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Ciclone Freddy é “caso de estudo” após deixar rastro em Moçambique e Maláui

Nos dois países contam-se cerca de 120 mortos e cenas de destruição
PMA
Nos dois países contam-se cerca de 120 mortos e cenas de destruição

Ciclone Freddy é “caso de estudo” após deixar rastro em Moçambique e Maláui

Clima e Meio Ambiente

Dezenas de mortes e desaparecidos marcam segunda passagem da tempestade pelos dois países; Moçambique é o terceiro país africano mais vulnerável a desastres naturais; agências das Nações apoiam levantamento para entrega de ajuda.

Até quinta-feira, o ciclone Freddy move-se em direção ao Oceano Índico após assolar o sul do Malaui e a província moçambicana da Zambézia.

Na passagem pelo centro de Moçambique, desde sábado, o fenômeno abalou o norte e áreas do interior da costa. Nos dois países contam-se cerca de 120 mortos e cenas de destruição pelo trajeto da tempestade.

Caso de Estudo

Somente em território malauiano Escritório da ONU para os Assuntos Humanitários, Ocha, confirma que 101 pessoas perderam a vida e 16 estão desaparecidas.

Na área mais afetada, acima de 16,6 mil pessoas sofreram os efeitos e mais de 11 mil foram deslocadas. Para acolhê-las foram abertos 40 centros de evacuação.

Ciclone Freddy move-se em direção ao Oceano Índico após assolar sul do Malaui e província moçambicana da Zambézia
Unicef/Juskauskas

 

Especialistas afirmam quem o movimento do Ciclone Freddy é novo para Moçambique. Mussa Mustafa é diretor-geral-adjunto do Instituto Nacional de Meteorologia e diz que o fenômeno requer uma nova abordagem.

“A sua trajetória não consta nos nossos registros, tendo em conta aquela rota toda que teve. Então merece muita atenção. É um caso de estudo porque o Idai quase que teve o mesmo comportamento. Esta é a segunda vez que estamos a ter com um período muito longo. Isto constitui algo que nós temos que repensar, que as mudanças climáticas estão a mostrar evidências e Moçambique parece ser palco desta demonstração.”

Mapeamento

Prevê-se chuvas intensas nas próximas 48 horas, durante a passagem do Freddy  pelas províncias da Zambézia, Sofala, Manica, Tete e Niassa e ainda pelo sul Maláui.

As agências das Nações coordenam com governo o levantamento das necessidades. Perante as alterações climáticas e os desastres naturais, as crianças e mulheres pagam o maior preço.

O especialista em emergências no Unicef, Claúdio Julaia, descreve a situação atual na província central moçambicana que tem sido mais afetada.

“A situação na província da Zambézia continua crítica e requere atenção, uma vez que está previsto que o sistema irá voltar em direção ao canal de Moçambique em forma de sistema de baixa pressão ou mesmo depressão tropical. Este movimento vai trazer ainda quantidades significativas de precipitação para toda província da Zambézia. O Unicef está neste momento a interagir com as diferentes contrapartes, sectores que a Unicef opera para se inteirar das necessidades e daquilo que são as prioridades imediatas.”

Há quatro anos, o ciclone Idai assolou Moçambique. A comunidade internacional foi mobilizada após a tempestade que afetou 2,5 milhões de pessoas, metade das quais crianças.

Moçambique é o terceiro país africano mais vulnerável a desastres naturais e mantém o alerta sobre inundações, após as chuvas de grandes proporções.

De Maputo para ONU News, Ouri Pota.