“Os refugiados não podem ser esquecidos”, afirma Acnur em Fórum Global
Na abertura do Segundo Fórum Global de Refugiados nesta quarta-feira, o alto comissário da ONU para Refugiados destacou que os 114 milhões de refugiados hoje no mundo refletem “muitas crises da humanidade”; ele alertou para o risco de que o tema se perca em meio a vários outros desafios.
114 milhões de sonhos destruídos, vidas interrompidas e esperanças perdidas. Segundo o chefe da Agência de Refugiados da ONU, Filippo Grandi, essas são as histórias reais por trás dos números de pessoas que buscam abrigo.
Essa é a quantidade atual de refugiados e deslocados que perseguições, violações dos direitos humanos, violência, conflitos armados, graves desordens públicas forçaram a abandonar as suas casas.
Risco de esquecimento
Ao discursar na abertura do Segundo Fórum Global de Refugiados nesta quarta-feira em Genebra, Grandi afirmou que o número reflete “muitas crises da humanidade”.
No entanto, o total representa também “a generosidade e a hospitalidade das pessoas que abrem os seus corações e casas aos que fogem”, acrescentou ele.
O líder do Acnur apelou para que “os refugiados não sejam esquecidos em meio à multiplicidade de outros desafios, alguns dos quais podem parecer maiores e mais urgentes”.
Aos participantes do fórum, que reúne diversos líderes mundiais na cidade suíça, ele pediu compromisso com algumas ações básicas necessárias para responder ao deslocamento forçado.
![O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, faz seus comentários principais durante sessão no Fórum Global de Refugiados 2023 O alto comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, faz seus comentários principais durante sessão no Fórum Global de Refugiados 2023](https://global.unitednations.entermediadb.net/assets/mediadb/services/module/asset/downloads/preset/Libraries/Production%20Library/13-12-2023-UNHCR_Grandi.jpg/image1170x530cropped.jpg)
Principais focos de descolamento
Dentre elas estão proteger as pessoas que se encontram nesta situação, garantir que os refugiados tenham o poder de contribuir para as comunidades e nações que lhes dão refúgio, redobrar os esforços para resolver as situações de asilo e aumentar esforços para combater as causas profundas das fugas.
Apesar de não estar no mandato do Acnur, Grandi fez referência à “grande catástrofe humana que está se desenrolando na Faixa de Gaza”, que pode resultar em “mais mortes e sofrimento de civis, e mais deslocamentos que ameaçam a região”.
Ele também pediu atenção e apoio para a situação dos civis no Sudão e na Ucrânia, que envolvem milhões de refugiados e deslocados.
Além disso, o representante da ONU citou crises prolongadas como a situação da minoria rohingya, a crise na Síria, no Afeganistão, os combates na República Democrática do Congo, a crescente insegurança no Sahel, os dramáticos fluxos populacionais através das Américas, do Mediterrâneo e da Baía de Bengala, e muitos outros.
Pacto Global
Ele ressaltou que a maioria destas crises persiste “devido à falta de soluções políticas para os conflitos” e são cada vez mais combinadas com as alterações climáticas e outras emergências.
“Tudo isso deixa os cidadãos comuns expostos a terríveis dificuldades, a violações de direitos humanos, a deslocamentos”, disse ele.
O Pacto Global para os Refugiados, firmado pelas Nações Unidas em 2018 serve como base para o Fórum, concebido com o objetivo de buscar maior compartilhamento de responsabilidades em matéria de refugiados.
Progressos
Segundo Grandi, desde o primeiro Fórum Global, realizado em 2019, foram observados progressos no avanço da autossuficiência dos refugiados e na redução da dependência da ajuda.
Ele destacou também o progresso liderado pelos países de acolhimento que adotaram políticas que não apenas fornecem acesso ao território e à segurança, mas também aos serviços de educação e saúde ou, em alguns casos, à terra.
De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, Pnud, investir no desenvolvimento sustentável é a única forma de reduzir os níveis históricos de deslocamento forçado.
A agência defende que esse tipo de aplicação de fundos pode satisfazer as necessidades dos refugiados e das comunidades e aliviar a pressão sobre os países de acolhimento e sobre aqueles que acolhem os repatriados.