Estudo do Banco Mundial no Brasil propõe reduzir gastos para investir no meio ambiente
Documento prevê análise de benefícios de aposentadorias, reforma do imposto de renda de pessoas físicas, uso mais eficiente da terra e mais equilíbrio fiscal, entre outras propostas; acompanhe a parte 2 da reportagem do Banco Mundial para a ONU News.
Um novo relatório do Banco Mundial defende reformas econômicas com o objetivo de promover equilíbrio fiscal e liberar recursos para proteger o meio ambiente.
As propostas discutidas no estudo Dois por Um: Políticas para Atingir Sustentabilidade Fiscal e Ambiental podem resultar numa melhora do equilíbrio fiscal de mais de 5% do PIB. Ao mesmo tempo, são capazes de enfrentar desafios ambientais urgentes e gerar empregos.

Gastos e equidade
Entre as reformas propostas, está a dos sistemas de previdência. Por exemplo, reformar os benefícios de aposentadoria militar para aproximá-los de outros regimes reduziria os gastos do sistema e aumentaria a equidade.
Para o economista sênior Cornelius Fleischhaker, do Banco Mundial, essa é uma questão prioritária: “Se o problema da previdência não for resolvido, se não for freado esse ritmo de crescimento, esse gasto vai ‘comer’ todo o espaço fiscal para outras coisas. Não vai ter dinheiro para as prioridades que importam para o futuro do Brasil”.
O novo estudo do Banco Mundial também discute a reforma do Imposto de Renda da Pessoa Física, Irpf. “Além de impactar mais os mais pobres do que os mais ricos, é extremamente ineficiente. Você deixa de arrecadar por ter uma estrutura que é antiquada e não nos serve mais”, argumenta a economista Monica de Bolle, pesquisadora sênior do Peterson Institute for International Economics, em conversa com o Banco Mundial.
Uso mais eficiente da terra
Outro ponto crucial é a reforma do Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural, ITR, que atualmente arrecada apenas 0,03% do Produto Interno Bruto, PIB, apesar da riqueza agrícola do Brasil.
O documento sugere que reformar o ITR poderia aumentar a receita e incentivar o uso mais eficiente da terra, reduzindo o desmatamento e as emissões de gases de efeito estufa. “A Austrália, que é outro país continental, com um agro forte, tem um imposto parecido e arrecada mais de meio por cento do PIB”, explica Fleischhaker.
A ONU News publicará em breve a parte 3 da conversa, desta vez falando sobre como o Brasil pode liderar a transição para uma economia sustentável, aproveitando seu potencial em energias renováveis e o mercado de carbono.
*Mariana Ceratti é correspondente da ONU News no Banco Mundial Brasil.