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Reformas são essenciais para evitar detenções arbitrárias no México, avaliam especialistas da ONU

Mulheres tentam viver uma vida normal dentro da prisão.
EQUIS Justicia para las mujeres/Scopio
Mulheres tentam viver uma vida normal dentro da prisão.

Reformas são essenciais para evitar detenções arbitrárias no México, avaliam especialistas da ONU

Direitos humanos

Grupo de Trabalho sobre Detenção Arbitrária preocupado com uso excessivo da prisão preventiva e da força, especialmente em caso de migrantes; relatório final será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em setembro de 2024.

A detenção arbitrária ainda é uma prática generalizada no México e com frequência é o catalisador para maus-tratos, tortura, desaparecimento forçado e execuções. 

O alerta é do Grupo de Trabalho da ONU sobre Detenção Arbitrária após uma visita de 12 dias ao país.

Direitos Humanos

Os especialistas* destacaram que embora o país tenha alcançado diversos avanços, ainda serão necessárias mais reformas em várias áreas dos direitos humanos.

Eles afirmaram que, apesar das recomendações do Grupo de Trabalho e da Corte Interamericana de Direitos Humanos, o uso excessivo da prisão preventiva persiste e segue na Constituição Mexicana.

Associação Equis luta pelos direitos das mulheres que estão na prisão.
EQUIS Justicia para las mujeres/Scopio

O Grupo de Trabalho afirma estar ciente dos desafios que o México enfrenta, especialmente com o crime organizado e os esforços empreendidos pelas autoridades nesse sentido.

Eles afirmam que as Forças Armadas Mexicana, a Guarda Nacional e as agências estaduais e municipais estão frequentemente envolvidas em detenções arbitrárias. 

A análise aponta que as autoridades não possuem os controles civis e independentes necessários para garantir a prevenção e responsabilização.

Uso excessivo da força

O Grupo de Trabalho disse que o uso excessivo da força, especialmente desde o momento da apreensão até a apresentação dos detidos a uma autoridade judicial, é frequente.

Eles adicionam que, em muitos casos, a tortura e outras formas de maus-tratos são infligidas para extrair confissões e declarações incriminatórias. 

Para os especialistas, a demora entre o momento da apreensão, a entrega ao Ministério Público e a transferência para a autoridade judicial aumentam o risco de graves violações dos direitos humanos durante esse período crítico.

O Grupo de Trabalho observou ainda fraquezas, incluindo os sistemas de registro de detenções, interpretações amplas de flagrante delito. Outras questões são acesso insuficiente à assistência jurídica eficaz e períodos excessivamente longos de prisão preventiva.

Migrantes e grupos vulneráveis

Eles expressaram particular preocupação com a detenção de migrantes, destacando que o México deve garantir que a detenção seja o último recurso, pelo menor tempo possível, “após uma avaliação individualizada, em condições dignas e com acesso à assistência jurídica”.

O Grupo de Trabalho afirmou que a detenção arbitrária afeta uma ampla gama de pessoas no México, com riscos específicos para grupos vulneráveis, incluindo povos indígenas, pessoas com deficiências, pessoas Lgbtqia+, adolescentes, idosos e pessoas em situação de pobreza. 

Os especialistas ainda avaliam que as autoridades devem garantir medidas especiais de proteção e uma abordagem com base no gênero. 

Um relatório final sobre a visita será apresentado ao Conselho de Direitos Humanos em setembro de 2024.