Pequenos Estados Insulares combatem perda da natureza e mudanças climáticas
Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, afirma que muitas dessas nações estão lutando para escapar da pobreza agravada pela emergência do clima; inciativa lançada pela Década da ONU para a Restauração de Ecossistemas abrange Vanuatu, Santa Lúcia e Comores.
Na linha de frente dos impactos climáticos, as nações insulares estão liderando pelo exemplo no enfrentamento das crises ambientais globais.
Os líderes dos Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, Sids na sigla em inglês, pressionaram a comunidade internacional para estabelecer a meta de limitar o aquecimento global a 1,5°C, como reza o Acordo de Paris.
Iniciativa para proteção e restauração
Eles também transformaram partes de suas águas territoriais em áreas marinhas protegidas, vitais na conservação global, cumprindo o novo Marco de Biodiversidade Global de Montreal-Kunming.
Em reconhecimento ao papel de liderança desses países, a Década da ONU para a Restauração de Ecossistemas escolheu uma iniciativa que abrange três Estados Insulares: Vanuatu no Pacífico, Santa Lúcia no Caribe e Comores no Oceano Índico.
Essas iniciativas, anunciadas em dezembro, foram projetadas para mostrar os benefícios de longo prazo que surgem quando as comunidades revitalizam espaços naturais degradados.
Impacto na economia
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma, muitas nações insulares estão lutando para escapar da pobreza, conforme a mudança climática acelera a degradação dos recursos naturais que sustentam suas economias.
A agência alerta que os recifes de corais e os estoques de peixes estão em declínio. A elevação do nível do mar está causando a salinização de rios e lagos, tornando a água doce escassa nas ilhas. E o aumento do nível do mar também está erodindo as costas atingidas por tempestades cada vez mais intensas.
Coordenado pela Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura, FAO, o Pnuma e o Departamento para Assuntos Econômicos e Sociais das Nações Unidas, Desa, o programa visa restaurar paisagens inteiras, acelerar a recuperação econômica da pandemia de Covid-19 e mostrar como as nações insulares podem construir economias sustentáveis em torno de ecossistemas marinhos saudáveis.
Desafios
De acordo com a agência, essa abordagem integrada pode levar anos para ser montada e implementada totalmente. Mas os especialistas apostam em benefícios que medem o tamanho do desafio.
Em todo o arquipélago de Vanuatu, as comunidades costeiras estão encontrando maneiras de reduzir a pressão sobre seus recifes de corais, danificados por tempestades e o branqueamento, para que os estoques de peixes possam se recuperar.
Em Santa Lúcia, a restauração de manguezais e prados de ervas marinhas está protegendo as áreas costeiras usadas para o cultivo de musgo marinho.
Além disso, as comunidades estão sendo capacitadas para produzir carvão de forma sustentável e ganhar renda alternativa com ecoturismo e apicultura. E uma área equivalente ao tamanho da Alemanha foi designada à conservação marinha.
Nas Comores, onde os baixos rendimentos e uma população crescente estão aumentando a pressão sobre os recursos naturais, a construção de setores sustentáveis da pesca e do turismo são o foco da iniciativa.
Tartarugas marinhas
As comunidades locais interromperam a extração de areia das praias onde os turistas gostam de observar dezenas de filhotes de tartarugas saindo de um ninho e dando seu primeiro mergulho no oceano.
Os moradores estão coletando lixo e replantando manguezais para combater a erosão costeira.
Em Comores, Santa Lúcia e Vanuatu, cerca de 110 mil hectares já estão sendo restaurados.
Ao fortalecer os ecossistemas e meios de subsistência, desenvolvendo uma “caixa de ferramentas” de abordagens eficazes, a iniciativa espera catalisar a restauração em mais nações insulares.