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Deslocados no Haiti precisam de melhores condições de abrigo, diz OIM

Homens, mulheres e crianças deslocados abrigados em uma arena de boxe no centro de Porto Príncipe após fugirem de suas casas durante ataques de gangues em agosto de 2023
Ocha/Giles Clarke
Homens, mulheres e crianças deslocados abrigados em uma arena de boxe no centro de Porto Príncipe após fugirem de suas casas durante ataques de gangues em agosto de 2023

Deslocados no Haiti precisam de melhores condições de abrigo, diz OIM

Migrantes e refugiados

Violência na capital do país faz com que pessoas abandonem suas casas; cresce para 70 mil o número de haitianos vivendo em locais improvisados e precários; abrigos coletivos agravam tensões e expõem deslocados a novas formas de violência.

A Organização Internacional para as Migrações, OIM, e o Governo do Haiti precisam de US$ 21 milhões para garantir melhores condições de proteção e abrigo para milhares de novos deslocados pela violência de gangues na capital do país, Porto Príncipe, que acontece desde meados de agosto.

Sucessivos surtos de violência nos bairros Carrefour-Feuilles e Savanes Pistaches, levaram muitas pessoas a fugir de suas casas. Cada vez mais, os deslocados se abrigam em locais improvisados, onde enfrentam formas adicionais de violência.

70 mil vivem em locais inadequados

Segundo o chefe do Escritório da OIM no Haiti, Philippe Branchat, “o deslocamento traz graves riscos à saúde, à segurança alimentar e econômica das pessoas, expondo-as à violência baseada no gênero, além de colocar pressão sobre as infraestruturas locais e a coesão social nas comunidades de acolhimento”.  

Quase 200 mil pessoas estão agora deslocadas internamente no Haiti, das quais cerca de 70 mil se encontram em assentamentos espontâneos e centros coletivos inadequados e precários.

Além disso, 31 mil dormem ao ar livre e 34 mil estão amontoados em salas de aula, de acordo com a Matriz de Rastreamento de Deslocamentos da OIM.

Muitas famílias não conseguem satisfazer as suas necessidades básicas. Abrigos inadequados e condições de vida superlotadas agravam ainda mais as tensões, contribuindo para a violência e aumentando o risco de agressão sexual.

Uma mulher haitiana deslocada sentada no telhado do teatro Rex Medina, no centro de Porto Príncipe
Ocha/Giles Clarke
Uma mulher haitiana deslocada sentada no telhado do teatro Rex Medina, no centro de Porto Príncipe

Dormindo em pé na chuva

Uma mulher que fugiu da violência com seu filho e foi para uma escola que serve como abrigo, disse que “falta espaço nas salas de aula e quando chove a gente dorme em pé na chuva.”

A OIM e o governo haitiano estão trabalhando com parceiros para distribuir cobertores, esteiras, recipientes de armazenamento de água, kits de abrigo de emergência e utensílios de cozinha para 70 mil pessoas. 

No total, 53 centros coletivos para deslocados receberão equipamentos e reparos, e será fornecida assistência monetária a 130 mil pessoas que vivem com famílias anfitriãs. A OIM também ajuda aos mais vulneráveis ​​a saírem dos locais precários de abrigo e irem para habitações mais adequadas.

Acolhimento em queda

Em seis meses, a percentagem de deslocados que ficam com famílias de acolhimento caiu de 75% para 55%, enquanto a proporção daqueles que se refugiam em centros coletivos aumentou de 25% para 45%.

Para agravar ainda mais a situação, mais de 115 mil haitianos foram devolvidos à força de países vizinhos em 2023, muitos deles sem identificação adequada, o que complica a sua reintegração. 

Os dados da OIM mostram que quase 22% dos repatriados foram anteriormente deslocados no Haiti, destacando a necessidade de soluções sustentáveis ​​e de longo prazo para o deslocamento interno.