Perspectiva Global Reportagens Humanas

Relatores miram oportunidade com cúpula tributária da América Latina e do Caribe

Reunião organizada pela Cepal pretende servir de plataforma de tomada de decisões para a cooperação tributária
CEPAL
Reunião organizada pela Cepal pretende servir de plataforma de tomada de decisões para a cooperação tributária

Relatores miram oportunidade com cúpula tributária da América Latina e do Caribe

Desenvolvimento econômico

Primeiro evento da região sobre o tema começa, nesta sexta-feira, em Cartagena das Índias, Colômbia; especialistas internacionais pedem que desfecho das negociações garanta fundos para direitos humanos e travem fluxos ilícitos, evasão fiscal, pobreza e crise do clima. 

Especialistas em direitos humanos das Nações Unidas participam da primeira Cúpula da América Latina e do Caribe para uma Ordem Tributária Global Inclusiva, Sustentável e Equitativa. Para eles, esta é uma  oportunidade única para a região.

O grupo de relatores* pede que os Estados reforcem a coordenação sobre questões tributárias e unam forças para cumprir suas obrigações em relação aos princípios fundamentais. A reunião na cidade colombiana de Cartagena das Índias debaterá efeitos dos impostos sobre os direitos das empresas a partir desta sexta-feira.

Instalações e serviços públicos de qualidade

A agenda dos Estados latino-americanos e caribenhos inclui tratar de temas como o aumento do acesso a bens, instalações e serviços públicos de qualidade. Os líderes vão ainda debater como prevenir e responder a emergência climática.

A reunião organizada pela Comissão Econômica da ONU para a América Latina e o Caribe, Cepal, pretende servir de plataforma de tomada de decisões para a cooperação tributária regional de forma “permanente, transparente e inclusiva”.

Expectativa é que evento possa gerar acordos sobre impostos ecológicos e políticas fiscais coordenadas sobre combustíveis fósseis
© Iialp - William Longer Braham

 

Um dos propósitos é que os países cheguem a um acordo sobre os padrões tributários comuns. A meta é combater os fluxos financeiros ilícitos, a evasão fiscal e questões como pobreza,  desigualdade e emergência climática. 

Os especialistas pedem envolvimento determinante dos países nas negociações para garantir que “mobilizem o máximo de recursos disponíveis para respeitar, proteger e cumprir os direitos humanos em níveis nacional e extraterritorial”.

Desenvolvimento inclusivo e sustentável

Os relatores querem ainda que os recursos coletados financiem serviços públicos de qualidade, incluindo proteção social, educação e saúde, para uma transição plena, justa e sensível ao gênero que estimule o desenvolvimento inclusivo e sustentável.

Entre as cinco medidas urgentes estão o reforço de mecanismos de coordenação para as negociações fiscais globais, a promoção da progressividade tributária e reformas com novas cobranças sobre a riqueza e renda do capital.

Com estas medidas, o grupo de especialistas destaca que poderia se evitar a concorrência fiscal com práticas de nivelamento por baixo, e promovida a equidade econômica na região.

Na lista de sugestões, estão ainda discussões sobre o combate de paraísos fiscais e dos fluxos financeiros ilícitos, além de novos acordos sobre impostos ecológicos e políticas fiscais coordenadas sobre combustíveis fósseis.

Indústrias extrativas e minerais de transição

As novas cobranças incluem taxação de emissões de carbono e sobre indústrias extrativas e minerais de transição tendo em vista maximizar os benefícios públicos desses setores.

Outra recomendação é que seja promovida uma participação mais forte e a prestação de contas para garantir a transparência.

O apelo do grupo aos países e empresas é que cumpram os deveres de proteger e respeitar os direitos humanos e garantir políticas fiscais alinhadas com compromissos e padrões internacionais sobre o tema.

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho