. Mas é completamente diferente da Anitta, que é minha amiga, por exemplo, e usa isso como uma ferramenta muito mais intuitiva para ela. Ela fala, ela tenta dissecar e entender o algoritmo o tempo todo, falar com públicos diferentes. Aquilo é o trabalho dela, ela precisa daquilo para a arte, para a música que ela faz. É diferente da minha filha, Eva, que está no dia a dia do TikTok fazendo dancinha. Então eu acho que tem uma coisa geracional que vai mudando, que é essa relação digital, essa vida digital, para o bem e para o mal.

ON: Você não se preocupa com o tempo que as pessoas passam ali?

LH: Ah, sim, mas é inevitável, não acho que tem a solução, Mônica. Mas também é aquele efeito pêndulo. Acho que a gente está indo no máximo possível da exposição digital e alguma hora vai equilibrar. Eu acho que com essa pandemia que a gente está vivendo de saúde mental, pós-pandemia do Covid-19, acho que não tem quem não sofreu com a sua saúde mental, se falar que não, é mentira. Então eu acho que as redes sociais potencializaram muito a “não saúde mental” das pessoas. Eu acho que com o tempo, as pessoas vão voltar para dentro, aprender a respirar de volta, a conseguir ficar sozinhas, a conseguir ficar no silêncio, a conseguir não ficar conectado. Mas é um processo, é um processo.

ON: Agora, para terminar e antes das suas considerações finais, eu queria te perguntar, de repente duas ou três pessoas que te inspiraram e te inspiram e por quê. Eu sei que você conhece tanta gente. 

LH: Eu acho que é injusta essa pergunta, porque é capaz de esquecer outros. Se você for olhar minhas redes sociais, eu me autodenomino como uma pessoa curiosa. E as minhas crenças são uma colcha de retalhos de muita gente que ouvi e conversei. Porque eu vejo beleza quando eu leio o livro do Michael Sandel, mas eu vejo beleza também quando eu ouço o Roberto de Tumbira me falar que ele vê não mais preço, mas valor na floresta. Talvez eu pudesse aqui citar 3 ou 4 pensadores acadêmicos, mas estaria sendo muito injusto com as centenas de brasileiros que eu ouvi. As coisas que eu aprendi, Mônica, as mais importes não foram nem na sala de aula do Largo do São Francisco onde eu estudei, nem em Princeton, nem em Columbia, foi na sala de visita das pessoas, da casa delas me recebendo. Então talvez o meu maior aprendizado, minha maior transformação é de inúmeras figuras, brasileiros e brasileiras anônimos do grande público, que puderam compartilhar comigo suas angústias, suas vidas e que eu transformei em conteúdo de televisão que inspirou muita gente. Então eu acho que se eu tiver que responder, eu prefiro dar protagonismo a centenas de pessoas que dividiram as suas histórias comigo, que eu aprendi muito com elas.

ON: Muito bem Luciano, mais alguma coisa que você gostaria de acrescentar para essa entrevista? Essa conversa aqui com o Podcast ONU News?

LH: Ah, queria agradecer vocês. Acho que foi uma semana muito intensa, esses dias aqui em Nova Iorque foram uma maratona sem fim, mas está sendo ótimo. Eu acho que mesmo estando nos Estados Unidos, a gente conseguiu falar aqui do Brasil com S não do Brasil com z, que é o que me importa. Eu acho que muitas vezes em debates, mesmo no Brasil, eu enxergo as pessoas falando de um Brasil com Z. A gente precisa se preocupar com o Brasil com S, que é o Brasil da vida real das pessoas, da geração de oportunidade, da distribuição de renda, da busca de um país mais eficiente, de um país mais afetivo. Então, sempre que for para discutir o Brasil com S eu vou estar presente.

ON: Volte sempre, vai ser nosso convidado. Essa foi a conversa do podcast ONU News com o Luciano Huck.