Perspectiva Global Reportagens Humanas

Um quinto dos deslocados forçados do mundo está nas Américas

Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, se encontra com refugiados e empresários migrantes em Guayaquil, Equador.
© UNHCR/Santiago Escobar-Jaramillo
Alto Comissário da ONU para Refugiados, Filippo Grandi, se encontra com refugiados e empresários migrantes em Guayaquil, Equador.

Um quinto dos deslocados forçados do mundo está nas Américas

Migrantes e refugiados

Chefe da Agência das Nações Unidas para Refugiados, Acnur, pede soluções urgentes; por uma semana, Filippo Grandi visitou Venezuela, Colômbia, Honduras e Equador.

A Agência da ONU para Refugiados, Acnur, afirma que é preciso agir com urgência nas Américas, região que abriga 20% dos 100 milhões de deslocados forçados no mundo.

O alto comissário do Acnur, Filippo Grandi, fez uma visita de uma semana à região, para ver de perto a busca de soluções para complexos movimentos populacionais que afetam pessoas de várias nacionalidades que se deslocam pelo continente.

Um quinto dos deslocados forçados do mundo está nas Américas

Venezuela, Honduras, Colômbia e Equador

Entre os mais afetados estão milhões de refugiados e migrantes da Venezuela e outros deslocados na Colômbia e na América Central.

Segundo o porta-voz do Acnur para a região, Luiz Fernando Godinho, atualmente nas Américas cerca de 20 milhões de pessoas são afetadas por guerras, conflitos, perseguições e outras situações que as forçam a deixar suas comunidades de origem em busca de proteção, inclusive em outros países.

“Entre elas estão 690 mil pessoas refugiadas, 2,7 milhões de solicitantes do reconhecimento da condição de refugiado, cerca de 6 milhões de venezuelanos em necessidade de proteção internacional e 7,1 milhões de pessoas deslocadas dentro do seu próprio país. Isso representa cerca de 20% dos mais de 20 milhões de pessoas que se encontram hoje em situação de deslocamento forçado em todo o mundo”.

Godinho adiciona que estes números refletem uma tendência de crescimento, fazendo com que as Américas vivam hoje um nível sem precedentes de deslocamento forçado.

Ele explica que são muitas as nacionalidades afetadas pelo deslocamento nas Américas, mas destaca a crise social, econômica e política na Venezuela, a situação de violência no norte da América Central, principalmente em El Salvador, Nicarágua e Honduras, e o persistente conflito interno na Colômbia.

Visita do chefe do Acnur aos países mais afetados

O aumento da violência em alguns países, a subida do custo de vida, dificuldades econômicas derivadas da pandemia do Covid-19, bem como o agravamento da pobreza, dificultaram a vida de muitos. Os deslocados se arriscam em viagens longas e perigosas para fugir da crise.

Em Honduras, Grandi se reuniu com organizações da sociedade civil que tentam evitar o deslocamento forçado em suas comunidades. Ele também escutou o drama de muitas famílias latino-americanas e caribenhas que se arriscaram em jornadas perigosas em busca de proteção.

Na Colômbia, apesar do processo de paz, as pessoas ainda estão sendo deslocadas pela violência. Ali, eles disseram que é preciso incluir a perspectiva dos afetados.

No Equador, Grandi conheceu várias iniciativas para enfrentar os desafios da integração de milhares de refugiados e migrantes, incluindo um processo de regularização para refugiados e migrantes da Venezuela. Atividades com o setor privado beneficiam refugiados da Colômbia, Venezuela e outras nacionalidades.

Financiamento

O alto comissário do Acnur afirmou que os países da América Latina e do Caribe estão fazendo esforços importantes para prevenir o deslocamento e oferecer proteção e soluções para milhões de pessoas de várias nacionalidades que foram desenraizadas por conflitos, violência e violações dos direitos humanos.

No entanto, Filippo Grandi destacou que o “empenho e a generosidade demonstrados são extraordinários, mas as comunidades locais e os países de acolhimento também precisam de apoio”, pedindo aos doadores, as instituições financeiras internacionais e o setor privado a investirem ainda mais nos países de origem, trânsito e destino.