Merenda escolar chega a 420 milhões de crianças em nível global

Sul da Ásia e América Latina concentram a maioria dos beneficiários; programas nacionais cobrem cerca de 41% dos alunos em todo o mundo; indústria do setor emprega 4 milhões de pessoas em 85 países.
Em meio a uma crise de acesso à comida e dos esforços das famílias para colocá-la na mesa, os governos estão convencidos de que a alimentação escolar é “uma forma poderosa e econômica de garantir o sustento de crianças vulneráveis”.
A constatação é de um novo relatório do Programa Mundial de Alimentos, PMA, revelando que quase 420 milhões de crianças recebem o tipo de refeições em nível global.
O Estado da Alimentação Escolar 2022, divulgado nesta terça-feira, indica que as autoridades estão cientes de que as merendas são uma “forma poderosa e econômica” de assegurar que crianças em situação de fragilidade possam comer.
A publicação destaca que o sul da Ásia tem a liderança em beneficiários entre regiões, com 125 milhões. A seguir estão a América Latina e Caribe, com 78 milhões, e o leste Asiático e Pacífico com 60 milhões.
Na lista seguem-se Europa e Ásia Central com 54 milhões, África Subsaariana com 52 milhões, América do Norte com 30 milhões e Oriente Médio e Norte da África com 19 milhões.
Para o PMA, as refeições escolares são uma rede de segurança vital para crianças e famílias vulneráveis numa realidade global com 345 milhões de pessoas enfrentando níveis críticos de fome, incluindo 153 milhões de crianças e jovens.
O relatório destaca ainda que a indústria envolvendo quase US$ 50 bilhões em programas de alimentação escolar oferece uma oportunidade promissora para ajudar a garantir o futuro das crianças em todo o mundo.
Um total de 75 governos faz parte de uma aliança que visa garantir que todas as crianças com acesso a uma alimentação diária nutritiva nos centros de ensino até 2030.
A publicação assinala um esforço de autoridades para restaurar os programas de merenda gratuita após a interrupção da pandemia de Covid. O número de crianças com o tipo de alimentação em todo o mundo está agora 30 milhões acima do total de 2020, representando cerca de 41% de todas as crianças na escola.
Para a diretora de Programas Escolares do PMA, é uma boa notícia que governos estejam priorizando o bem-estar das crianças e investindo no futuro.
Para Carmen Burbano, “à medida que o mundo enfrenta uma crise alimentar global, que corre o risco de limitar o futuro de milhões de crianças, as refeições escolares têm um papel vital a desempenhar.”
Em muitos dos países onde o PMA atua, a merenda que uma criança recebe no lugar em que estuda pode ser a única consumida naquele dia.
A agência da ONU destaca as diferenças entre nações mais ricas, com 60% das crianças em idade escolar recebendo refeições, e em desenvolvimento, onde apenas 18% o fazem.
Mesmo com a recuperação rápida na maioria das economias, o número de crianças alimentadas na escola em países de baixa renda ainda está 4% abaixo dos níveis pré-Covid, com os maiores declínios observados na África.
A situação deve-se ao aumento pelos países de baixa renda do financiamento doméstico para o tipo de alimentação em cerca de 15% desde 2020.
Certos países de baixa renda precisam de apoio porque não conseguiram reconstruir seus programas. Em oito nações africanas, menos de 10% das crianças em idade escolar recebem uma refeição gratuita ou subsidiada.
Os benefícios da merenda escolar vão desde a atracão de mais crianças para o ensino, com taxas de matrícula de 9% e de frequência de 8%. Especialmente as meninas aprendem melhor nesses locais ao mesmo tempo que as mantem saudáveis.
Programas de alimentação escolar têm efeitos benéficos em setores como agricultura, educação, saúde, nutrição e proteção social, com US$ 9 em retornos para cada dólar investido.
Quando estas iniciativas estão associadas aos pequenos agricultores locais, o PMA destaca benefícios as economias do campo e o apoiam aos sistemas alimentares mais sustentáveis.
A agência estima que para cada 100 mil crianças alimentadas por meio do tipo de iniciativa, quase 1,4 mil empregos são criados. A massa laboral envolvida é de cerca de 4 milhões de postos em 85 países.