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“Não há mais desculpas”, diz ONU sobre ajuda aos Países Menos Desenvolvidos

Líder da ONU defende o fim imediato da "era das promessas quebradas"
ONU/Evan Schneider
Líder da ONU defende o fim imediato da "era das promessas quebradas"

“Não há mais desculpas”, diz ONU sobre ajuda aos Países Menos Desenvolvidos

Desenvolvimento econômico

Secretário-geral das Nações Unidas pede revolução de apoio dos líderes mundiais em favor do grupo de economias; reunião que busca acelerar o desenvolvimento sustentável acontece até quinta-feira em Doha, Catar.

O secretário-geral, António Guterres, abriu neste domingo a 5ª. Conferência das Nações Unidas sobre os Países Menos Desenvolvidos, LDC5. O evento acontece até 9 de março em Doha, Catar.

O chefe da ONU pediu auxílio internacional para extrair o máximo potencial do grupo de 46 nações mais vulneráveis do mundo e ajudá-lo a trilhar o caminho para a prosperidade. 

Três áreas essenciais

Para Guterres, os países menos desenvolvidos “precisam de uma revolução de apoio” em três áreas principais. A primeira é o auxílio urgente para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

As medidas incluem que o mundo desenvolvido doe pelo menos US$ 500 bilhões, por ano, às economias em desenvolvimento, bem como entre 0,15% e 0,20% do seu Produto Interno Bruto para Assistência Oficial ao Desenvolvimento.

Presidente da Assembleia Geral, Csaa Korosi, pediu decisões de alto impacto e ações transformadoras em favor de economias em desenvolvimento
ONU/Evan Schneider

 

Guterres enfatizou que “não há mais desculpas”, ao convocar aos parceiros de desenvolvimento a apoiar a implementação do Programa de Ação de Doha.

Em segundo lugar, o chefe da ONU pediu a reforma do sistema financeiro global através de “um novo momento de Bretton Woods”. A meta é que estas instituições financeiras possam “alargar fundos de contingência e integrar cláusulas de desastres e pandemias em instrumentos de dívida”.

Fundos climáticos em economias menos avançadas

Por último, em meio à vulnerabilidade destas economias aos efeitos das mudanças climáticas, Guterres enfatizou que o mundo desenvolvido deve cumprir a promessa de US$ 100 bilhões para simplificar o acesso aos fundos climáticos em economias menos avançadas.

As propostas incluem fazer funcionar o fundo de perdas e danos, dobrar o financiamento para adaptação, recarregar o Fundo Verde para o Clima e fornecer sistemas de alerta para todos os habitantes do planeta em cinco anos.

Guterres mencionou a  preparação da Cúpula de Ambição Climática para a sede das Nações Unidas, em setembro. O evento pretende promover a ação e que seja feita justiça climática aos que estão na linha de frente da crise.

Emir do Catar, Sheikh Tamim ibn Hamad Al Thani, anunciou uma contribuição de US$ 60 milhões
ONU/Evan Schneider
Emir do Catar, Sheikh Tamim ibn Hamad Al Thani, anunciou uma contribuição de US$ 60 milhões

 

Para o líder da ONU, “a era das promessas quebradas deve terminar agora”. Guterres pediu que a comunidade internacional priorize as necessidades dos países menos desenvolvidos nos planos, nas prioridades e nos investimentos.

Necessidade do reforço de parcerias

Desde o início da pandemia, o grupo de 46 nações sofreu com a falta de recursos para combater a Covid-19 e a dívida crescente que tem atrasado o desenvolvimento.

O presidente da 77ª sessão da Assembleia Geral da ONU, Csaba Korosi, disse estar confiante de que todos desejem cumprir a promessa de se alcançar a Agenda 2030 e transformar as economias.

Ele apontou a necessidade de um reforço de parcerias e melhor aproveitamento da tecnologia e inovação para que as metas sejam alcançadas. Para ele, esse processo exigirá decisões de alto impacto e ações transformadoras.

No início da plenária, o Emir do Catar, Sheikh Tamim ibn Hamad Al Thani, anunciou uma contribuição financeira de US$ 60 milhões para o Programa de Ação de Doha para os Países Menos Desenvolvidos para a Década 2022-2031.

O líder do Estado do Golfo reiterou a necessidade de solidariedade internacional para o combate às crises em todo o mundo.