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ONU e Moçambique investem em parceria nas escolas para prevenir terrorismo

Parceria sustenta que promoção da paz e contra a violência a partir a sala de aula
© Unicef/Aminadab Jean
Parceria sustenta que promoção da paz e contra a violência a partir a sala de aula

ONU e Moçambique investem em parceria nas escolas para prevenir terrorismo

Paz e segurança

Enviado do secretário-geral ao país africano defende investimento em ações para abordar reconciliação dentro do currículo nacional; Mirko Manzoni diz que, em estágio mais avançado, a criação de empregos para jovens deve estar associada à construção da paz e à melhora das perspectivas do grupo.

As Nações Unidas acolheram uma reunião da Comissão de Consolidação da Paz. O presidente de Moçambique esteve no encontro para partilhar experiências de implementação do Acordo de Maputo para a Paz e Reconciliação Nacional.

À margem da reunião, em Nova Iorque, o enviado especial do secretário-geral no país falou dos três anos em que administrou o processo. Mirko Manzoni disse que é possível abordar o atual flagelo do terrorismo, no norte, desde a educação infantil.

Alternativas do diálogo e a paz

“Para evitar o recrutamento dos jovens pelos grupos terroristas, precisamos de mostrar alternativas e oportunidades para eles no futuro. Do nosso lado, no processo de paz, estamos a trabalhar com o Ministério da Educação para introduzir um discurso mais positivo e mostrar que o diálogo e a paz são a melhor alternativa.”

Desde 2019, Manzoni facilita o diálogo entre o governo e o partido Renamo, antes considerado um movimento rebelde.

Após a assinatura e implementação de um acordo de paz, entre as partes, ele advoga para a promoção da paz e contra a violência a partir a sala de aula.

Na iniciativa com o Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano de Moçambique, a meta da ONU é fazer-se valer do alcance e do potencial da instituição com foco na reconciliação ainda na tenra idade.

Reconciliação no currículo nacional

Para apoiar o processo, a parceria envolve a produção de histórias de jovens e materiais didáticos que permitam “uma aprendizagem criativa e envolvente e discussões sobre paz e reconciliação”.

“Não e fácil. O jovem precisa de um futuro e de ver uma perspectiva lá. É importante o desenvolvimento e a oportunidade de trabalho. A atuação tem de ser combinada com o trabalho da construção da paz e da perspectiva por um futuro melhor."

Crianças deslocadas em Cabo Delgado, Moçambique
© Unicef/Daniel Timme

 

Há quase cinco anos, Moçambique é alvo de grupos extremistas violentos com conexões na Somália e na República Democrática do Congo, segundo a ONU. Na costa ocidental africana, as áreas afetadas são Sahel e Bacia do Lago Chade.

Estudos das Nações Unidas revelam que as áreas que sofrem a influência destes grupos, com destaque para o Al-Shabab, são marcadas por queixas de longa data que também estão associadas à violência.

Processo de paz tem sido fundamental

Para as Nações Unidas, a participação e a representação das perspectivas dos jovens no processo de paz têm sido essenciais para garantir a paz sustentável para as próximas gerações.

O presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, disse na ONU que a manipulação de fatores socioeconómicos tem acelerado o recrutamento, sobretudo de jovens, para os grupos terroristas.