Em Dia Mundial, OMS pede integração da doença de Chagas na atenção básica
Data é marcada neste 14 de abril e reforça a necessidade de melhorar diagnóstico precoce e interrupção da transmissão; doença progride de forma silenciosa e avança em 44 países; menos de 1% dos infectados recebe tratamento eficaz.
O Dia Mundial da Doença de Chagas é celebrado neste 14 de abril com um apelo pela integração da enfermidade na atenção primária de saúde. O objetivo é reforçar o acesso equitativo a cuidados e serviços para todos os afetados.
Conhecida como “silenciosa ou silenciada”, a doença de Chagas ocorre principalmente em pessoas e populações negligenciadas. Sem tratamento, pode levar a graves alterações cardíacas, neurológicas e digestivas e tornar-se fatal.
Campanha apoiada por artistas e esportistas
Em parceria com a Federação Internacional de Associações de Pessoas Afetadas pela Doença de Chagas, a Fidechagas, as Nações Unidas estão impulsionando a campanha “Eu visto a camisa do Dia Mundial da Doença de Chagas”. Participam da iniciativa esportistas, atores, cantores e comunicadores de vários países.
Dentre eles estão o ator e diretor argentino, Ricardo Darín, e o capitão da seleção brasileira masculina de basquete, Marcelinho Huertas.
Confira o vídeo da campanha em português.
7 milhões de infectados
A data foi marcada pela primeira vez em 2020. Desde então, tem sido usada como oportunidade de conscientização. Muitas vezes, a doença progride lentamente e sem sintomas.
A Organização Mundial da Saúde estima 6 a 7 milhões de infectados no mundo. Todo ano, são registrados cerca de 40 mil novos casos e 12 mil mortes. A agência considera a visibilidade do tema importante para avançar estratégias de diagnóstico precoce e interrupção da transmissão.
O diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, lembrou que a doença é curável, caso detectada cedo. No entanto, ele afirmou que muitos países não dispõem de ferramentas para monitorar e administrar a enfermidade, que está avançando pelo mundo.
O diretor da OMS disse que apesar da doença ser mais prevalente na América Latina ela está se espalhando para outras regiões.
Expansão para além da América Latina
De acordo com o chefe de comunicação da Central Internacional para a Compra de Medicamentos contra a AIDS, Malária e Tuberculose, Unitaid, Herve Verhoosel, cerca de 10% das pessoas que vivem com a doença recebem um diagnóstico. Apenas 1% recebe tratamento eficaz.
Segundo ele, na América Latina, onde é endêmica em 21 países, a doença de Chagas é a principal causa de morte por parasita, à frente da malária. A enfermidade, que costumava ficar restrita a zonas rurais, agora atinge as cidades e já foi registrada em 44 países de todos os continentes, exceto na Antártida.
Em colaboração com parceiros regionais e globais, a Unitaid está trabalhando para prevenir a transmissão de mãe para filho e melhorar o acesso a testes e tratamentos.
Por meio de projetos como o Cuida Chagas e sua parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, a Unitaid busca identificar maneiras melhores e mais rápidas de testar e tratar a doença. A iniciativa tem foco em testar, tratar e cuidar de pessoas afetadas pela doença na Bolívia, no Brasil, na Colômbia e no Paraguai.
A Unitaid pede à comunidade global de saúde e aos governos que façam da doença de Chagas uma prioridade e reforcem a prevenção da transmissão de mãe para filho, ao mesmo tempo melhoram a disponibilidade de testes e tratamentos.