Perspectiva Global Reportagens Humanas

Indígenas refugiados no Brasil recebem apoio de agência da ONU e parceiros

Projeto do ACNUR apoia populações indígenas refugiadas no Brasil por meio da estruturação de cadeia de valor para seus artesanatos.
ACNUR/Benjamin Mast
Projeto do ACNUR apoia populações indígenas refugiadas no Brasil por meio da estruturação de cadeia de valor para seus artesanatos.

Indígenas refugiados no Brasil recebem apoio de agência da ONU e parceiros

Migrantes e refugiados

Ações focam em preservação da cultura indígena, fortalecem autonomia e garantem meios de integração de diferentes etnias que chegam ao país em busca de proteção; abrigos estão em Roraima, Pará e Amazonas, entre outros estados.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, participa do acolhimento de indígenas refugiados da Venezuela no Brasil, desde o início das primeiras chegadas. Até novembro de 2022, a entidade contabilizou 8 mil venezuelanos em busca de proteção em diversos estados brasileiros, principalmente em Roraima, Amazonas e Pará.*

Além das respostas nas áreas de fronteira, a entidade acompanha a mobilidade desses grupos no país, buscando apoiar seus direitos e preservação cultural, bem como consolidar sua integração socioeconômica.

Mulheres da comunidade de refugiados indígenas Warao da Venezuela participam de uma sessão educacional sobre a Covid-19 no Brasil.
© UNHCR/Allana Ferreira
Mulheres da comunidade de refugiados indígenas Warao da Venezuela participam de uma sessão educacional sobre a Covid-19 no Brasil.

Etnias indígenas

Em sua maioria, os grupos indígenas refugiados são compostos por cinco etnias, sendo as mais representativas em termos populacionais a Warao, 70% do total e a Pemon, que soma 24%, seguidas pelas etnias E’ñepá, Kariña e Wayúu.

O Acnur apoia os migrantes com abrigos adaptados às necessidades culturais, como cozinhas comunitárias, redários para descanso e pernoite, espaços para promoção cultural e fornecimento de kits de higiene e de limpeza.

O modelo de convivência dos abrigos indígenas de Boa Vista, Pacaraima e Manaus foi estabelecido com base na participação dessa população, respeitado a auto-organização das etnias.

As equipes de gestão mantêm comunicação constante com a comunidade, incluindo reuniões como assembleias gerais com toda a comunidade.

Acompanhamento de grupos indígenas fora dos abrigos

Quem quer sair dos abrigos também pode contar com suporte socioassistencial e financeiro, e a efetiva participação nas decisões que precisam tomar.

A agência da ONU também atua com grupos acolhidos em comunidades indígenas Taurepang no Brasil, próximas à fronteira com a Venezuela.

Cerca de 1,2 mil pessoas contam com assistência que vão desde autonomia, dignidade e proteção ao acesso à documentação e à assistência social.

As iniciativas focam ainda em geração de renda, alimentos e engajamento das comunidades para fortalecer direitos comunitários e sociabilidade por meio do esporte.

Diálogos e escuta ativa

Em Manaus, o Acnur e parceiros têm o mapeamento de 700 indígenas refugiados.  Os abrigos contam com intérpretes e antropólogos para acompanhar as necessidades específicas.

O grupo tem ainda material em sua própria língua como a Cartilha de Comunicação sobre Saúde com Indígenas, guias de serviços de saúde e conteúdo em áudio.

Os indígenas refugiados também têm um programa de valorização do artesanato tradicional como fonte de renda para a população indígena.

Segundo o representante do Acnur no Brasil, Davide Torzilli, as ações visam valorizar os conhecimentos tradicionais, garantir o acesso aos direitos e consolidar alternativas para sua autonomia, sempre com respeito às suas identidades e autodeterminação.

Assim, a agência busca garantir a preservação de suas identidades, assegurando sua autonomia e os saberes tradicionais como forma de promover o processo de integração local dessa população.

*Com a reportagem do Acnur Brasil