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Crise na RD Congo gera mais de 7 milhões de deslocados, diz Acnur

Um dos muitos locais para deslocados internos que surgiram em Kivu do Norte, onde 1,2 milhão de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas desde março de 2022.
Acnur/Blaise Sanyila
Um dos muitos locais para deslocados internos que surgiram em Kivu do Norte, onde 1,2 milhão de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas desde março de 2022.

Crise na RD Congo gera mais de 7 milhões de deslocados, diz Acnur

Migrantes e refugiados

População congolesa foge de conflitos e sofre com “condições de vida terríveis” em abrigos rudimentares; secretário-geral da ONU participa de reunião de alto-nível no Burundi com foco na erradicação de grupos armados na RD Congo.

A crise na República Democrática do Congo é marcada por 6,2 milhões de deslocados internos e 1,3 milhão de refugiados.

A Agência da ONU para os Refugiados, Acnur, alertou sobre as “consequências arrasadoras” de ataques recorrentes de grupos armados sobre as pessoas em deslocamento.

Neste sábado, o secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, participa no Burundi de uma reunião de alto-nível do Mecanismo Regional de Supervisão do Quadro de Paz, Segurança e Cooperação para a República Democrática do Congo e a região. 

 A ONU continua a fornecer ajuda humanitária às pessoas deslocadas por confrontos armados na província de Kivu do Norte, no leste da RD Congo
Unicef/Arlette Bashizi
A ONU continua a fornecer ajuda humanitária às pessoas deslocadas por confrontos armados na província de Kivu do Norte, no leste da RD Congo

Cooperação em segurança

O encontro discutirá como revitalizar esforços militares e não militares para fortalecer a cooperação em segurança. A meta é a erradicação de grupos armados no leste da RD Congo.

A reunião deve focar também na implementação do Plano de Ação 2021 a 2023 da Estratégia das Nações Unidas para a Consolidação da Paz, Prevenção e Resolução de Conflitos na região dos Grandes Lagos, de 2020 a 2030.

A situação na RD Congo é uma das crises humanitárias mais complexas e longas do continente. A estratégia visa apoiar os países e povos da região nos seus esforços para alcançar paz, segurança e desenvolvimento duradouros.

Falta de abrigo adequado

Na província de Kivu do Norte, no leste da RD Congo, mais de 1,2 milhão de pessoas foram forçadas a fugir de suas casas desde março de 2022, quando os confrontos entre grupos armados e forças do governo recomeçaram.

O Acnur informa que milhares de pessoas agora enfrentam “condições de vida terríveis” em abrigos rudimentares ao redor da capital de Kivu do Norte, Goma, e nos arredores.

A falta de infraestrutura e saneamento aumenta o risco de ameaças à saúde, como cólera e sarampo. A temporada de monções nos últimos meses intensificou a necessidade urgente por abrigo adequado.

Na terceira semana de abril, altos funcionários do Acnur chegaram ao Kivu Norte e Sul para conversar com os deslocados. A agência relata que as famílias anseiam por paz em seus locais de origem para que possam voltar para suas casas e recuperar seus meios de subsistência.

Uma família separada enquanto fugia da violência no leste da RDC se reencontra em Goma
Unicef/Jospin Benekire
Uma família separada enquanto fugia da violência no leste da RDC se reencontra em Goma

Riscos para jovens e mulheres

Em Buchagara, nos arredores de Goma, mais de 15 mil deslocados estão ocupando 3 mil abrigos de emergência. Atualmente, o espaço emergencial fornecido cobre apenas 3% das necessidades estimadas.

As mulheres e os jovens estão particularmente expostos a riscos de proteção, incluindo a violência de gênero. As intervenções de proteção para apoiar essas populações são fundamentais para aliviar seu sofrimento e prevenir abusos e exploração.

O Acnur ampliou sua resposta no fornecimento de abrigo, gestão de locais de refúgio e proteção, com apoio da comunidade internacional. No entanto, a agência precisa de US$ 233 milhões para responder às necessidades das pessoas deslocadas no país este ano. Até agora, apenas 15% desse montante foi garantido.

O Programa Alimentar Mundial, PMA, recebeu uma contribuição de US$ 2,8 milhões do Governo da Suíça para apoiar a assistência alimentar e nutricional de emergência na República Democrática do Congo.