Perspectiva Global Reportagens Humanas

Deslocamento na Somália atinge recorde de 3,8 milhões

Mulher em abrigo que divide com seus filhos em um local para deslocados em Galkayo, na Somália
UNSOM/Fardosa Hussein
Mulher em abrigo que divide com seus filhos em um local para deslocados em Galkayo, na Somália

Deslocamento na Somália atinge recorde de 3,8 milhões

Migrantes e refugiados

Vice-diretora-geral da Organização Internacional para Migrações, OIM, pede soluções sustentáveis; com cenário atual de conflitos agravado pela mudança climática; outras 300 mil pessoas podem se deslocar até meados deste ano.

O número de deslocamentos na Somália alcançou um novo recorde chegando a 3,8 milhões de pessoas, segundo a Organização Internacional para Migrações, OIM.

A agência da ONU conta com investimentos de doadores para evitar mais deslocamentos e lidar com a situação deixada pela seca e pelo conflito.

Evitar novos deslocamentos

A OIM alerta que a combinação de riscos climáticos e conflitos deve ampliar as necessidades atuais, agravadas após cinco estações chuvosas consecutivas, abaixo da média, e uma sexta projetada no início deste ano.

Mãe e seus 10 filhos se mudaram para um campo de refugiados no Quênia em março de 2022, depois que a seca devastou suas plantações e gado na Somália
© UNHCR/Charity Nzomo
Mãe e seus 10 filhos se mudaram para um campo de refugiados no Quênia em março de 2022, depois que a seca devastou suas plantações e gado na Somália

De acordo com as estimativas, aproximadamente 300 mil pessoas poderão ser deslocadas até julho e buscar refúgio nas principais cidades e vilarejos, particularmente em Baidoa, e na capital Mogadíscio.

A vice-diretora-geral da OIM, Ugochi Daniels, ressalta que a maioria dos recém-deslocados pode nunca mais retornar à casa e a insegurança só aumentará à medida que a cresce a competição pelos recursos já escassos.

Segundo ela, famílias inteiras nascerão e crescerão em assentamentos informais em condições de vida inadequadas. Assim, a recomendação da representante da agência é investir nos locais de origem para promover a resiliência e evitar que novos deslocamentos.

Planejamento inclusivo

Ugochi Daniels avalia que é importante dar atenção aos serviços básicos, trabalhando na coesão e estabilidade social, bem como na governança, sistema de justiça e adaptação às mudanças climáticas, reunindo as comunidades com o governo e a diáspora.

Os projetos da OIM buscam melhorar seu acesso a áreas produtivas e habitação de longo prazo, serviços sociais por meio de um processo de planejamento inclusivo com autoridades e comunidades locais, estabelecendo as bases para o planejamento de desenvolvimento de longo prazo.

Em áreas afetadas por violência e conflito, a agência da ONU também promoveu sistemas de justiça liderados por mulheres e treinou comunidades para administrar recursos naturais de forma mais sustentável.

Também há projetos de reabilitação de escolas e iniciativas para construir sistemas de governança mais fortes, como em Marka, um enclave histórico no sul da Somália caracterizado por conflitos.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável

Para a vice-diretora-geral, há muito potencial na diáspora da Somália e as iniciativas de políticas nacionais receberão apoio para maximizar o envolvimento dessas pessoas, sustentado nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável para o povo somali.

Ela conclui avaliando que os investimentos precisam evitar o deslocamento atual e futuro e atender às necessidades crescentes de maneira mais sustentável para alcançar soluções para o desenvolvimento.