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Economia Mundial enfrenta crescimento baixo e inflação persistente, diz relatório

Limpadores de janelas trabalham na cidade de Muntinlupa, nas Filipinas
OIT/Bobot Go
Limpadores de janelas trabalham na cidade de Muntinlupa, nas Filipinas

Economia Mundial enfrenta crescimento baixo e inflação persistente, diz relatório

Desenvolvimento econômico

Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas aponta crescimento global de apenas 2,3% este ano; previsão para o Brasil é de aumento de 1% do Produto Interno Bruto; dificuldade de crédito e financiamento geram estagnação em países em desenvolvimento.

O relatório “Situação Econômica e Perspectivas Mundiais”, do primeiro semestre de 2023, aponta que o mundo deve passar por um longo período de baixo crescimento. A projeção para o Brasil é de que o Produto Interno Bruto, PIB, aumentará apenas 1% este ano.

Os dados reunidos pelo Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais, Desa, apontam uma inflação persistente, aumento das taxas de juros e maiores incertezas, além do impacto cada vez pior das mudanças climáticas.

Homens descarregam sacos de cebola de um caminhão em Bamako, Mali, um país em desenvolvimento sem litoral. A falta de acesso direto às ligações comerciais vitais geralmente resulta em países sem litoral pagando altos custos de transporte e trânsito
Banco Mundial/Dominic Chavez
Homens descarregam sacos de cebola de um caminhão em Bamako, Mali, um país em desenvolvimento sem litoral. A falta de acesso direto às ligações comerciais vitais geralmente resulta em países sem litoral pagando altos custos de transporte e trânsito

Atraso para o desenvolvimento sustentável

A perspectiva econômica global também representa um desafio para o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS.

O subsecretário-geral do Desa, Li Junhua, disse que é necessário ampliar o financiamento para os países em desenvolvimento, para que eles possam transformar suas economias e “alcançar um crescimento inclusivo e sustentado de longo prazo”.

De acordo com o relatório, a projeção de crescimento da economia mundial é de 2,3% em 2023 e 2,5% em 2024. Isso representa um pequeno aumento em comparação a dados levantados anteriormente pelo Desa. Nas duas décadas anteriores à pandemia, a média de alta na atividade econômica foi de 3,1%.

Em 2023, a previsão de crescimento para os Estados Unidos é de 1,1%, para a Europa de 0,9% e para a China 5,3%.

Abaixo da meta

Para muitas nações em desenvolvimento, as perspectivas de crescimento se deterioraram em meio ao aperto das condições de crédito e ao aumento dos custos do financiamento externo. 

Na África, na América Latina e no Caribe, o PIB per capita deverá aumentar apenas marginalmente este ano, reforçando uma tendência de longo prazo de estagnação do desempenho econômico.

Prevê-se que os países menos desenvolvidos cresçam 4,1% em 2023 e 5,2% em 2024, muito abaixo da meta de crescimento de 7% estabelecida na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável .

O comércio global continua sob pressão devido a tensões geopolíticas, enfraquecimento da demanda global e políticas monetárias e fiscais mais rígidas. Prevê-se que o volume do comércio global de bens e serviços cresça 2,3% em 2023, bem abaixo da tendência pré-pandêmica.

Ovos à venda em um mercado de alimentos em Medellín, Colômbia
Unsplash/Külli Kittus
Ovos à venda em um mercado de alimentos em Medellín, Colômbia

Ciclo vicioso

A inflação permaneceu persistentemente alta em muitos países, mesmo quando os preços internacionais de alimentos e energia caíram no ano passado. A inflação global média esperada em 2023 é de 5,2%, abaixo da alta de 7,5% em 2022.

Embora as pressões de alta dos preços estejam diminuindo, a inflação em muitos países permanecerá bem acima das metas dos bancos centrais. 

Em particular, a inflação doméstica de alimentos ainda é elevada na maioria dos países em desenvolvimento. As causas são interrupções no abastecimento local, altos custos de importação e imperfeições do mercado. As mais afetadas são as pessoas mais pobres, especialmente mulheres e crianças.

Segundo o levantamento, os desafios políticos atuais exigem uma “cooperação política transfronteiriça mais forte” e ações globais concertadas. O objetivo é evitar que muitas economias em desenvolvimento fiquem presas em um ciclo vicioso de baixo crescimento e alto endividamento.