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ONU mobiliza países para apoiar resposta à grave crise alimentar no Haiti

Pelo menos 2 milhões de pessoas, incluindo 1,6 milhões de crianças e mulheres, vivem em áreas controladas por grupos armados
© Unicef/Odelyn Joseph
Pelo menos 2 milhões de pessoas, incluindo 1,6 milhões de crianças e mulheres, vivem em áreas controladas por grupos armados

ONU mobiliza países para apoiar resposta à grave crise alimentar no Haiti

Ajuda humanitária

Representantes do Unicef e PMA visitam ilha caribenha na próxima semana; cerca de 76% dos haitianos não têm o suficiente para comer; 4,9 milhões já sofrem de insegurança alimentar aguda.

O Conselho Econômico e Social da ONU, Ecosoc, realizou uma reunião especial para chamar a atenção para uma emergência no Haiti, onde metade do povo está enfrentado insegurança alimentar aguda. 

Representantes de Estados-membros, de agências da ONU e da sociedade civil participaram da sessão. Ao todo, 76% não têm alimentos suficientes para o dia.

Restaurar a segurança e a estabilidade política 

A presidente  do Conselho Econômico e Social, Lachezara Stoeva, disse que a crise exige uma resposta humanitária coordenada e bem financiada como parte de uma estratégia mais ampla para restaurar a segurança e a estabilidade política.

Ela pediu urgência em atender 3,2 milhões de haitianos que estão em situação desesperadora. 

PMA pediu atenção para os níveis recordes de fome
© Unicef
PMA pediu atenção para os níveis recordes de fome

 

Ao convocar os países da ONU e parceiros pelo mundo, Lachezara Stoeva lembrou que o apelo para apoiar os haitianos chega a US$ 719 milhões, este ano. O total é o maior solicitado desde o terremoto de 2010 e mais que o dobro do valor pedido em 2022. 

Mas até agora, apenas 22,6% do apelo foi entregue em meio à crise econômica, aos desastres naturais e ao declínio na produção agrícola, agravados pelo aumento da violência de gangues e bandidos no Haiti.

Lições dos esforços anteriores 

Embora a prioridade seja a ajuda de emergência com alimentos há também diligências em favor da melhora de sistemas alimentares sustentáveis.

A líder do Ecosoc, recomenda que lições da ação internacional realizada no passado no Haiti inspirem o envolvimento da sociedade e do povo na construção de sistemas alimentares resilientes.

Ecosoc quer urgência em atender 3,2 milhões de haitianos que estão em situação desesperadora
Pnud Haiti/Borja Lopetegui Gonzalez
Ecosoc quer urgência em atender 3,2 milhões de haitianos que estão em situação desesperadora

 

Para realizar encontros com partes interessadas e avaliar a resposta humanitária seguem para o país as diretoras do Fundo da ONU para a Infância, Unicef, Catherine Russell, e do Programa Mundial de Alimentos, PMA, Cindy McCain.

Na reunião na ONU, Catherine Russell  disse haver quase 3 milhões de crianças haitianas passando fome, mas somente metade estão recebendo auxílio  por causa da insegurança e da falta de financiamento humanitário.

Fases recorrentes de emergência aguda

Pelo menos 2 milhões de pessoas, incluindo 1,6 milhões de crianças e mulheres, vivem em áreas controladas por grupos armados e vivem sob ameaças de violência com casos de morte a caminho da escola.

Russel falou do potencial de um eventual terremoto, furacão ou problema de saúde pública de emergência empurrar os afetados para o limite.

Série de crises é agravada pelo aumento da violência de gangues e bandidos no Haiti (arquivo)
JOA/Yes Communication Design

Cindy McCain pediu ação imediata para o que chamou de crise esquecida. O foco deve estar não somente no envio de comida e transferências de dinheiro para milhões de pessoas que precisam

Insegurança alimentar aguda afeta quase metade dos haitianos

A chefe do PMA pediu atenção para os níveis recordes de fome, ao lembrar que 4,9 milhões de pessoas, ou quase metade da população estão sofrendo de insegurança alimentar aguda. 

O total inclui 1,8 milhão de pessoas em grave risco de passar por carência alimentar no Haiti.