Perspectiva Global Reportagens Humanas

Milhares de pessoas morreram por armas de fogo na área do Sahel em 2022

As forças de segurança no Sahel visam o tráfico de armas
ONU News/Daniel Dickinson
As forças de segurança no Sahel visam o tráfico de armas

Milhares de pessoas morreram por armas de fogo na área do Sahel em 2022

Legislação e prevenção de crimes

Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, produziu relatório sobre fluxo de armamentos que alimenta conflitos, crime organizado e terrorismo na região africana.

O Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime, Unodc, lançou um relatório sobre tráfico de armas de fogo na região do Sahel.

A aumento descontrolado de armamentos de pequeno calibre alimenta conflitos, crime organizado e terrorismo, levando à morte de centenas de milhares de civis todos os anos.

Ataques no Níger fazem parte de uma onda de violência que afeta o Sahel Central
Unicef/Hadiza Amadou
Ataques no Níger fazem parte de uma onda de violência que afeta o Sahel Central

Mercado negro das armas

Em 2022, mais de 9.300 pessoas morreram em incidentes violentos nos países da região.

O documento explora as raízes do mercado de armas de fogo, origem e seus fluxos. Assim como os principais envolvidos e o impacto dessa forma de tráfico.

O relatório destaca que a maioria das armas de fogo é adquirida dentro da África. Entretanto, há evidências de tráfico de armamentos de maior alcance para o Sahel, por via aérea da França e da Turquia passando pela Nigéria.

Desde 2019, a Líbia se tornou uma fonte de fornecimento de armas como fuzis AK que estão disponíveis no mercado ilegal nas regiões de Gao, Timbuktu e Ménaka, no norte do Mali.

Violência e as ameaças de grupos armados continuam a deslocar refugiados e civis no Mali
© Acnur/Abdoulatif Halidou
Violência e as ameaças de grupos armados continuam a deslocar refugiados e civis no Mali

Oportunidades para os traficantes de armas

No Sahel, confrontos entre grupos armados e forças pró-governamentais, entre outros fatores, contribuíram para o crescimento de tensões intercomunitárias, violência entre lavradores e pastores, extremismo religioso violento e competição por recursos escassos como água e terras.

Segundo o Unodc, todos os grupos envolvidos nesses conflitos lidam com armas de fogo e munições. Conforme eles se multiplicam, também aumentam as oportunidades de negócios para os traficantes de armas nos países da região.

Outra descoberta do relatório é que, enquanto grupos extremistas violentos ligados à Al Qaeda e ao Estado Islâmico do Iraque e do Levante ou Daesh são mais propensos a usar armas fabricadas industrialmente, outras agremiações não estatais, como grupos de caçadores tradicionais e milícias preferem armas artesanais porque são mais baratas.

Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel
FAO/Giulio Napolitano
Pastores guiam seus rebanhos no Niger, no Sahel

Na rota das atividades criminosas

Os mercados que vendem armas de fogo no Sahel geralmente estão localizados em pequenas cidades e vilarejos ao longo de corredores estratégicos.

Muitas das áreas conhecidas como centros de tráfico de armas são simplesmente áreas com baixa presença do estado ao longo das fronteiras ou rotas de transporte onde ocorrem múltiplas atividades criminosas.

A recomendação do Unodc aos países do Sahel é que eles intensifiquem ainda mais seus esforços para coletar dados sobre o tráfico de armas de fogo, e assim melhorar a compreensão e interromper os fluxos de tráfico nacional e transnacional.