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Agências intensificam esforços no socorro às vítimas do terremoto

A busca por sobreviventes após o terremoto continua no bairro Al-Aziziyeh, em Aleppo, na Síria
© Acnur/Hameed Maarouf
A busca por sobreviventes após o terremoto continua no bairro Al-Aziziyeh, em Aleppo, na Síria

Agências intensificam esforços no socorro às vítimas do terremoto

Ajuda humanitária

Número de mortos e feridos continua aumentando; tremor causou estragos em 10 províncias, onde vivem 1,7 milhão de refugiados sírios; OMS fornece apoio para salvar vidas no local e Unesco realiza levantamento inicial de danos ao patrimônio.

As Nações Unidas continuam se mobilizando e fornecendo assistência após o forte tremor que atingiu a Turquia e Síria na segunda-feira.

De acordo com o governo turco, pelo menos 3.381 pessoas morreram e mais de 20 mil ficaram feridas. O número pode ser muito maior, conforme as operações de resgate vão progredindo.

A intensidade do terremoto que afetou Turquia e a Síria é mostrada nas cores mais escuras.
© Usgs
A intensidade do terremoto que afetou Turquia e a Síria é mostrada nas cores mais escuras.

Milhares de mortos e feridos

O porta-voz do Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, Ocha, diz que quase 6 mil prédios desabaram na Turquia.

Jens Laerke contou que, na Síria, as necessidades são enormes. De acordo com as autoridades de saúde, 769 pessoas morreram e 1.448 ficaram feridas. Mas o número pode subir. Somente na Síria, já houve mais de 200 tremores desde os sismos de segunda-feira.

Já o porta-voz do Fundo das Nações Unidas para a Infância, Unicef, afirma que o terremoto “aconteceu no pior momento possível para muitas crianças vulneráveis nessas áreas que já precisavam de apoio humanitário”.

James Elder lembra que “elas foram para a cama normalmente até serem acordadas pelos gritos de vizinhos, por vidros quebrando e pelo som assustador de concreto desmoronando.”

Testemunho - Terremoto leva o trabalho humanitário a 10 passos atrás na Síria

 

Impacto em deslocados e refugiados

Para a Agência da ONU para Refugiados, Acnur, o terremoto é um golpe trágico para o povo da Turquia e para os deslocados da região, principalmente os sírios, que já sofreram mais de uma década de guerra e estão sendo atingidos por uma crise econômica e tempestades de inverno.

Pelo menos 10 províncias turcas foram afetadas. A área abriga 1,7 milhão de refugiados sírios.

Ao todo, a Turquia acolhe 4 milhões de refugiados em proteção temporária e internacional, quase metade são crianças. O Acnur informou que ainda não é possível saber o número exato de refugiados afetados pelos terremotos.

Mortos e prédios danificados na Síria

No caso da Síria, a província de Alepo foi a que mais sofreu com os tremores. O número de mortos continua aumentando, assim como os danos estruturais.

Algumas das áreas impactadas pelo terremoto são remotas e de difícil acesso, e as fortes tempestades de inverno que atingem a região estão aumentando os desafios para se chegar às vítimas.

A agência já começou a distribuir itens de primeira necessidade, como cobertores, colchões, lençóis de plástico, cobertores térmicos e tendas. E está coordenando a resposta com outras agências da ONU e parceiros humanitários para prestar assistência e apoio.

Palestinos impactados

De acordo com a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados Palestinos, Unrwa, cerca de 90% das famílias de palestinos na Síria precisam de assistência humanitária por causa dos terremotos.

Uma vítima do terremoto de 6 de fevereiro é tratada em Samada, na Síria
© Ocha/Ali Haj Suleiman
Uma vítima do terremoto de 6 de fevereiro é tratada em Samada, na Síria

 

Cerca de 438 mil vivem nos 12 acampamentos de refugiados da Síria. O norte do país abriga 62 mil refugiados palestinos em Latakia, Neirab, Ein-el Tal e Hama.

Além dos danos materiais às estradas e infraestrutura pública que dificultaram o trabalho das equipes de emergência, a complicada situação econômica da Síria também atrasou o esforço de socorro.

O porta-voz da Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho alertou que “há uma grave falta de combustível em toda a Síria. Para Tommaso Della Longa, isso prejudicou a operação de máquinas pesadas, transporte de pessoal e serviços de ambulância de emergência.

Danos ao patrimônio

A Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura, Unesco, está avaliando os danos que o terremoto causou aos sítios históricos. A agência da ONU está preocupada com a situação na antiga cidade de Alepo, que está na Lista do Patrimônio Mundial em Perigo. A torre ocidental da antiga muralha de Cidadela desabou.

Na Turquia, vários edifícios no local do Patrimônio Mundial, a Fortaleza de Diyarbakır e a Paisagem Cultural dos Jardins Hevsel, um importante centro dos períodos romano, sassânida, bizantino, islâmico e otomano também foram afetados. Outros locais da Lista do Patrimônio Mundial não muito longe do epicentro também podem ter sofrido.

A agência quer estabelecer um inventário preciso dos danos com o objetivo de proteger e estabilizar rapidamente esses sítios.

Assistência aos feridos

Outras agências e parceiros da ONU também forneceram apoio para salvar vidas no local, incluindo a Organização Mundial da Saúde, OMS.

Um homem passa por um prédio danificado pelo terremoto em Idlib, na Síria
© Ocha/Ali Haj Suleiman
Um homem passa por um prédio danificado pelo terremoto em Idlib, na Síria

A porta-voz da OMS, Margaret Harris, disse que foram transportados kits cirúrgicos e de trauma para além da fronteira do epicentro Gaziantep. Até agora, 16 hospitais foram abastecidos com suprimentos nas áreas afetadas na Síria.

Ainda na segunda-feira, o porta-voz do secretário-geral da ONU, Stephane Dujarric, afirmou que embora as operações humanitárias no sul da Turquia e no noroeste da Síria tenham sido afetadas pelo terremoto, até agora não há qualquer impacto na Iniciativa de Grãos do Mar Negro, que distribui alimentos e fertilizantes da Rússia e da Ucrânia com o apoio da Turquia.

Fundo de emergência

As Nações Unidas anunciaram uma doação de US$ 25 milhões para ajudar na resposta humanitária.

O Fundo Central de Resposta a Emergências das Nações Unidas, Cerf, vai ajudar a fornecer assistência urgente para salvar vidas.

De acordo com o subsecretário-geral para Assuntos Humanitários e Coordenador de Ajuda de Emergência, Martin Griffiths, as pessoas da região serão apoiadas em todas as etapas do caminho para sair desta crise.