Perspectiva Global Reportagens Humanas

Ciclone Freddy pode ganhar força mais uma vez em Moçambique, alerta a ONU

Nações Unidas dizem mobilizar mais equipes para áreas afetadas, mas apontam dificuldades de acesso
© Ocha/Viviane Rakotoarivony
Nações Unidas dizem mobilizar mais equipes para áreas afetadas, mas apontam dificuldades de acesso

Ciclone Freddy pode ganhar força mais uma vez em Moçambique, alerta a ONU

Clima e Meio Ambiente

Especialista da Organização Mundial da Meteorologia ressalta preocupação internacional com aflição dos afetados; ação coordenada pelo governo já permitiu resgatar pelo menos 178 pessoas; eventos extremos durante a atual época chuvosa mataram 198 pessoas em todo país.

As Nações Unidas ajudam os governos de Moçambique e Maláui nos esforços de resposta aos impactos do ciclone Freddy. Especialistas da ONU não descartam que a tempestade se torne ainda mais intensa, depois da segunda passagem pelo território moçambicano.

O agravamento da situação levou o presidente de Moçambique, Filipe Jacinto Nyusi, a visitar Quelimane nesta quarta-feira. Na quarta maior cidade moçambicana, o chefe de Estado falou da perda de vidas após os eventos extremos.

Mortes por cólera

“Do dia 1 de outubro de 2022 até hoje, 15 de março, temos o registro de 198 vidas humanas perdidas, refiro me a todo país. Na mesma época, lamentamos o fato de em todo país registrarmos cumulativamente 54 mortes por causa da cólera.”

Por causa da doença, as Nações Unidas dizem mobilizar mais equipes para áreas afetadas, mas apontam dificuldades de acesso devido as condições climáticas onde ocorrem esforços de resgate.

Nos últimos dois dias, pelo menos 178 pessoas foram resgatadas das áreas inundadas em ações com o apoio de barcos do Programa Mundial de Alimentos, PMA.

O diretor de Serviços de Desenvolvimento na Organização Mundial da Meteorologia, OMM, Filipe Lúcio, disse que o ciclone mais duradouro ainda  pode se regenerar.

Grande preocupação para a comunidade internacional

“Em direção ao interior, agora vai em direção à costa. Estando na costa, e por causa do calor das águas do mar, devido à umidade, ainda pode intensificar-se e fazer impacto dentro de Moçambique. Daí que ainda continua a ser uma grande preocupação para a comunidade internacional e para comunidades locais em Moçambique que estão aflitas já com o problema que enfrentam há alguns dias.”

O impacto das fortes chuvas e inundações isolou áreas da província da Zambézia
© Unicef/Alfredo Zuniga
Investimento em alerta precoce e iniciativas de ação antecipada resultaram em menos mortes

O impacto das fortes chuvas e inundações isolou áreas da província da Zambézia. Grandes  extensões de terras estão submersas e as estradas intransitáveis.

A situação atrapalha o acesso de trabalhadores humanitários realizarem avaliações. A ONU diz que o impacto humanitário imediato e as implicações económicas a longo prazo são enormes para Moçambique.

A comunidade humanitária enviou kits médicos para 150 mil pessoas durante três meses, bem como testes rápidos de cólera, tendas e combustível para o Hospital de Quelimane. Na província de Inhambane, no sul,  prossegue a entrega de kits de higiene e alimentos.

Alerta precoce

 De acordo com as Nações Unidas, embora o impacto humanitário total do ciclone só seja conhecido nos próximos dias, está claro que o investimento em alerta precoce e iniciativas de ação antecipada resultaram em menos mortes.

No Maláui, a organização entrega suprimentos vitais para a segunda maior cidade de Blantyre e os distritos mais atingidos.

Entre os artigos distribuídos  estão comida, abrigo, roupas de cama, utensílios de cozinha, latrinas móveis, suprimentos médicos e outros. A ONU pretende expandir as operações assim que pararem as chuvas.