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Conclusão do ensino médio poderia tirar 420 milhões da pobreza, diz estudo

Especialistas pedem que novos programas e serviços de treinamento técnico e vocacional sejam pragmáticos
Khaled Abdul Wahab
Especialistas pedem que novos programas e serviços de treinamento técnico e vocacional sejam pragmáticos

Conclusão do ensino médio poderia tirar 420 milhões da pobreza, diz estudo

ODS

Apresentação na Comissão de População e Desenvolvimento sugere que PIB global avançaria com total de meninas em idade escolar completando a formação até 2030.

Especialistas internacionais recomendam que a Comissão de População e Desenvolvimento promova o investimento na educação contínua para mulheres, jovens e migrantes.

Entre os benefícios estariam a criação de sociedades mais saudáveis e prósperas, afirmaram os participantes da 56ª sessão do evento. A reunião termina nesta sexta-feira na sede da ONU, em Nova Iorque.

Sair da pobreza

A diretora do Departamento de Saúde Internacional e Desenvolvimento Sustentável da Tulane University, nos Estados Unidos, falou no evento cujo tema é “População, educação e desenvolvimento sustentável”.

Taxas de matrícula de crianças em idade escolar quadruplicaram de 1990 a 2020
© Unicef/UN0651696/Panjwani
Taxas de matrícula de crianças em idade escolar quadruplicaram de 1990 a 2020

Anastasia Gage revelou que se todos os adultos concluíssem o ensino médio, cerca de 420 milhões de pessoas poderiam sair da pobreza.

Pelos dados da instituição, se até 2030 o total de meninas em idade escolar se matriculasse e concluísse o ensino médio, o Produto Interno Bruto, PIB, dos países em desenvolvimento avançaria 10% na próxima década.

Dividendo demográfico

O aumento da escolaridade está associado a reduções na fertilidade e na mortalidade, com impacto direto na macroeconomia.

Com a atual redução do tamanho relativo da população em idade ativa, muitos países da África e da Ásia podem obter um dividendo demográfico considerável.

A especialista apontou ainda que tendo mais mulheres, o setor da educação ajudaria a reduzir a probabilidade de práticas nocivas, como casamento infantil e violência de gênero.

Especialistas defenderam que haja fronteiras permeáveis entre educação formal e informal
© Unicef/UN0820103/Magray
Especialistas defenderam que haja fronteiras permeáveis entre educação formal e informal

A acadêmica americana observou ainda que mulheres instruídas têm maior probabilidade de planejar o momento de ter filhos, procurar parteiras e baixar os riscos de mortalidade materna.

Gastos com educação e saúde

No entanto, ela chamou a atenção para a questão da alta fertilidade de forma sustentada e o rápido crescimento populacional. As implicações seriam negativas para os gastos com educação e saúde.

Em países de baixa renda, por exemplo, as taxas de matrícula de crianças em idade escolar quadruplicaram de 1990 a 2020. O pacote orçamental para a educação não chegou para atender as necessidades da crescente população em idade escolar, especialmente na África Subsaariana

É preciso instruir mais crianças e jovens aumentando recursos para melhorar a qualidade da educação, reduzir as desigualdades de gênero e proporcionar empregos significativos.

Além disso, fatores como aceleração da crise climática, lenta recuperação da pandemia, guerra prolongada na Ucrânia, alta da inflação, crescente crise da dívida e exposição a desastres naturais e conflitos em muitos países de alta fertilidade ameaçam inviabilizar melhorias na educação e na saúde.

Treinamento vocacional

Uma questão a ter em atenção é o rápido ritmo em que a tecnologia está mudando e o impacto sobre as habilidades humanas.

A proposta é que novos programas e serviços de treinamento técnico e vocacional sejam pragmáticos.

Além de maior atenção na concepção, os especialistas defenderam que haja fronteiras permeáveis entre educação formal e informal.

O benefício seria a possibilidade de transitar entre as diversas trajetórias educacionais e laborais.

Outra recomendação é que seja promovida a entrada no mercado de trabalho de jovens excluídos da educação formal investindo numa educação que proteja a biodiversidade, promova a energia renovável e administre áreas protegidas.