Perspectiva Global Reportagens Humanas

Incertezas trazidas pela inteligência artificial geram novo tipo de ansiedade

ITU
UIT
ITU

Incertezas trazidas pela inteligência artificial geram novo tipo de ansiedade

Cultura e educação

Rápido avanço da nova tecnologia que reproduz conversas humanas, cria músicas e passa em testes, gera inquietude e reações emocionais negativas; ONU defende regulação pautada por direitos humanos; dicas para diminuir ansiedade da IA incluem se familiarizar com as novas ferramentas e usá-las com moderação. 

 

Se você se preocupa com a forma como a inteligência artificial pode afetar sua carreira, sua privacidade ou sua segurança nos próximos anos, você pode estar experimentando uma sensação de ansiedade por IA.

Segundo a Universidade das Nações Unidas, UNU, com sede em Tóquio, no Japão, este termo foi divulgado nas redes sociais para descrever o sentimento de inquietude sobre os efeitos da IA na criatividade e inventividade humanas.

Estudantes tendo aulas de casa
Unsplash/Jeswin Thomas
Estudantes tendo aulas de casa

Medo da desinformação e polarização

De acordo com um artigo da UNU, os transtornos de ansiedade geralmente estão relacionados à dificuldade de lidar com incertezas e ambiguidades. As pessoas se sentem ansiosas não apenas pelo que existe, mas pelo que é desconhecido. 

A ansiedade da inteligência artificial decorre de sentimentos de incerteza sobre o potencial da nova tecnologia, por exemplo, de criar vídeos falsos e espalhar desinformação numa escala que polariza as sociedades.

Os pesquisadores da UNU acreditam que alguns conteúdos produzidos por IA também podem provocar uma reação emocional negativa nos espectadores. 

Regulação oportuna

Nesta quarta-feira, o alto comissário da ONU sobre Direitos Humanos, Volker Turk, disse que para ser efetiva, toda e qualquer regulação da inteligência artificial deve ter como base “o respeito pelos direitos humanos”. 

Dentre os riscos desta tecnologia, ele destacou o fortalecimento de regimes autoritários, o desenvolvimento de armas letais autônomas e de ferramentas mais poderosas de vigilância e censura sobre os cidadãos. 

Para a UNU, a ansiedade da IA é semelhante à ansiedade ecológica, que muitos jovens sentem em relação às mudanças climáticas. Assim como a degradação ambiental, a rápida evolução tecnológica é resultado da atividade humana. Muitas pessoas agora estão sentindo que ambos os processos estão saindo do controle.

Turk afirmou que “o mundo demorou” para agir sobre a mudança climática e que, portanto, não pode “repetir o mesmo erro” com a inteligência artificial. 

Uma garota interage com um robô em Osaka, no Japão
Unsplash/Andy Kelly
Uma garota interage com um robô em Osaka, no Japão

Quatro dicas para lidar com a ansiedade de IA

Os pesquisadores da UNU prepararam algumas dicas para lidar com as preocupações geradas pelo rápido crescimento da tecnologia de inteligência artificial.

A primeira medida é perceber que a IA já faz parte de nossas vidas. Isso pode tornar as novas ferramentas menos intimidadoras. Muitas pessoas por exemplo usam aplicativos para procurar restaurantes ou selecionar um filme com base em algoritmos que usam inteligência artificial.

A UNU também afirma que é importante se preparar para novas perspectivas de carreira, pois é quase certo que a IA afetará a força de trabalho da próxima geração. A dica é buscar cursos para se capacitar.

Outras sugestões da UNU são fazer uma pausa e desligar os dispositivos digitais sempre que se sentir sobrecarregado e acompanhar com frequência os progressos na regulação da IA.