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ONU pede melhora na garantia de direitos das trabalhadoras domésticas

As trabalhadoras domésticas lutam pelo reconhecimento como prestadores de serviços essenciais
ONU Mulheres/Joe Saad
As trabalhadoras domésticas lutam pelo reconhecimento como prestadores de serviços essenciais

ONU pede melhora na garantia de direitos das trabalhadoras domésticas

Mulheres

Mulheres representam três quartos dos profissionais do setor, mas ainda não têm acesso garantido a benefícios trabalhistas e proteção social; muitas delas sofrem múltiplas formas de discriminação, com base no status migratório e na origem étnica ou indígena.

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, lançou na última sexta-feira um relatório defendendo mais garantias de direitos trabalhistas e proteção social para trabalhadoras domésticas.

A OIT estima que as mulheres representam três quartos dos 75,6 milhões de trabalhadores domésticos em todo o mundo. Dada a presença majoritária feminina, a garantia de direitos no setor de serviços domésticos é fundamental para a conquista da igualdade de gênero.

Múltiplas formas de discriminação

Mesmo quando contados apenas os empregados diretamente pelas famílias, os trabalhadores domésticos representam pelo menos 25% de todas as pessoas remuneradas na área de cuidados, incluindo enfermeiros, professores, médicos e profissionais de cuidados pessoais. A proporção de trabalhadores domésticos entre os cuidadores, no entanto, é muito maior em países com pouco investimento no setor de cuidados.

Segundo a OIT, existe uma demanda global crescente por cuidados pagos, com um número cada vez maior de países enfrentando uma crise assistencialista devido às grandes necessidades de cuidados não satisfeitas e ao envelhecimento da população.

No entanto, os trabalhadores domésticos muitas vezes não têm acesso aos direitos laborais e à proteção social, nem a direitos de prestação de cuidados e serviços para si próprios e para as suas famílias, como proteção à maternidade, abono de família, cuidados infantis e serviços de cuidados continuados.

Essas lacunas na proteção e no acesso aos serviços são mais acentuadas entre as trabalhadoras domésticas que enfrentam múltiplas formas de discriminação, com base no status migratório e na origem étnica ou indígena.

Uma trabalhadora doméstica varre a rua em um bairro nobre de Delhi, Índia
OIT/Marcel Crozet
Uma trabalhadora doméstica varre a rua em um bairro nobre de Delhi, Índia

Aumento da demanda por cuidados

Para garantir que este grupo usufrua de condições laborais decentes, a OIT recomenda sua inclusão como prestadoras de cuidados nas políticas nacionais e como beneficiárias nos sistemas de seguridade social.

A agência estima que, até 2030, 1,9 bilhão de crianças com menos de 15 anos e 200 milhões de idosos com idade igual ou superior à expectativa de vida saudável precisarão de cuidados. Isso representa um aumento combinado de 200 milhões de pessoas em comparação com 2015.

Além disso, a ONU prevê um aumento das necessidades de cuidados de longa duração, com a proporção de idosos, aqueles com 60 anos ou mais, na população global devendo aumentar de 13,5% em 2020 para 21,4% em 2050 e 28,2% em 2100.

Como resultado dessas mudanças demográficas, espera-se que a economia do cuidado cresça de acordo com o aumento da demanda.

Perante a escassez significativa de mão-de-obra nessa área, os países estão buscando melhorar a participação das mulheres no mercado. Segundo a OIT, isso exige, entre outros fatores, que os empregos de cuidado, incluindo o trabalho doméstico, sejam de qualidade suficiente para atrair candidatas.