Socorro chega a pé para afetados pelo terremoto no Afeganistão
Desafios incluem falta de suprimentos essenciais e comunicações irregulares; acesso a locais ainda inacessíveis pode levar sete horas de caminhada; ONU Mulheres diz que afegãs trabalham até 18 horas por dia no auxílio.
Agências da ONU assistindo os sobreviventes do terremoto, que abalou o Afeganistão, no domingo, disseram que estradas bloqueadas e linhas de comunicação interrompidas afetam o auxílio às vítimas em áreas mais remotas.
Após a chegada de equipes a pé às comunidades afetadas no distrito montanhoso de Ghazi Abad, o representante do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, disse que é urgente retirar as pessoas dos escombros.
Apoio urgente para enterrar os mortos
Salam Al-Jabani citou relatos de afegãos pedindo ajuda urgente para enterrar os mortos e a retirá-los dos locais onde foram atingidos.
Dados preliminares das autoridades de fato do Afeganistão indicam haver pelo menos 1,4 mil mortos e mais de 3,1 mil feridos devido ao terremoto de magnitude 6 que atingiu as regiões do nordeste no domingo.
Prevê-se que o número de vítimas aumente ainda mais à medida que as equipes de busca e salvamento chegam às áreas afetadas, onde várias comunidades remotas ainda não foram alcançadas.
O bloqueio ao acesso foi resultado de quedas de rochas e deslizamentos de terra provocados pelo terremoto, além de fortes chuvas nos dias que antecederam o desastre.
Horas de caminhada
Al-Jabani disse que as equipes tiveram que deixar seus carros e caminhar duas horas para chegar a Ghazi Abad. Aldeias que distam entre seis e sete horas de caminhada ainda não foram alcançadas, nem mesmo pelos helicópteros colocados nas operações por autoridades locais.
As comunicações são irregulares ou mesmo inexistentes. Como parte da resposta internacional, a ONU enviou pelo menos 25 equipes de avaliação para a região afetada e reforçou os voos de serviço aéreo humanitário de Cabul.
A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, enviou suprimentos essenciais de socorro preposicionados de estoques em Cabul, incluindo tendas, cobertores e lâmpadas alimentadas por energia solar.
A agência lista necessidades prioritárias imediatas, que incluem abrigo de emergência, suprimentos médicos, água potável e assistência alimentar emergencial.
Mas fazer chegar medicamentos é muito difícil numa realidade em que os itens essenciais chegam somente por caminhada desde o hospital mais próximo apoiado pelo Unicef.
Papel das funcionárias humanitárias
No acesso às comunidades remotas, as funcionárias humanitárias estão entre as primeiras a socorrer as vítimas do terremoto, segundo a ONU Mulheres. A entidade destaca o papel das afegãs integrando equipes de avaliação que chegam às comunidades afetadas.
Nesse processo, elas trabalham até 18 horas por dia, viajando a pé para falar diretamente com mulheres e meninas num “trabalho exaustivo em que é impossível para que elas alcancem a todos que precisam de ajuda.”
Em nota, a ONU Mulheres solicitou fundos urgentes para apoiar organizações lideradas e focadas nas afegãs e funcionárias humanitárias, para garantir que mulheres e meninas tenham acesso a assistência e informações essenciais.