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Educação multilíngue é destaque no Dia Internacional da Língua Materna

Estudantes no sul da Tailândia, cuja língua materna é pattani-malaio, mostram seus livros de leitura favoritos.
© Unicef/Arun Roisri
Estudantes no sul da Tailândia, cuja língua materna é pattani-malaio, mostram seus livros de leitura favoritos.

Educação multilíngue é destaque no Dia Internacional da Língua Materna

Cultura e educação

Data é celebrada em 21 de fevereiro; ensino no idioma, que se fala, facilita acesso e inclusão na aprendizagem de pessoas que se expressam em línguas não dominantes, de grupos minoritários e línguas indígenas.

O Dia Internacional da Língua Materna é celebrado neste 21 de fevereiro para promover a diversidade linguística e cultural, e o multilinguismo.

No mundo inteiro, 40% da população não tem acesso à educação em um idioma que fala ou entende. A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, afirma que o direito à língua materna é um direito humano que precisa ser garantido.

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Educação multilíngue

O tema do Dia Internacional da Língua Materna este ano é “Ensino multilíngue, uma necessidade para transformar a educação”. A agência estima que haja mais de 6 mil línguas no mundo, a maior parte delas é de línguas indígenas.

Segundo o Instituto Internacional de Língua Portuguesa, Iilp, somente no universo dos países lusófonos, existem mais de 330 línguas.

A ONU News conversou com a escritora brasileira Andrea Del Fuego. De São Paulo, ela ressaltou a importância deste dia e da língua materna para o desenvolvimento.

“Quando a gente fala esse termo na língua materna já até dizendo ali tanta coisa. A primeira voz, a primeira fala, as letras. Enfim, essa coisa de você pensar, sonhar e vivenciar sempre esse mesmo lugar é uma espécie de espaço habitado. E eu nunca morei fora dessa casinha, da minha língua materna porque, embora meus livros tenham sido traduzidos para outras línguas, eu nunca morei fora do país, por exemplo. Então, eu leio em algumas línguas, no espanhol, arranho um pouco o inglês e o francês. Mas a vivência da língua como vivente de outro lugar, tendo essa estrada dupla, digamos assim, eu nunca vivenciei. Então eu digo que eu tenho a língua materna como a minha única casa”.

Segundo as Nações Unidas, a educação multilíngue vem crescendo, conforme também aumenta a compreensão de sua importância, especialmente na educação infantil. 

Línguas indígenas

O tema do dia internacional está alinhado com as recomendações feitas durante a Cúpula Transformando a Educação, que aconteceu na sede da ONU, em setembro passado. Ali foi dado ênfase à educação e às línguas dos povos indígenas.

De acordo com as Nações Unidas, a educação multilíngue baseada na língua materna facilita o acesso e a inclusão na aprendizagem de grupos populacionais que falam línguas não dominantes, línguas de grupos minoritários e línguas indígenas.

O Dia Internacional da Língua Materna reconhece que as línguas e o multilinguismo podem promover a inclusão, e o foco dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável em não deixar ninguém para trás.

Uma língua familiar

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, incentiva e promove a educação multilíngue baseada na língua materna ou primeira língua.

A ideia é que a educação comece no idioma que o aluno mais domina e depois gradualmente, sejam introduzidas outras línguas.

Segundo a Unesco, essa abordagem permite que os alunos cuja língua materna é diferente da língua de instrução façam a ponte entre a casa e a escola, descubram o ambiente escolar em uma língua familiar e, assim, aprendam melhor.

Magdalena com sua família na comunidade indígena de Tarauparu, no Brasil.Peritos pediram as autoridades que disseminem informação correta, de confiança e rápida em linguagem acessível
© Acnur/Viktor Pesenti
Magdalena com sua família na comunidade indígena de Tarauparu, no Brasil.Peritos pediram as autoridades que disseminem informação correta, de confiança e rápida em linguagem acessível

Comemorações

O Dia Internacional da Língua Materna, uma proposta de Bangladesh, foi proclamado pela Unesco em novembro de 1999.

Este ano, a Missão de Bangladesh nas Nações Unidas organiza na sede da ONU, nesta terça-feira, uma discussão com altos funcionários das Missões incluindo Bangladesh, Dinamarca, Guatemala, Hungria, Índia, Marrocos e Timor-Leste.

Representantes do Secretariado da ONU e da Unesco também estão convidados.

O evento de 15h às 17h, horário de Nova Iorque pode ser visto pela internet aqui.