Perspectiva Global Reportagens Humanas

Pelo menos 18 mil pessoas morreram ou ficaram feridas em 11 meses de guerra na Ucrânia

Fragmentos de projéteis e balas coletados no terreno de uma escola em Donetsk Oblast, na Ucrânia
© UNICEF/Ashley Gilbertson VII Photo
Fragmentos de projéteis e balas coletados no terreno de uma escola em Donetsk Oblast, na Ucrânia

Pelo menos 18 mil pessoas morreram ou ficaram feridas em 11 meses de guerra na Ucrânia

Paz e segurança

ONU diz que exportações de cereais caíram quase 30% em 2022/2023; um quarto das famílias ucranianas reduziu ou deixou de produzir alimentos no campo; conflito interrompeu aulas de mais de 5 milhões de crianças no país.

Este 24 de janeiro marca 11 meses após a invasão da Rússia à Ucrânia. O conflito gerou pelo menos 18.483 vítimas: 7.068 mortos e 11.415 feridos, segundo o Escritório das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

Já o Escritório da ONU de Assistência Humanitária, Ocha, registrou um aumento de seis vezes no número de pessoas precisando de auxílio básico: de pouco menos de 3 milhões em início de 2022 para os cerca de 18 milhões.

Problema de segurança alimentar

No meio rural, uma em cada quatro famílias reduziu ou interrompeu a produção agrícola, segundo da Organização da ONU para Alimentação e Agricultura, FAO. Mais de um terço vive em distritos com que a agência tem contato. O resultado foi o problema de insegurança alimentar para a população local.

Unicef destaca a destruição de milhares de escolas, pré-escolas e outras instalações educacionais devido ao uso de explosivos na guerra
© Unicef/UN0312533/Filippov
Unicef destaca a destruição de milhares de escolas, pré-escolas e outras instalações educacionais devido ao uso de explosivos na guerra

As exportações de cereais caíram quase 30% em 2022/2023. A agência da ONU precisa de US$ 205 milhões para restaurar a segurança alimentar e a autossuficiência de 500 mil famílias do campo, na linha de frente ou em áreas fortemente impactadas pelo conflito.

Outras intervenções incluem a restauração da produção e de cadeias de valor, além do reforço dos serviços críticos do sistema agroalimentar.

Crianças com educação interrompida

Mais de 5 milhões de crianças tiveram o ensino interrompido nos 11 meses da guerra. O Fundo da ONU para Infância, Unicef, pede maior apoio para garantir a continuidade da educação.

A agência destaca que o impacto do conflito piora o cenário dos dois anos perdidos devido à pandemia e mais de oito anos de guerra que tiveram impacto no ensino dos menores do leste do país.

ONU precisa de US$ 205 milhões para restaurar a segurança alimentar e a autossuficiência de 500 mil famílias
© Unocha/Matteo Minasi
ONU precisa de US$ 205 milhões para restaurar a segurança alimentar e a autossuficiência de 500 mil famílias

 

A diretora regional do Unicef para a Europa e Ásia Central, Afshan Khan, contou que as escolas fornecem uma sensação crucial de estrutura e segurança para as crianças. Os efeitos da perda do aprendizado podem durar por toda a vida.

Ela disse que “não há botão de pausa” e nem é opção adiar a educação das crianças e retomá-la depois de abordar outras prioridades, sem colocar em risco o futuro de uma geração inteira.

Uso de explosivos na guerra

Khan cita a destruição de milhares de escolas, pré-escolas e outras instalações educacionais devido ao uso de explosivos na guerra, inclusive em áreas povoadas.

Por recear pela segurança dos menores, muitos pais e cuidadores relutam em mandá-las para a escola. A ação do Unicef junto ao governo visa ajudar as crianças a voltarem a aprender em salas de aula, quando forem consideradas seguras, e por meio de alternativas on-line ou baseadas na comunidade.

ONU registrou um aumento de seis vezes no número de pessoas que precisam de auxílio básico
© UNICEF/Diego Ibarra Sánchez
ONU registrou um aumento de seis vezes no número de pessoas que precisam de auxílio básico

 

O aprendizado online envolve 2 milhões de crianças e 1,3 milhão delas se beneficiam da combinação de aprendizado presencial e on-line. Mas ataques recentes limitaram a eletricidade e outras infraestruturas de energia causando cortes generalizados que também afetaram a educação.

O resultado é que quase todas as crianças na Ucrânia ficaram sem acesso contínuo à corrente elétrica e até mesmo assistir aulas virtuais é um desafio contínuo.

Acesso a materiais e suprimentos de aprendizagem

Outra preocupação é com a situação das crianças que fugiram do país. Estima-se que dois em cada três menores refugiados ucranianos não estejam matriculados nos sistemas educacionais de um país anfitrião.

Dentre os fatores que impulsionam a situação estão a ampliação de capacidades educacionais. Muitas famílias de refugiados optaram pelo aprendizado on-line, em vez de frequentar escolas locais, pois esperavam poder voltar para casa rapidamente.

O Unicef pede o fim dos ataques a instalações educacionais e outras infraestruturas civis, mais apoio para garantir que as crianças tenham acesso a materiais e materiais de aprendizagem off-line.

A agência precisa de apoio para o plano de recuperação e para os esforços para reconstruir e reabilitar escolas e pré-escolas.

Em países que acolhem refugiados, a agência apela ‘´para a integração das crianças refugiadas ucranianas nos sistemas nacionais de educação, especialmente na primeira infância e no ensino primário. Nesses contextos, o ensino secundário virtual carece de “múltiplos caminhos para a aprendizagem” para o nível.

 

Um homem caminha em frente a uma cratera deixada por uma explosão durante o conflito em Kyiv, na Ucrânia
© UNICEF/Anton Skyba for The Globe and Mail
Um homem caminha em frente a uma cratera deixada por uma explosão durante o conflito em Kyiv, na Ucrânia