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Inundações ameaçam minar esforços de resposta à cólera na África, alerta OMS

OMS despachou 455 toneladas de suprimentos críticos de cólera para o Maláui
Moving Minds Multimedia/Malaui
OMS despachou 455 toneladas de suprimentos críticos de cólera para o Maláui

Inundações ameaçam minar esforços de resposta à cólera na África, alerta OMS

Saúde

Eventos climáticos extremos e conflitos expõem pessoas a condições de vida precárias, agravando surtos de cólera; agência da ONU despacha mais de 450 toneladas de suprimentos essenciais para intensificar medidas de controle; Escritório Regional assinala indicações promissoras no combate.     

A Organização Mundial de Saúde, OMS alerta que fortes inundações devido a chuvas sazonais e ciclones tropicais aumentam o risco de propagação de cólera no continente africano.

A realidade ameaça minar os esforços de controle dos surtos na África Austral, na medida que os casos semanais da doença diminuem.

Mortes estáveis

Na última semana de fevereiro, foram notificados 2.880 novos casos de cólera. A queda é de 37% em comparação com o período anterior, quando registo das notificações foi de 4.584. As mortes permaneceram quase que inalteradas, 82 para 81.

Moçambique registrou um aumento acentuado de casos desde dezembro de 2022
© Sofala District Health Directorate/Zainabo

 

A África do Sul, a Tanzânia e o Zimbábue são os últimos a engrossar a lista dos doze países africanos com relatos de casos. Os surtos ocorrem em meio a chuvas sazonais e tempestades tropicais que causaram inundações arrasadoras.

A agência da ONU indica que o aumento das chuvas vem retardando os esforços de controle do surto em algumas áreas do Maláui, que enfrenta seu pior surto de cólera. Estradas inacessíveis e infraestruturas danificadas dificultam equipes de resposta em alcançar pessoas que precisam de assistência.

Há relatos de unidades de tratamento de cólera inundadas e registo de aumento de casos em alguns locais após as chuvas. Danos da tempestade tropical Freddy em Moçambique afetaram 44 mil pessoas, 55 unidades de saúde e 35 mil quilómetros de estrada, segundo avaliações preliminares. 

Aumento de casos

O surto de cólera afeta seis das 11 províncias moçambicanas. O país registrou um aumento acentuado de casos desde dezembro de 2022 em meio à atual estação chuvosa. A vacinação contra a doença está em curso.

Segundo a Diretora Regional da OMS para África, Matshidiso Moeti, “os países intensificaram as medidas de controle da cólera e as primeiras indicações são promissoras, as fortes inundações e eventos ciclônicos em partes da África Austral correm o risco de alimentar a propagação da doença”.

 A agência reforça o apoio aos países para aumentar a capacidade de detecção de doenças, fornecendo suprimentos médicos e intensificando a prontidão em regiões com risco de inundação.

OMS apoia aos países para aumentar a capacidade de detecção de doenças
Unicef/Omid Fazel
OMS apoia aos países para aumentar a capacidade de detecção de doenças

 

Ciclones recentes como o Cheneso, que atingiu Madagáscar em janeiro, causaram inundações generalizadas, algumas das quais estão diminuindo lentamente.

O país registrou cólera pela última vez em 2000. A OMS lembra que as inundações dispararam os casos de malária e aumentaram o risco de surtos de cólera.

Intensificar resposta de emergência 

O ciclone tropical Cheneso destruiu pelo menos 77 unidades de saúde, deixando mais de 470 mil pessoas sem acesso aos serviços. O ciclone tropical Freddy já havia afetado mais de 116 mil pessoas, inundando ou danificando cerca de 29 mil casas em sete das 23 regiões do país.

Segundo a agência, os atuais surtos da doença diarreica na África pioram com os eventos climáticos extremos e conflitos que aumentaram as vulnerabilidades já que as pessoas são forçadas a fugir de suas casas e enfrentar condições de vida precárias.

No âmbito da resposta, a OMS enviou 80 especialistas para os países afetados, despachou 455 toneladas de suprimentos críticos de cólera para o Maláui,  Moçambique, Burundi, e República Democrática do Congo, Gana, Quênia e Zâmbia.

 

*Da ONU News em Bissau, Amatijane Candé.