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Relatores: descendentes de africanos experimentam racismo na Austrália

Reprodução do Livro A Escravidão na era da Memória.
Reprodução da capa do livro
Reprodução do Livro A Escravidão na era da Memória.

Relatores: descendentes de africanos experimentam racismo na Austrália

Direitos humanos

 

Discriminação se manifesta em formas de xenofobia e racismo sistêmico no país, descrito pelos especialistas em direitos humanos como “branco”; migrantes sul-sudaneses reportaram altos índices de prisão, detenção indefinida, problemas de saúde mental e suicídio.

Vários peritos em direitos humanos* afirmaram que pessoas com ascendência africana estão sujeitas a múltiplas formas de discriminação na Austrália, xenofonia e racismo sistêmico.

O Grupo de Especialistas em Pessoas Descendentes de Africanos diz que o racismo está ocorrendo em todas as esferas da “predominantemente branca” Austrália.

As conclusões foram divulgadas após uma visita de 10 dias ao país na qual expressaram “sérias preocupações” com o que chamaram de “injúrias raciais, abuso de autoridade, policiamento em extremo, baixa proteção e violência, além de perfilamento racial.”
Unicef/Adriana Zehbrauskas
As conclusões foram divulgadas após uma visita de 10 dias ao país na qual expressaram “sérias preocupações” com o que chamaram de “injúrias raciais, abuso de autoridade, policiamento em extremo, baixa proteção e violência, além de perfilamento racial.”

Bullying na escola


As conclusões foram divulgadas após uma visita de 10 dias ao país na qual expressaram “sérias preocupações” com o que chamaram de “injúrias raciais, abuso de autoridade, policiamento em extremo, baixa proteção e violência, além de perfilamento racial.”

A presidente dos especialistas, Catherine Namakula, ouviu relatos de discurso de ódio e do uso de estereótipos raciais partindo de alguns políticos e pela mídia na Austrália.

Uma pesquisa documentou a experiência de jovens australianos-africanos em escolas que são alvo de bullying racista sem nada acontecer. Um exemplo são sul-sudaneses que têm alto índice de prisão, detenção indefinida e problemas mentais além de notificações de suicídio.

 

Impacto sobre pertença

Os relatos de um racismo constante nos colégios e comunidades estão influenciando na forma de pertença e oportunidades que eles têm. Um dos peritos disse que muitos descendentes de africanos estão sendo classificados como não-cidadãos ilegais e levados para centros de detenção fora do país.

O Grupo de Trabalho recomendou às autoridades que acabem imediatamente com a prática de detenção que é incompatível com a lei internacional dos direitos humanos.

O grupo disse que a abordagem racial do governo e da sociedade australiana às restrições da pandemia deixou clara a realidade há muito tempo vivida pelos descendentes de africanos no país.

Os peritos disseram que as experiências dos australianos de ascendência africana continuam sendo impactadas pelo passado colonial do Reino Unido.
Unsplash/Rolande PG
Os peritos disseram que as experiências dos australianos de ascendência africana continuam sendo impactadas pelo passado colonial do Reino Unido.

Passado colonial

Os peritos disseram que as experiências dos australianos de ascendência africana continuam sendo impactadas pelo passado colonial do Reino Unido. Eles citaram a política de migração da Austrália Branca que foi desativada em 1973, mas cujo legado perdura e é sentido pelos povos originários incluindo os aborígenes.

Mas também os insulares do Estreito de Torres e os insulares do Mar do Sul. Para eles, uma das urgências é o estado de saúde mental das crianças, mulheres e homens africanos.

 

Relatório em 2023

Eles pediram que todos os menores presos sejam descriminalizados e voltem para suas famílias e comunidades. E que é hora de ter uma política centrada na saúde pública, e que possa investigar as causas subliminares da delinquência juvenil.

O Grupo de Trabalho visitou a capital Canberra e as cidades de Melbourne, Brisbane e Sydney.

Eles devem apresentar um relatório ao Conselho de Direitos Humanos em setembro de 2023.