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Guterres diz que arquitetura financeira global é desatualizada e injusta

António Guterres ressaltou seu pedido aos participantes para que façam da Cúpula de Paris um apelo à ação
ONU/Cyril Bailleul
António Guterres ressaltou seu pedido aos participantes para que façam da Cúpula de Paris um apelo à ação

Guterres diz que arquitetura financeira global é desatualizada e injusta

ODS

Chefe da ONU fala de instituições atualmente “muito pequenas e limitadas” para cumprir seu mandato; discurso na Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global exigiu ação urgente por justiça global. 

A capital francesa, Paris, acolhe dezenas de líderes internacionais, representantes de instituições financeiras e ativistas à Cúpula para um Novo Pacto Financeiro Global.

O secretário-geral António Guterres disse nesta quinta-feira que a maioria dos 50 países mais vulneráveis ao clima está em uma situação de dívida intolerável. Para ele, o mundo chegou a um momento de verdade e acerto de contas” e que, com atuação conjunta, pode ser transformado em período de esperança.

Infraestrutura financeira mundial obsoleta

Guterres assinalou que as instituições financeiras internacionais são atualmente muito pequenas e limitadas para cumprir seu mandato.

Na Cúpula, ele pediu ainda ação urgente para um salto gigante em direção à justiça global. 

ara o chefe de Estado francês, os países que mais poluem devem pagar mais
ONU/Cyril Bailleul

 

Somente este ano, mais de 750 milhões de pessoas não terão o suficiente para comer. Dezenas de milhões estão sendo jogadas na pobreza extrema, numa situação agravada pela pandemia e pela invasão russa da Ucrânia.

O líder da ONU falou de uma arquitetura financeira mundial “obsoleta, disfuncional e injusta” perpetuando e agravando a desigualdade em nível global.

Apoio ao plano de estímulo aos ODS 

Guterres lembrou a incapacidade das nações em desenvolvimento, ao contrário dos países ricos que conseguiram gerar o dinheiro necessário para reativar suas economias no pós-pandemia. 

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Entre os presentes na reunião, estão líderes de países de língua portuguesa, o primeiro-ministro da China e dezenas de líderes africanos e de organizações internacionais.

Para Guterres, é hora de apostar em ações concretas agora em direção à justiça mundial. 

 

O apelo às autoridades é que apoiem um plano de estímulo aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, de pelo menos US$ 500 bilhões, por ano, para investimentos nos avanços e na ação climática.

Momento de verdade e acerto de contas

Como parte das propostas, Guterres sugeriu um mecanismo de pagamento de alívio da dívida que apoiaria “suspensões de pagamento, prazos de empréstimo mais longos e taxas de juros mais baixas. Entre os beneficiários estariam países de renda média com vulnerabilidades em relação às mudanças climáticas.

Guterres ressaltou seu pedido aos participantes para que façam da Cúpula de Paris um apelo à ação.

No primeiro dia do evento, o Banco Mundial anunciou uma série de medidas para ajudar nações atingidas por desastres naturais.

Entre elas estão uma suspensão no pagamento das dívidas ao credor para dar impulso a uma nova agenda financeira global.

Eliminação de combustíveis fósseis 

O anfitrião do evento, o presidente francês, Emmanuel Macron, pediu que a prioridade global sejam as pessoas no lugar dos lucros.

Para o chefe de Estado francês, os países que mais poluem devem pagar mais. 

Ele defendeu ainda o cancelamento de dívidas e o direcionamento do financiamento climático para os países mais vulneráveis c, garantindo a eliminação de combustíveis fósseis do seu processo de desenvolvimento.

Citando dados sobre a poluição e as crescentes desigualdades entre ricos e pobres, Macron pediu que se pense em investir trilhões, não bilhões.

Palestra na universidade Sciences Po

Pouco antes de deixar Paris, o chefe da ONU se encontrou com estudantes, ex-alunos e acadêmicos da universidade Sciences Po. 

Guterres disse contar com a atual geração para continuar questionando os líderes globais, responsabilizando os poderosos, soando o alarme e se defendendo a espécie humana, o planeta e os direitos humanos.

O secretário-geral pediu a construção de futuro melhor com alicerces na solidariedade, igualdade e sustentabilidade.

Ele recomendou que na hora de decidirem as carreiras, os estudantes “resistam ao canto das sereias das empresas que estão destruindo o planeta, roubando a privacidade e negociando com mentiras e ódio, destacando que tais companhias “poderão pagar bem, mas essa não é a coisa certa a fazer.”

Banco Mundial anunciou uma série de medidas para ajudar nações atingidas por desastres naturais
Marcelo Camargo/ABr.