Guterres: África precisa de apoio para mais ação em economia, clima e paz

Na Cimeira da União Africana, líder da ONU diz que apesar de desafios, continente está no caminho do progresso; António Guterres acredita que com esforços e parcerias para enfrentar desafios, 1,4 bilhão de africanos conseguirão alcançar um futuro mais justo e próspero.
As Nações Unidas saudaram a parceria com a União Africana e o “enorme potencial” do continente a ser concretizado com o trabalho do bloco regional.
Durante a abertura da Cimeira da União Africana, em Addis Abeba, na Etiópia, o secretário-geral da ONU destacou o tema do encontro: uma África integrada, próspera e pacífica.
António Guterres disse que apesar dos desafios, a África está a caminho do progresso. Ele citou a Agenda 2063, o plano de ação do continente para eliminar males socioeconômicos, e a Década da Inclusão Financeiro-Econômica das Mulheres.
Além disso, o continente é rico em recursos naturais e tem em sua maior riqueza a diversidade de seus povos, culturas e línguas.
Um outro avanço, segundo Guterres é o forte foco na criação de emprego e o “potencial enorme” da Área de Livre Comércio da África Continental.
O secretário-geral afirma que este é um passo transformador que abre novas fontes para a prosperidade de todos os africanos especialmente da juventude.
Para o líder da ONU, os laços de sua organização com a União Africana nunca foram tão fortes.
Em Addis Abeba, ele anunciou a liberação de US$ 250 milhões para combater a fome e responder a emergências subfinanciadas no mundo.
É a maior alocação do Fundo Central de Resposta de Emergência.
A quantia deve beneficiar 18 países incluindo 12 na África que vivem as chamadas "crises esquecidas".
Mas o continente também enfrenta grandes testes ao ter que suportar o fardo de muitas crises internacionais atualmente. Guterres citou o que chamou de um sistema financeiro “global, disfuncional e injusto que está falhando com os países em desenvolvimento quando esses mais precisam”.
Ao mencionar a recuperação da pandemia, o líder das Nações Unidas afirmou que existem “desigualdades na disposição dos recursos”.
António Guterres lembrou ainda da crise climática com seus efeitos como secas e cheias que afetam os africanos, e das consequências da guerra na Ucrânia após a invasão da Rússia ao país vizinho.
Para o secretário-geral, a África precisa de ação. Em primeiro lugar, de ação econômica, uma vez que o país não recebe o apoio global de que precisa.
Ele afirma que o sistema financeiro, frequentemente, nega à África o alívio da dívida e segue cobrando “juros extorsivos”. E uma das consequências dessa prática é o fracasso de investimentos em sistemas de saúde, educação, previdência social, e em economia verde na África.
Guterres lembrou que a África precisa ter voz nas instituições financeiras de Bretton Woods e no Conselho de Segurança onde permanece “subrepresentada dramaticamente."
O líder da ONU acredita que os bancos de desenvolvimento devem transformar seu modelo de negócio para “aceitar uma nova abordagem de risco.”
Guterres contou que continuará pressionando os líderes do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo que inclui o Brasil, para apoiar um pacote de Estímulo dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, para apoiar os países do chamado Sul Global.
Em segundo lugar, o secretário-geral ressaltou a ação climática a citar a injustiça evidenciada em cada seca, cheia, ondas de calor e de fome vivenciada pelo continente.
Neste aspecto, ele mencionou bons exemplos na luta contra a mudança climática como a estratégia de economia verde do Quênia e o plano de proteção das florestas tropicais do Congo além da Parceira de Transição Energética da África do Sul.
Para Guterres é hora de produzir os sistemas de alerta precoce para proteger cada pessoa no mundo dentro de cinco anos incluindo seis em cada 10 africanos que não têm esse recurso.
E por último, o secretário-geral afirmou que a África precisa de ação pela paz combatendo o terrorismo com iniciativas conjuntas. Para ele, terrorismo e insegurança se agravam numa enormidade de conflitos.
Guterres disse que está “profundamente preocupado” com o aumento da violência de grupos armados no leste da República Democrática do Congo e com o avanço de grupos terroristas na região do Sahel e outras partes.
Ele apoia o apelo da União Africana para que os governos civis sejam restabelecidos em Burkina Fasso, Guiné, Mali e Sudão.
Ele disse aos chefes de Estado e governo que a paz é possível e que a ONU está investindo na revitalização do multilateralismo e no reforço de suas operações de paz pelo mundo.
Passos que são vitais para cerca de 1,4 bilhão de pessoas que vivem na África.