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Haiti: tráfico de armas de fogo e drogas alimentam crises de segurança

Homicídios e sequestros aumentaram dramaticamente no Haiti, principalmente na capital, Porto Príncipe
© Unicef/U.S. CDC/Roger LeMoyne
Homicídios e sequestros aumentaram dramaticamente no Haiti, principalmente na capital, Porto Príncipe

Haiti: tráfico de armas de fogo e drogas alimentam crises de segurança

Legislação e prevenção de crimes

Avaliação do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, revela que aumentou o fluxo de armamento e a entrada de drogas no país; crise sem precedentes envolve violência de gangues, surto de cólera e insegurança alimentar.

Armas de fogo e munições cada vez mais sofisticadas e de alto calibre estão sendo traficadas para o Haiti. O aumento desse fluxo consta em uma nova avaliação divulgada pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc.

O país caribenho enfrenta uma crise sem precedentes, com violência de gangues atingindo os maiores níveis em décadas.

No último ano, o Haiti registrou um crescimento de deslocados de mais de 56%. Agora com 155.166 desalojados, a situação confirma a piora de uma tendência que se observa desde 2020.
© PAHO/WHO
No último ano, o Haiti registrou um crescimento de deslocados de mais de 56%. Agora com 155.166 desalojados, a situação confirma a piora de uma tendência que se observa desde 2020.

Armamentos e drogas

A análise “Mercados criminosos do Haiti: mapeando tendências em armas de fogo e tráfico de drogas” revela um aumento recente nas apreensões, sugerindo um crescimento desse tipo de tráfico.

Além disso, de acordo com o estudo, o Haiti continua sendo um país de transbordo de drogas, principalmente cocaína e maconha, que entram por barco ou avião em portos públicos, privados e informais, assim como em pistas clandestinas.

A chefe da Seção de Pesquisa e Análise de Tendências do Unodc, Angela Me, disse que o objetivo da avaliação é esclarecer os fluxos de tráfico que fortalecem a violência das gangues do Haiti. Com isso é possível ajudar a dar uma resposta e apoiar o povo que vive uma “situação desesperadora”.

Desafio das fronteiras

O Haiti sofre com fronteiras vulneráveis: são 1.771 quilômetros de costa e uma fronteira terrestre de 392 quilômetros com a República Dominicana. A situação desafia as capacidades da polícia nacional, que tem poucos recursos e pessoal, a alfândega, além das patrulhas de fronteira e guarda costeira, que são alvos de gangues.

Homicídios, sequestros e deslocamentos estão aumentando no país, que sofre a pior emergência humanitária e de direitos humanos em décadas.

Porto Príncipe, capital do Haiti. País vem sofrendo com a violência das gangues que impedem a circulação de pessoas, bens e ajuda humanitária
Pnud Haiti/Borja Lopetegui Gonzalez
Porto Príncipe, capital do Haiti. País vem sofrendo com a violência das gangues que impedem a circulação de pessoas, bens e ajuda humanitária

Violência alimentando outras crises

De acordo com o relatório do secretário-geral, a violência das gangues está agravando um severo surto de cólera, aumentando a insegurança alimentar, deslocando milhares de pessoas e mantendo as crianças fora da escola.

A avaliação também fornece uma visão geral das respostas internacionais, regionais e nacionais até o momento, em particular os esforços para aumentar o apoio à aplicação da lei e gestão de fronteiras do Haiti.

Outro destaque do documento é a necessidade de abordagens abrangentes que englobem investimentos em policiamento comunitário, reforma da justiça criminal e ações anticorrupção.