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Ao deixar Cabo Verde, Guterres apela por mais ação para proteger oceanos

Guterres alertou que se vem travando uma guerra sem sentido e autodestrutiva contra a natureza
ONU/Mark Garten
Guterres alertou que se vem travando uma guerra sem sentido e autodestrutiva contra a natureza

Ao deixar Cabo Verde, Guterres apela por mais ação para proteger oceanos

Clima e Meio Ambiente

Secretário-geral assistiu à passagem do desafio global de regata, Ocean Race, pelo arquipélago e pediu que 2023 seja ano de “super-ação” pelo fim da emergência oceânica; ele quer apoio de países desenvolvidos para salvar os mares.

O secretário-geral marcou o final da presença em Cabo Verde, nesta segunda-feira, ressaltando a posição dianteira do país no combate às mudanças climáticas em várias frentes.

António Guterres participou na Cimeira do Oceanos com políticos, governantes, especialistas e outras personalidades. O evento ocorre na cidade de Mindelo, na Ilha de São Vicente, que recebe a Oceans Race, o desafio global de regata.  

Valorização sustentável dos oceanos

“A minha profunda gratidão pela extraordinária hospitalidade do governo e do povo de Cabo Verde que tornaram possível esta etapa da Ocean Race. E também sobretudo, agradecer-lhe o seu compromisso e o compromisso do seu país, de Cabo Verde, quer com a conservação e a valorização sustentável dos oceanos, quer com a ação climática, com relevo particular para a sua liderança no conjunto dos Pequenos Estados Insulares, quer pela proteção da biodiversidade.”

O chefe da ONU mencionou as mudanças climáticas e a poluição plástica ressaltando que a humanidade “tem sua própria corrida para vencer”.

 

Guterres alertou que se vem travando “uma guerra sem sentido e autodestrutiva contra a natureza". Nessa realidade, citou a fragilidade de Pequenos Estados Insulares em Desenvolvimento, como Cabo Verde.

Para combater a emergência oceânica, é preciso manter a indústria marítima, uma das maiores do mundo, de forma sustentável. Os países em desenvolvimento enfrentam os primeiros e piores impactos da degradação do clima e oceanos.

Sistema financeiro global

Para o secretário-geral, o grupo de nações sofre com um sistema financeiro global que considera moralmente falido, “projetado pelos países ricos” para os beneficiar.

Guterres defendeu que é preciso ação para vencer a corrida contra as mudanças climáticas, que a humanidade está perdendo atualmente.

Na Cimeira do Oceano do Mindelo, o secretário-geral António Guterres assinou o Mural  Ocean Race ao lado do primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva
ONU/Mark Garten
Na Cimeira do Oceano do Mindelo, o secretário-geral António Guterres assinou o Mural Ocean Race ao lado do primeiro-ministro de Cabo Verde, José Ulisses Correia e Silva

 

Para isso, ele recomenda reduzir as emissões de gases de efeito estufa para garantir o futuro do planeta, que está prestes a superar o limite de 1,5 grau exigido por um futuro habitável.

Proteger o oceano

No fim da visita, o secretário-geral se reuniu com o presidente de Cabo Verde, José Maria Neves, e o primeiro-ministro, Ulisses Correia e Silva, com quem acompanhou a fase da corrida global.

Guterres destacou a meta de se proteger o oceano e enfatizou os benefícios de se conservar o ar, os alimentos, as culturas e identidades definindo a humanidade, os empregos e a prosperidade, a regulação do tempo e clima, e o lar de bilhões de animais, plantas e microrganismos.

O discurso distingue o papel do oceano como fonte de vida e de meios de subsistência, mas ressalta que este está com problemas numa “corrida está longe de terminar”.

Ano de “super ação”

Guterres apontou que 2023 deve se tornar um ano de “super ação” . O alvo seria  acabar com a emergência oceânica de uma vez por todas.

Guterres apontou que 2023 deve se tornar um ano de “super ação”
ONU/Mark Garten
Guterres apontou que 2023 deve se tornar um ano de “super ação”

 

Ele lembrou que existem instrumentos legais e políticos relacionados ao oceano que devem ser mais bem implementados, como a Convenção da ONU sobre o Direito do Mar e, ainda por concluir, o acordo sobre a diversidade biológica marinha de áreas fora da jurisdição nacional, cobrindo mais de dois terços dos mares.

No fim da Década das Nações Unidas para a Ciência Oceânica, Guterres lembrou que até 2030, deve ser alcançada nossa meta de mapear 80% do fundo do mar.

Para tal, ele incentiva novas parcerias entre pesquisadores, governos e o setor privado para apoiar a pesquisa oceânica e o planejamento e gestão sustentável dos mares.

António Guterres ressaltou ainda a necessidade de financiamento concessional e alívio da dívida para nações em vias de desenvolvimento.