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Em meio a escassez de água e comida, população de Gaza aguarda notícias do cessar-fogo

Um veículo da ONU passa pelos restos mortais de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza
Unicef/Tess Ingram
Um veículo da ONU passa pelos restos mortais de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza

Em meio a escassez de água e comida, população de Gaza aguarda notícias do cessar-fogo

Ajuda humanitária

Perante os crescentes apelos internacionais para uma suspensão do confronto em Gaza, o Programa Mundial de Alimentos relata importância de garantir estabilidade na assistência para crianças; Escritório de Assuntos Humanitários alerta para demolições e deslocamentos na Cisjordânia.

Nesta quarta-feira, o diretor do Programa Mundial de Alimentos na Palestina disse que um terço de todas as famílias em Gaza têm crianças com menos de cinco anos.

Falando de Deir Al Balah, Matthew Hollingworth ressaltou que elas “precisam é de escola, embora precisem de mais água limpa, o que precisam é de mais estabilidade e de uma vida normal”. 

Louise Wateridge da Unrwa com o seu colega Hussein em Rafah, sul de Gaza
Unrwa/Louise Wateridge
Louise Wateridge da Unrwa com o seu colega Hussein em Rafah, sul de Gaza

Escombros com explosivos em fonte de água

A Agência da ONU de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, observou que houve mais de 360 ​​ataques às suas instalações desde o início da guerra. Além das dezenas de milhares de vítimas, infraestruturas vitais foram afetadas, incluindo o poço de água da agência na cidade de Khan Younis.

A representante da Unrwa, Louise Wateridge, disse que colocar esta fonte de água em funcionamento novamente exigirá a remoção de toneladas de detritos. No entanto, o Serviço de Ação contra Minas da ONU, Unmas, descobriu que existem “muitos materiais perigosos e estilhaços” nos escombros.

Segundo Louise Wateridge, isso significa que, “em vez de entrar com uma escavadeira e limpar tudo, é preciso remover peça por peça, com segurança.”

A escola Al Qastal da Unrwa, no centro da Faixa de Gaza, é agora o lar de cerca de 2,4 mil famílias que foram deslocadas por quase sete meses de guerra em Gaza. As pessoas vêm de todos os diferentes bairros afetados pelo conflito. 

De acordo com o representante do PMA, nesta escola a assistência inclui alimentos e suplementos nutricionais especiais para bebês e crianças pequenas, para garantir um crescimento saudável.

Demolições e deslocamentos na Cisjordânia

Em um sinal do agravamento da situação no Oriente Médio, o Escritório de Coordenação de Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, publicou novos dados da Cisjordânia ocupada, mostrando que a demolição de propriedades palestinas e o deslocamento seguem ocorrendo.

Os dados mais recentes da agência indicam que, até 22 de abril, mais de 380 estruturas foram demolidas nas províncias da Cisjordânia, afetando 650 pessoas. 

Se a destruição continuar neste ritmo, até ao final do ano, cerca de 1,5 mil propriedades poderão ser destruídas, o número seria o mais elevado desde que o Ocha começou a compilar dados em 2009. 

A província de Jerusalém sofreu o maior nível de danos, com 80 edifícios demolidos e 115 pessoas deslocadas.

Manifestantes protestam do lado de fora do campus da Universidade de Columbia, em Nova York
ONU/Evan Schneider
Manifestantes protestam do lado de fora do campus da Universidade de Columbia, em Nova York

Protestos em universidades americanas

Em Nova Iorque, centenas de policiais supostamente dispersaram um protesto pró-Palestina envolvendo centenas de pessoas na Universidade de Columbia, na noite de terça-feira.

A pedido das autoridades, a polícia removeu os manifestantes que estavam acampados dentro de um edifício no campus. Agências de notícias também relataram grandes confrontos entre manifestantes rivais durante a noite no campus da Universidade da Califórnia, em Los Angeles.

Horas antes, o alto comissário de Direitos Humanos da ONU, Volker Turk, advertiu contra quaisquer “medidas pesadas” por parte de algumas universidades nos Estados Unidos ao lidar com os protestos contra a guerra em Gaza.

O reitor da Universidade de Columbia anunciou que o diálogo com os manifestantes tinha falhado e que a instituição não se curvaria às exigências de se desvincular de Israel.