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Relatoras criticam assédio a jornalista na Ásia e Unesco condena assassinatos na Síria e no Paraguai

Proteção de jornalistas é um dos temas na agenda da Unesco
Unsplash/Jana Shnipelson
Proteção de jornalistas é um dos temas na agenda da Unesco

Relatoras criticam assédio a jornalista na Ásia e Unesco condena assassinatos na Síria e no Paraguai

Direitos humanos

Em comunicados separados, a Unesco pediu abertura de inquéritos para apurar homicídios de radialista na América do Sul e de jornalista de TV no Oriente Médio; grupo de relatoras de direitos humanos querem que Bangladesh arquive caso contra jornalista investigativa.

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, emitiu duas notas separadas condenando os assassinatos de jornalistas no Paraguai e na Síria.

A diretora-geral da agência, Audrey Azoulay, condenou a morte do apresentador Alexander Álvares Ramírez, da Rádio Urundey FM, que foi alvejado a tiros por um homem numa motocicleta, na cidade de Pedro Juan Caballero, em 14 de fevereiro.

Tentativa de assassinato quatro dias antes

A chefe da Unesco pediu às autoridades paraguaias que investiguem o homicídio, de forma independente, e levem os autores do crime à justiça.

Numa outra nota, Azoulay condenou o assassinato do jornalista Atef Al Saidi no sul da Síria, em 5 de novembro.

Ela repudiou o crime, que ocorreu quatro dias após ele ter escapado de uma tentativa de assassinato dentro de casa.

Diretora-geral da Unesco Audrey Azoulay
Unesco/Christelle ALIX

A diretora-geral da agência da ONU disse que quem tenta sufocar a liberdade de expressão, de imprensa e o acesso à informação por meio de atos violentos contra jornalistas precisa ser investigado e responsabilizado.

Al Saidi começou a carreira como jornalista de TV na Síria e quando foi morto, trabalhava como freelancer para a TV Síria e para a Fundação Shahid de Mídia.

Jornalista investigativa presa em Bangladesh

E nesta quinta-feira, num comunicado separado, quatro relatoras de direitos humanos pediram ao governo de Bangladesh para acabar com o que chamaram de “assédio judicial” a jornalistas.

As especialistas em direitos humanos pediram que as acusações contra a jornalista investigativa Rozina Islam sejam arquivadas, e que Bangladesh pare de perseguir os profissionais da imprensa e os defensores de direitos humanos.

No comunicado, elas afirmam que o processo contra Islam possa ser uma forma de retaliação pelo trabalho da jornalista.

Em 2021, durante a pandemia, ela produziu uma matéria sobre alegações de corrupção e má gestão no setor de saúde e nos processos de licitação de suprimentos médicos de emergência.

Islam trabalha para o maior jornal de Bangladesh, o Prothom Alo.

Ela foi presa, em maio de 2021, dentro do Ministério da Saúde e do Bem-Estar da Família quando se reunia com funcionários da pasta. Ela foi acusada de ter usado um celular sem permissão e de fotografar documentos relacionados à compra das vacinas de Covid-19 pelo governo. A próxima audiência do caso deve ocorrer em 28 de fevereiro.

Atos da época colonial

Para as relatoras, o sistema judicial do país não pode ser instrumentalizado para proibir reportagens que minem a liberdade de expressão.

Adolescente recebe vacina contra Covid em Bangladesh
© UNICEF/Iffath Yeasmine

O grupo pediu ao governo de Bangladesh que revise sua política de processar jornalistas e o uso de Atos Secretos Oficiais, uma herança da era colonial, além do Ato de Segurança Digital.

As relatoras afirmam que as mulheres jornalistas enfrentam um risco dobrado ao ter que lidar com discriminação baseada em gênero, assédio e violência.

O comunicado foi firmado pelas relatoras Irene Khan, Mary Lawlor, Reem Alsalem e Margaret Satterwhaite

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.