“Lar e Pertença” é o tema deste ano do Dia em Memória das Vítimas do Holocausto

Assembleia Geral realiza reunião anual com presença da comunidade judaica, sobreviventes e representantes da sociedade civil; em sua mensagem sobre o Dia, líder das Nações Unidas, António Guterres, cita “silêncio ensurdecedor” de muitos que nada fizeram contra os planos de Adolf Hitler e o nazismo.
Em 1933, o líder da Alemanha Adolf Hitler começou a inserir a ideologia racista e nacionalista no centro do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
Assim decidiu-se quem poderia chamar a Alemanha de casa e quem, de acordo com a ideologia partidária, realmente pertencia ao país.
Este processo ultrapassou o campo de legislações que excluíam os judeus da sociedade alemã. Os nazistas lançaram desinformação, informações falsas e campanhas deliberadas baseadas em discurso de ódio que vilificavam e desumanizavam os judeus.
Outras táticas impostas por Hitler foram atos de terror que destruíam os locais de adoração das pessoas como sinagogas, além de destruir seus próprios lares e meios de subsistência.
À medida que a Alemanha conquistou mais território na Europa sob o pretexto de unir os povos de língua alemã, eles garantiram que as campanhas sistêmicas similares ocorriam em países sob seu controle.
Hoje, 90 anos depois, em sua mensagem sobre o Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, o secretário-geral da ONU, António Guterres, observou que o Holocausto foi a culminação de milhares de anos de ódio antissemita, auxiliado pela decisão de tantas pessoas de não fazer nada para parar os nazistas. Guterres descreve a situação como um “silêncio ensurdecedor” tanto em casa como no exterior que os encorajou.
Para o secretário-geral, apesar do discurso de ódio e das campanhas de desinformação da Alemanha nazista, o desdém pelos direitos humanos e pelo Estado de direito, além da glorificação da violência e das mentiras sobre supremacia racial, havia também a falta de respeito pela democracia e pela diversidade naquele momento histórico.
O Dia Internacional em Memória das Vítimas dos Holocausto é marcado em 27 de janeiro por ser a data da liberação do campo de concentração Auschwitz-Birkenau. A ONU realiza uma série de eventos nos meses de janeiro e fevereiro, em sua sede em Nova Iorque, que ilustram os conceitos de “lar e pertença”.
Uma das exibições na sede está aberta até 13 de fevereiro e foca nas experiências de refugiados judeus espalhados pela Europa e em extrema necessidade de ajuda.
“Após o fim do mundo: pessoas deslocadas e acampamentos de deslocados” é o nome do evento que reúne documentos e fotografias de arquivos da ONU e do Instituto Yivo para a Pesquisa Judaica. A exposição explica o papel da Administração de Socorro e Reabilitação da ONU, Unrra, que foi criada para reassentar as pessoas deslocadas pela guerra e pelo Holocausto.
As exposições também contêm artefatos, fotos e objetos dos refugiados judeus como bonecas confeccionadas por crianças judias apátridas que viviam em acampamentos em Florença, na Itália, após a guerra.
Uma cópia de um livro infantil antissemita chamado “Der Giftpilz” ou o Cogumelo Envenenado está exposto na sede da ONU. Um outro painel mostra campanhas de ódio dos nazistas com teorias da conspiração contra judeus, os povos Roma e Sinti, migrantes, homossexuais e outras minorias.
E nesta quinta-feira, o secretário-geral da ONU e o presidente da Assembleia Geral participaram da abertura da exposição Yad Vashem, que ficará aberta ao público.
Até este 17 de fevereiro, quem visitar a ONU poderá conferir o Yad Vashem, o Livro dos Nomes das Vítimas do Holocausto, que detalha em ordem alfabética o nome de cada um de cerca de 4,8 milhões de judeus que foram vítimas do Holocausto, e que o Yad Vashem, o Centro Mundial em Memória do Holocausto conseguiu documentar até agora.
O livro traz o nome, a data de nascimento, a cidade e o local de morte de cada vítima.