OMS preocupada com biossegurança após ocupação de laboratório no Sudão
Centro de exames guarda amostras de materiais perigosos como patógenos de sarampo, cólera e tuberculose poliovírus; há potencial de espécimes infecciosos se espalharem para humanos.
Ataques à infraestrutura de saúde do Sudão aumentaram com a ocupação de hospitais em Cartum. A grande preocupação é com o controle, por um dos envolvidos no conflito, do laboratório central de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS.
O representante da agência no Sudão, Nima Saeed Abid, expressou inquietação com o fato de uma das partes da violência, que não identificou, ter tomado o local, expulsado todos os técnicos e transformado em sua base.
Enorme risco
Nima destacou o enorme risco biológico associado à ocupação. Ele disse estar apreensivo com o cuidado com toda a matéria biológica em Cartum e falou de dois hospitais completamente fechados, após receberem feridos durante os dois primeiros dias do conflito.
A agência saudou as notícias do cessar-fogo entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido, RSF. A Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento envolve os presidentes do Sudão do Sul, Quênia e Djibuti no debate de uma proposta que inclui estender a trégua e diálogo com os envolvidos.
Para a OMS, o impacto das ocupações e da violação das instalações de saúde essenciais inclui a falta de acesso dos pacientes a cuidados e interrupção instantânea do teste de amostras laboratoriais de importância crítica.
O laboratório é conhecido por guardar patógenos de sarampo, cólera e tuberculose multirresistente, além de poliovírus derivado de vacina e outros materiais perigosos.
Importante rota migratória
A preocupação da agência é que pessoas sem treinamento possam manusear incorretamente tais espécimes infecciosos, infectando a si mesmos e a outros.
A Organização Internacional para Migrações, OIM, disse que o vizinho Chade recebeu cerca de 20 mil chadianos, sudaneses e estrangeiros fugindo da violência no país com o qual compartilha uma fronteira de 1,4 mil km com o Sudão.
As Nações Unidas estimam que em território sudanês vivem 1,3 milhão de migrantes. O país faz parte da importante rota migratória que liga as regiões centro, norte e Corno de África.
Com a piora da violência agravam as necessidades das pessoas em situação de fragilidade. Além da evacuação de centenas de estudantes há também 50 peregrinos e pessoas que precisam de atendimento médico urgente.
Acesso à zona fronteiriça
A agência repetiu o pedido à comunidade internacional para ajudar a dar uma resposta crítica e rápida às necessidades crescentes.
A OIM aponta ainda a necessidade de logística e apoio operacional, bem como proteção, saúde e saúde mental e psicossocial.
A representante da agência no país, Anne Schaefer, alertou que o aproximar da época das chuvas “vai complicar o acesso à zona fronteiriça, dificultando ainda mais a prestação de socorro a quem mais precisa.”
Schaefer apontou que a maioria dos que chegam “precisa urgentemente de ajuda humanitária básica, ou seja, comida, água e abrigo adequado”.