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Paramilitares no Sudão negam participação em valas comuns com 87 corpos

Uma escola na cidade de Al-Geneina, no estado de Darfur Ocidental, que servia de abrigo para deslocados, foi incendiada em meio à crise em curso no Sudão.
© Mohamed Khalil
Uma escola na cidade de Al-Geneina, no estado de Darfur Ocidental, que servia de abrigo para deslocados, foi incendiada em meio à crise em curso no Sudão.

Paramilitares no Sudão negam participação em valas comuns com 87 corpos

Direitos humanos

Peritos afirmam que 37 pessoas foram enterradas em covas rasas, de até 1 metro de profundida, em 20 de junho; no dia seguinte, outros 50 corpos foram depositados no mesmo local; entre as vítimas, havia sete mulheres e sete crianças.

O alto comissário da ONU para os Direitos Humanos, Volker Turk, condenou o assassinato de 87 civis no Sudão e disse que está “estarrecido com a forma insensível e desrespeitosa com a qual os mortos foram tratados” assim como suas famílias e comunidades. 

 

Volker Turk se referiu ao descobrimento de valas comuns com 87 corpos enterrados entre 20 e 21 de junho em covas rasas de até 1 metro de profundidade. 

 

Origem étnica 

 

Segundo agências de notícias, as vítimas eram da etnia Masalit e teriam sido mortas pelas Forças de Apoio Rápido, RSF, e milícias aliadas. O RSF, que está em choques com tropas do Exército do Sudão desde 15 de abril, negou participação nos assassinatos. 

 

Os corpos apareceram perto da El Geneína, capital do estado de Darfur Ocidental, com base em informações confiáveis obtidas pelo Escritório de Direitos Humanos. 

 

Uma vista da cidade de El Geneína, a capital de Darfur Ocidental, Sudão.
Unamid/Hamid Abdulsalam
Uma vista da cidade de El Geneína, a capital de Darfur Ocidental, Sudão.

A área de Ranga está a cerca de 2 a 4 km no noroeste do quartel-general da Polícia Central de Reserva. 

 

Em comunicado, o alto comissário da ONU, Volker Turk, pediu ao grupo rebelde paramilitar do Sudão, Forças de Apoio Rápido, RSF, e outras partes no conflito para viabilizarem buscas rápidas aos mortos, a recuperação dos corpos e a evacuação com base na origem étnica das vítimas e como é a obrigação sob o direito internacional. 

 

Investigação rápida 

 

Turk disse ainda que o Sudão precisa lançar uma investigação rápida, íntegra e independente e levar os responsáveis à justiça. 

 

Segundo as testemunhas, os esforços de mediação local para o acesso e enterro dos mortos leva muito tempo, e muitos corpos ficaram pelas ruas por vários dias. 

 

Uma família contou que teve que aguardar 13 dias antes de obter a autorização para retirar o corpo do parente, que era um dignitário Masalit morto em 9 de junho pelo RSF e as milícias aliadas.