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Quantidade de migrantes cruzando a selva de Darién bate recorde de 2022

Migrantes desembarcam após cruzarem o estreito de Darien, no Panamá
OIM/Gema Cortes
Migrantes desembarcam após cruzarem o estreito de Darien, no Panamá

Quantidade de migrantes cruzando a selva de Darién bate recorde de 2022

Migrantes e refugiados

Mais de 250 mil pessoas fizeram travessia na fronteira entre Colômbia e Panamá este ano; agências das Nações Unidas alertam para os perigos da jornada e cobram uma resposta regional; venezuelanos representam 55% do total de migrantes e refugiados que utilizam rota considerada extremamente perigosa. 

Apenas nos primeiros sete meses, deste ano, mais de 250 mil pessoas cruzaram a pé a selva do Estreito de Darién, na fronteira da Colômbia com o Panamá. A quantidade já equivale ao número recorde de pessoas que fizeram o trajeto em todo ano passado.

A informação é da Organização Internacional para Migrações, OIM, e da Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur. 

Um migrante chegou a Lajas Blancas, Panamá, com bolhas de sangue nos pés
OIM/Gema Cortes
Um migrante chegou a Lajas Blancas, Panamá, com bolhas de sangue nos pés

Desespero e determinação

Ambos os órgãos alertam para o número recorde de pessoas migrantes e refugiadas que realizam a viagem considerada extremamente perigosa. 

Dentre as principais nacionalidades compondo este fluxo estão Venezuela, com 55%, Haiti, com 14% e Equador também com 14%. Também foram identificadas na rota pessoas de países de origem como Afeganistão, China, Nepal, Peru dentre outros.

As agências da ONU pedem por uma ação “integral, regional e colaborativa para abordar os graves riscos de proteção e as necessidades humanitárias urgentes das pessoas em movimento na América Latina e no Caribe.”

Para a diretora regional da OIM para América do Norte, Central e Caribe, Michele Klein Solomon, a perigosa travessia da Selva de Darién “não é apenas um testemunho do desespero e determinação daqueles que buscam uma vida melhor, mas também um lembrete sombrio da urgência de atualizar nossos sistemas migratórios.”

Uma jovem mãe de Serra Leoa e seu bebê chegam a um abrigo para migrantes em La Peñita, Darien, Panamá
Unicef/William Urdaneta/año
Uma jovem mãe de Serra Leoa e seu bebê chegam a um abrigo para migrantes em La Peñita, Darien, Panamá

“Direitos e bem-estar em jogo”

Já o diretor-geral do Acnur para as Américas, José Samaniego, informa que a agência está ampliando a assistência humanitária e de proteção para atender as necessidades urgentes de pessoas migrantes e refugiadas. 

De acordo com ele, o Acnur está oferecendo assistência em áreas como alimentação, alojamento e atenção médica, levando em conta que para essas pessoas “os direitos e o bem-estar estão em jogo”. 

Tanto para a OIM, como para o Acnur, o alto índice de travessias reforça a necessidade de uma resposta regional, coordenada com ações nos países de origem e abordando as causas mais profundas dos deslocamentos.