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Eclosão de novos casos de cólera no Sudão agrava a crise humanitária

Expansão da cólera é estimulada pelas enchentes e água, pela fraca higiene e pelo saneamento precário
© OMS/Lindsay Mackenzie
Expansão da cólera é estimulada pelas enchentes e água, pela fraca higiene e pelo saneamento precário

Eclosão de novos casos de cólera no Sudão agrava a crise humanitária

Ajuda humanitária

Em 30 dias foram registradas 658 notificações em cinco estados sudaneses; pelo menos 28 óbitos ocorreram devido à doença; Acnur apreensiva com possível infecção em comunidades deslocadas e em áreas que hospedam refugiados.

Agências das Nações Unidas alertaram nesta sexta-feira que uma nova onda de casos de cólera no Sudão agrava a crise humanitária gerada pelo conflito que eclodiu em abril do ano passado.

A Organização Mundial da Saúde, OMS, estima que o novo surto tenha infectado pelo menos 658 sudaneses no mês passado. Pelo menos 28 pessoas morreram devido à doença durante o período.

Estação chuvosa

O representante da OMS no Sudão, Shible Sahbani, disse a jornalistas, em Genebra, que a maioria dos casos é registrada em áreas como Qadarif e Kassala onde as recentes inundações aumentam a disseminação da doença.

Sahbani pediu ação internacional coordenada para enfrentar o surto que afeta cinco estados sudaneses. Esta eclosão já era esperada na estação chuvosa e a agência da OMS pré-posicionou mantimentos. No entanto, o recente estado do clima piorou a situação.

Acnur alertou sobre a ameaça da cólera se alastrar para comunidades deslocadas em todo o país
© Acnur/Aymen Alfadil
Acnur alertou sobre a ameaça da cólera se alastrar para comunidades deslocadas em todo o país

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, alertou sobre a ameaça da cólera se alastrar para comunidades deslocadas em todo o país. Uma nota revela preocupação com a potencial chegada da doença a áreas que hospedam refugiados.

Além de acolher cidadãos de outros países, os estados sudaneses de Kassala, Gedaref e Jazirah abrigam milhares deslocados em busca de segurança devido aos confrontos entre o Exército e os paramilitares das Forças de Apoio Rápido, RSF.

Prevenção e resposta à cólera

O Acnur atua com o Ministério da Saúde e a Organização Mundial da Saúde no aumento dos esforços de prevenção e resposta à cólera e no reforço da vigilância, sistemas de alerta precoce e rastreamento de pessoas que tiveram contato com infectados.

Outra área de intervenção é a oferta de apoio para melhorar os serviços de saúde locais e em campanhas para aumentar a consciência das comunidades sobre como detectar e responder rapidamente a possíveis surtos de doenças.

Estados sudaneses como Kassala, Gedaref e Jazirah abrigam milhares deslocados em busca de segurança
© Unicef/Omar Tarig
Estados sudaneses como Kassala, Gedaref e Jazirah abrigam milhares deslocados em busca de segurança

A expansão da cólera é estimulada pelas enchentes e água, pela fraca higiene e pelo saneamento precário em campos de deslocados e comunidades.

Surtos anteriores no Sudão foram declarados pelas autoridades há um mês e em 12 de agosto. Desde a confirmação dos casos suspeitos a taxa de letalidade é de 4,3%. 

Aumentar a consciência das comunidades

Ainda em relação ao auxílio aos sudaneses, o Ocha disse que a entrega de suprimentos para o Sudão é crucial para atender às necessidades mais urgentes no auge das estações chuvosa e de escassez. Esta semana, a região de Darfur recebeu 15 caminhões que conseguiram cruzaram a partir do Chade pela travessia de Adré.

O escritório destaca que o combate à crise de fome está “cada vez mais profunda” requer que seja assegurada a passagem contínua dos caminhões de ajuda para garantir um fluxo constante de alimentos.

A ajuda alimentar é acompanhada por itens de nutrição, água, saneamento, higiene e suprimentos médicos para pessoas em mais de 10 áreas em risco de fome. O carregamento inclui sementes para agricultores em Darfur, que precisam plantar antes do fim da atual estação chuvosa.

Para o Ocha, o aumento da produção de alimentos no Sudão é uma das formas mais eficazes de lidar com a crise de fome que só piora após mais de 16 meses de conflito.