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OMS preocupada com biossegurança após ocupação de laboratório no Sudão

Refugiados sudaneses chegam ao Chade no início de 2023 após um surto de violência em Darfur, no Sudão (Arquivo)
© Acnue/Suzette Fleur Ngontoog
Refugiados sudaneses chegam ao Chade no início de 2023 após um surto de violência em Darfur, no Sudão (Arquivo)

OMS preocupada com biossegurança após ocupação de laboratório no Sudão

Paz e segurança

Centro de exames guarda amostras de materiais perigosos como patógenos de sarampo, cólera e tuberculose poliovírus; há potencial de espécimes infecciosos se espalharem para humanos.

Ataques à infraestrutura de saúde do Sudão aumentaram com a ocupação de hospitais em Cartum. A grande preocupação é com o controle, por um dos envolvidos no conflito, do laboratório central de saúde pública, segundo a Organização Mundial da Saúde, OMS.

O representante da agência no Sudão, Nima Saeed Abid, expressou inquietação com o fato de uma das partes da violência, que não identificou, ter tomado o local, expulsado todos os técnicos e transformado em sua base.

Enorme risco

Nima destacou o enorme risco biológico associado à ocupação. Ele disse estar apreensivo com o cuidado com toda a matéria biológica em Cartum e falou de dois hospitais completamente fechados, após receberem feridos durante os dois primeiros dias do conflito.

A agência saudou as notícias do cessar-fogo entre o Exército e as Forças de Apoio Rápido, RSF. A Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento envolve os presidentes do Sudão do Sul, Quênia e Djibuti no debate de uma proposta que inclui estender a trégua e diálogo com os envolvidos.

Maioria dos que chegam precisa urgentemente de comida, água e abrigo adequado
© Acnur/Aristophane Ngargoune
Maioria dos que chegam precisa urgentemente de comida, água e abrigo adequado

Para a OMS, o impacto das ocupações e da violação das instalações de saúde essenciais inclui a falta de acesso dos pacientes a cuidados e interrupção instantânea do teste de amostras laboratoriais de importância crítica.

O laboratório é conhecido por guardar patógenos de sarampo, cólera e tuberculose multirresistente, além de poliovírus derivado de vacina e outros materiais perigosos.

Importante rota migratória

A preocupação da agência é que pessoas sem treinamento possam manusear incorretamente tais espécimes infecciosos, infectando a si mesmos e a outros.

A Organização Internacional para Migrações, OIM, disse que o vizinho Chade recebeu cerca de 20 mil chadianos, sudaneses e estrangeiros fugindo da violência no país com o qual compartilha uma fronteira de 1,4 mil km com o Sudão.

As Nações Unidas estimam que em território sudanês vivem 1,3 milhão de migrantes. O país faz parte da importante rota migratória que liga as regiões centro, norte e Corno de África.

Com a piora da violência agravam as necessidades das pessoas em situação de fragilidade. Além da evacuação de centenas de estudantes há também 50 peregrinos e pessoas que precisam de atendimento médico urgente.

Acesso à zona fronteiriça

 A agência repetiu o pedido à comunidade internacional para ajudar a dar uma resposta crítica e rápida às necessidades crescentes.

A OIM aponta ainda a necessidade de logística e apoio operacional, bem como proteção, saúde e saúde mental e psicossocial.

A representante da agência no país, Anne Schaefer, alertou que o aproximar da época das chuvas “vai complicar o acesso à zona fronteiriça, dificultando ainda mais a prestação de socorro a quem mais precisa.”

Schaefer apontou que a maioria dos que chegam “precisa urgentemente de ajuda humanitária básica, ou seja, comida, água e abrigo adequado”.