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Agência espera implementar plano de segurança para usina de Zaporizhzhia

A central nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia.
Ⓒ IAEA
A central nuclear de Zaporizhzhya, na Ucrânia.

Agência espera implementar plano de segurança para usina de Zaporizhzhia

Assuntos da ONU

Em reunião com Conselho Diretor, chefe da Aiea, Rafael Mariano Grossi, lembrou 5 Princípios da entidade para ajudar a garantir a segurança da maior instalação nuclear da Europa, em meio à guerra na Ucrânia. 

A Agência Internacional de Energia Atômica, Aiea, está trabalhando num plano de ação para tentar resguardar a segurança da Usina Nuclear de Zaporizhzhia, na Ucrânia. 

Na reunião do Conselho Diretor da agência, nesta segunda-feira, em Viena, na Áustria, o diretor-geral da Aiea, Rafael Mariano Grossi, disse que o mundo não pode permitir uma catástrofe no local, que está no meio do fogo cruzado após o ataque da Rússia à Ucrânia, em 2022. 

Usina não pode ser usada como local de ataque 

Mariano Grossi relatou ao grupo, os 5 Princípios que levou ao Conselho de Segurança, na semana passada, para evitar um desastre nuclear. E segundo ele, o órgão da ONU demonstrou apoio claro à proposta. 

Ataques aéreos e bombardeios em Zaporizhzhia em outubro de 2022 deixaram muitos civis mortos e feridos.
© Unocha/Dmytro Smolienko
Ataques aéreos e bombardeios em Zaporizhzhia em outubro de 2022 deixaram muitos civis mortos e feridos.

Em primeiro lugar, a Aiea diz que não pode haver nenhum ataque contra Zaporizhzhia, em particular aos reatores, a combustíveis utilizados, à infraestrutura crítica do local ou aos funcionários da instalação. Como princípio 2: a usina não deve ser usada como local de estoque como base para armas pesadas incluindo lançadores de foguetes, sistemas de artilharia e munições e tanques, ou militares que possam ser usados para ataques a partir da usina. 

O Princípio 3 é sobre a energia fora do local para a usina não pode ser colocada sob risco. Todos os esforços devem ser feitos para garantir que a energia segue segura e à disposição em todo o tempo. 

Atos de sabotagem 

4: Todas as estruturas, sistemas e componentes essenciais para o funcionamento seguro da Usina de Zaporizhzhia que devem ser protegidos de ataques e atos de sabotagem. 

Princípio 5: Nenhuma ação deve ser tomada para minar esses princípios. 

O chefe da Aiea, Rafael Mariano Grossi, disse que os pontos foram acordados com a liderança da Ucrânia e da Rússia. Ele pediu a ambos os países que respeitem as propostas. 

A agência mantém especialistas em segurança nuclear no local com sua Missão de Assistência para Zaporizhzhia. Mariano Grossi disse que o risco para a instalação nuclear aumentou nos últimos meses. Houve sete apagões no local desde o início do conflito. 

O diretor-geral afirmou que um acidente nuclear ou incidente não reconhece a afiliação nacional das pessoas e um desastre só aumentaria a situação terrível da região. 

As famílias esperam para partir de Zaporizhzhia para outras partes da Ucrânia, em setembro de 2022.
Unocha/Matteo Minasi
As famílias esperam para partir de Zaporizhzhia para outras partes da Ucrânia, em setembro de 2022.

Jamaica, Irã e China 

A Aiea conta com 81 peritos que já passaram por Zaporizhzhia em 37 missões que se revezam por cinco sítios nucleares. Foi esse grupo que relatou um aumento da atividade militar na região. 

Ao listar outros trabalhos da agência, o diretor-geral disse que a Aiea segue ativa em outras frentes com o combate ao câncer, bolsas de estudo para estudantes de nações em desenvolvimento, treinamento para profissionais de energia nuclear de 15 países-membros da África além de outras ações. 

A agência também abriu seu primeiro Centro de Medicina Nuclear na Jamaica e apoiou a produção radiofarmacêutica na África e programas de controle do câncer em várias partes do globo. 

A Rede de Monitoramento de Plásticos do Sistema Marinho Global se estende agora a 26 laboratórios e 42 já manifestaram interesse em aderir à iniciativa. 

Membros da equipe de revisão de segurança da AIEA e especialistas da Uzatom inspecionam a estação meteorológica perto do local selecionado da usina nuclear.
IAEA / Neil Harman
Membros da equipe de revisão de segurança da AIEA e especialistas da Uzatom inspecionam a estação meteorológica perto do local selecionado da usina nuclear.

Ao falar do relatório sobre a Verificação e Monitoramento da República Islâmica do Irã à luz da Resolução 2231 do Conselho de Segurança, que data de 2015, o chefe da Aiea disse que a agência não conseguiu realizar a verificação do inventário de centrífugas, urânico e outros elementos porque nenhum equipamento havia sido instalado ou estaria funcionando, após junho passado. 

Mas há relatos de que o estoque de urânio no Irã está crescendo em até 25% em três meses. Segundo informações recebidas pela Aiea, o estoque de urânio enriquecido em até 20% U-235 está se aproximando de meia tonelada. E o estoque de urânio enriquecido em até 60% U-235 já está acima dos 100 kg. 

Ao falar da China, o diretor-geral da Aiea lembrou que a agência fez um acordo para criar um Centro Nuclear e de Segurança Radiativa em Pequim, capital do país. 

Atualmente, existem 410 reatores operando em 31 países o que fornece cerca de 10% da eletricidade mundial e um quarto de sua capacidade de baixo carbono.