Primeiro comboio humanitário da ONU chega em Soledar, perto da linha de frente da Ucrânia
Caminhões com mantimentos para 800 pessoas levam comida, água, kits de higiene, remédios e suprimentos médicos; região foi marcada por combates nas últimas semanas; chefe da agência atômica da ONU também está em missão no país, negociando a proteção de usinas.
Um comboio de três caminhões com mantimentos para 800 pessoas chegou a áreas controladas pelo governo da Ucrânia perto de Soledar, no leste da região de Donetsk. A região registrou combates nas últimas semanas.
O anúncio foi feito pelo porta-voz do Escritório para Assuntos Humanitários da ONU, Ocha, nesta sexta-feira. Segundo Jens Laerke, esta é a primeira missão humanitária a chegar a esta área.
Ajuda humanitária
O Ocha notificou previamente as partes em conflito sobre a entrega de ajuda, por meio do Sistema de Notificação Humanitária. Os veículos levam mantimentos como comida, água, kits de higiene, remédios e outros suprimentos médicos.
O apoio foi fornecido pela Organização Mundial da Saúde, OMS, o Fundo da ONU para Infância, Unicef, a Organização Internacional para Migrações, OIM, e o Programa Mundial de Alimentos, PMA.
Os recentes combates na cidade e nos arredores de Soledar causaram destruição generalizada, deixando as pessoas em extrema necessidade de assistência humanitária.
Agências de ajuda na Ucrânia, coordenadas pelo Ocha, estão buscando aumentar o número de comboios para áreas próximas às linhas de frente na Ucrânia, onde as necessidades são crescentes. Segundo o porta-voz do escritório, mais comboios são esperados nos próximos dias.
Atividade nas plantas de energia atômica
A ONU também está apoiando a Ucrânia com apoio técnico na questão nuclear. Esta semana, O diretor-geral da Agência Internacional de Energia Atômica, Rafael Mariano Grossi, anunciou a instalação permanente de especialistas em usinas nucleares da Ucrânia.
O chefe da Aiea esteve com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Kyiv, para debater a expansão e intensificação das atividades para ajudar o país a garantir a segurança nuclear e a proteção em suas instalações durante o conflito militar, com várias missões permanentes de especialistas, estabelecidas em todo o país esta semana.
Eles também falaram sobre a proposta do chefe da Aiea para estabelecer uma zona de proteção nuclear ao redor da Usina Nuclear de Zaporizhzhya. A maior instalação atômica da Europa tem sido repetidamente criticada nos últimos meses, provocando o aprofundamento das preocupações com segurança e proteção nuclear.
Rafael Mariano Grossi enfatizou que a zona é essencial para evitar um acidente nuclear grave e disse que seguirá com seus esforços para que isso aconteça o mais rápido possível.
Negociações
O diretor-geral agência nuclear da ONU afirma que a área, localizada na linha de frente em uma área ativa de combate, precisa ser protegida, mas são negociações muito complexas.
Ele garantiu que vai insistir nas conversas até que a zona seja uma realidade, e já planeja com a Ucrânia e a Federação Russa nos próximos dias e semanas.
Segundo Rafael Mariano Grossi, a usina nuclear está enfrentando perigos diários. A equipe continua ouvindo explosões perto do local. Sua equipe relatou dois incidentes na última quinta-feira.
Equipes permanentes
Em Kyiv, o diretor-geral também se reuniu com o primeiro-ministro Denys Shmyhal, com quem havia concordado em dezembro em estabelecer equipes permanentes de especialistas em segurança e proteção nuclear em todas as usinas nucleares da Ucrânia e em Chernobil.
Com equipes da AIEA permanentemente presentes em todas as centrais nucleares da Ucrânia e Chornobil, a agência terá pelo menos 11 especialistas em segurança nuclear simultaneamente no país.
Grossi afirma que sua equipe está buscando reduzir o risco de uma catástrofe nuclear durante a guerra e avalia o trabalho da semana como um passo importante.