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Alto comissário da ONU pede fim da escalada de violência entre israelenses e palestinos

Um menino anda de bicicleta ao lado de prédios destruídos após ataques israelenses na Faixa de Gaza, na Palestina
© Unrwa/Samar Abu Elouf
Um menino anda de bicicleta ao lado de prédios destruídos após ataques israelenses na Faixa de Gaza, na Palestina

Alto comissário da ONU pede fim da escalada de violência entre israelenses e palestinos

Direitos humanos

Volker Türk quer medidas urgentes para diminuir tensões; desde início deste ano, 34 palestinos e sete israelenses foram mortos; em 2022, houve número recorde de mortes de palestinos e israelenses em anos.

O chefe de Direitos Humanos das Nações Unidas fez um apelo a palestinos e israelenses, nesta sexta-feira, para que acabem com o que ele chamou de uma “escalada sem lógica” da violência na região.

Volker Türk apelou aos líderes que atuem com urgência para resolver o conflito, que já dura décadas.

Crianças sob escombros de uma casa demolida em Beit Sira, um vilarejo palestino no centro da Cisjordânia
© Unocha
Crianças sob escombros de uma casa demolida em Beit Sira, um vilarejo palestino no centro da Cisjordânia

Assassinatos recordes em 2022

O alto comissário da ONU lembrou que, no ano passado, um número recorde de palestinos foi morto na Cisjordânia, incluindo em Jerusalém Oriental. E do lado de Israel também foi o período com mais mortes, em vários anos.

Para Türk, até agora, 2023 trouxe “mais derramamento de sangue, mais destruição e a situação continua a ficar mais volátil”. Desde o início deste ano, 34 palestinos e sete israelenses foram mortos.

No ano passado, o Escritório de Direitos Humanos da ONU documentou 151 assassinatos de palestinos pelas forças de segurança israelenses na Cisjordânia incluindo Jerusalém Oriental.

Uso excessivo da força

Muitos dos casos, que envolvem forças de segurança, despertam sérias preocupações quanto ao uso excessivo da força e assassinatos arbitrários.

Durante o mesmo período, 24 israelenses foram mortos dentro de Israel e na Cisjordânia, que assim como a Faixa de Gaza, é administrada por palestinos.

Türk teme que recentes medidas israelenses “estejam apenas alimentando mais violações e abusos da lei de direitos humanos e violações da lei humanitária internacional”.

Após os ataques do último fim de semana em Jerusalém Oriental, as autoridades israelenses agiram para isolar as casas dos supostos agressores. Mais de 40 pessoas foram presas e duas famílias despejadas à força.

Israel propôs outras medidas, incluindo a revogação de documentos de identidade, direitos de cidadania e residência e benefícios de seguridade social de parentes de suspeitos de ataques, além de intensificar as demolições de propriedades.

Mulheres palestinas passam pela barreira de Israel perto de Ramallah, na Cisjordânia
Irin/Shabtai Gold
Mulheres palestinas passam pela barreira de Israel perto de Ramallah, na Cisjordânia

Alimentando mais violência

O alto comissário disse que tais medidas, se implementadas, podem resultar em punição coletiva, que é “expressamente proibida” pela lei humanitária internacional e “incompatível” com a lei internacional de direitos humanos.

Além disso, os planos do governo israelense de acelerar e expandir o licenciamento de armas de fogo para civis, segundo ele, “só podem levar a mais violência e derramamento de sangue”.

Volker Türk disse que “a proliferação de armas de fogo aumentará os riscos de mortes e ferimentos de israelenses e palestinos. E que as autoridades israelenses devem trabalhar para reduzir a disponibilidade de armas de fogo na sociedade”.

Pare de fomentar o ódio

O chefe de Direitos Humanos lembrou que, na semana passada, já houve vários relatos de violência entre colonos israelenses e palestinos, particularmente na Cisjordânia.

Ele pede a todos aqueles que ocupam cargos públicos ou outros cargos de autoridade a pararem de usar linguagem que incite ao ódio.

O alto comissário pediu medidas urgentes para diminuir as tensões, inclusive garantindo que assassinatos e ferimentos graves sejam investigados de acordo com os padrões internacionais.

Destruição causada por um ataque israelense em Gaza, no dia 7 de agosto de 2022
Ziad Taleb
Destruição causada por um ataque israelense em Gaza, no dia 7 de agosto de 2022

Apelo aos líderes

Para ele, “a impunidade tem sido abundante, enviando um sinal de que os excessos são permitidos”. E que “a obrigação sob a lei internacional de direitos humanos é investigar a perda de vidas em qualquer contexto de aplicação da lei, com credibilidade e eficácia, independentemente de haver troca de tiros entre forças de segurança e indivíduos armados.”

Türk instou Israel a garantir que todas as operações de suas forças de segurança na Cisjordânia, incluindo Jerusalém Oriental, sejam realizadas com total respeito pela lei internacional de direitos humanos.