Conclusão do ensino médio poderia tirar 420 milhões da pobreza, diz estudo
Apresentação na Comissão de População e Desenvolvimento sugere que PIB global avançaria com total de meninas em idade escolar completando a formação até 2030.
Especialistas internacionais recomendam que a Comissão de População e Desenvolvimento promova o investimento na educação contínua para mulheres, jovens e migrantes.
Entre os benefícios estariam a criação de sociedades mais saudáveis e prósperas, afirmaram os participantes da 56ª sessão do evento. A reunião termina nesta sexta-feira na sede da ONU, em Nova Iorque.
Sair da pobreza
A diretora do Departamento de Saúde Internacional e Desenvolvimento Sustentável da Tulane University, nos Estados Unidos, falou no evento cujo tema é “População, educação e desenvolvimento sustentável”.
Anastasia Gage revelou que se todos os adultos concluíssem o ensino médio, cerca de 420 milhões de pessoas poderiam sair da pobreza.
Pelos dados da instituição, se até 2030 o total de meninas em idade escolar se matriculasse e concluísse o ensino médio, o Produto Interno Bruto, PIB, dos países em desenvolvimento avançaria 10% na próxima década.
Dividendo demográfico
O aumento da escolaridade está associado a reduções na fertilidade e na mortalidade, com impacto direto na macroeconomia.
Com a atual redução do tamanho relativo da população em idade ativa, muitos países da África e da Ásia podem obter um dividendo demográfico considerável.
A especialista apontou ainda que tendo mais mulheres, o setor da educação ajudaria a reduzir a probabilidade de práticas nocivas, como casamento infantil e violência de gênero.
A acadêmica americana observou ainda que mulheres instruídas têm maior probabilidade de planejar o momento de ter filhos, procurar parteiras e baixar os riscos de mortalidade materna.
Gastos com educação e saúde
No entanto, ela chamou a atenção para a questão da alta fertilidade de forma sustentada e o rápido crescimento populacional. As implicações seriam negativas para os gastos com educação e saúde.
Em países de baixa renda, por exemplo, as taxas de matrícula de crianças em idade escolar quadruplicaram de 1990 a 2020. O pacote orçamental para a educação não chegou para atender as necessidades da crescente população em idade escolar, especialmente na África Subsaariana
É preciso instruir mais crianças e jovens aumentando recursos para melhorar a qualidade da educação, reduzir as desigualdades de gênero e proporcionar empregos significativos.
Além disso, fatores como aceleração da crise climática, lenta recuperação da pandemia, guerra prolongada na Ucrânia, alta da inflação, crescente crise da dívida e exposição a desastres naturais e conflitos em muitos países de alta fertilidade ameaçam inviabilizar melhorias na educação e na saúde.
Treinamento vocacional
Uma questão a ter em atenção é o rápido ritmo em que a tecnologia está mudando e o impacto sobre as habilidades humanas.
A proposta é que novos programas e serviços de treinamento técnico e vocacional sejam pragmáticos.
Além de maior atenção na concepção, os especialistas defenderam que haja fronteiras permeáveis entre educação formal e informal.
O benefício seria a possibilidade de transitar entre as diversas trajetórias educacionais e laborais.
Outra recomendação é que seja promovida a entrada no mercado de trabalho de jovens excluídos da educação formal investindo numa educação que proteja a biodiversidade, promova a energia renovável e administre áreas protegidas.