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ONU News lança podcast sobre violência contra mulheres na política

ONU News lança podcast Nossa Voz
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ONU News lança podcast Nossa Voz

ONU News lança podcast sobre violência contra mulheres na política

Mulheres

A ONU News lança o podcast “Nossa Voz”, uma série de quatro episódios sobre violência contra mulheres na política, neste 10 de dezembro, Dia dos Direitos Humanos. Data também encerra campanha sobre 16 dias de ativismo para o Fim da Violência de Gênero.

O especial destaca entrevistas com a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff, a jurista e professora da PUC-SP, Silvia Pimentel, co-autora da Carta das Mulheres, de 1988, e a ex-presidente da Assembleia Geral e ex-ministra de Relações Exteriores, e da Defesa do Equador, María Fernanda Espinosa.

“Os diversos casos de ataques às mulheres políticas, democraticamente eleitas, tanto na internet como fora dela, chamaram a atenção da nossa equipe”, afirmou a editora-chefe da ONU News, Monica Grayley.

Quatro episódios

No primeiro episódio, as jornalistas Mayra Lopes e Ana Paula Loureiro entrevistam a jurista Silvia Pimentel.

Com uma longa carreira em direitos da mulher, igualdade de gênero e pautas feministas no Brasil e nas Nações Unidas, a professora da PUC-SP avaliou o cenário da política no Brasil e lembrou quando ela mesma foi atacada fisicamente, em 1982, quando se candidatou a deputada federal.

“Numa cidade do estado de São Paulo, eu estava no palanque e fui empurrada pela liderança política daquela região. Quase fui derrubada de uma altura de dois metros. Foi uma ação não apenas machista, mas quase criminosa”, relevou Silvia Pimentel.

A equipe da ONU News ouviu também a ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff. No podcast, a ex-chefe de Estado declara ter sido vítima do machismo, um traço marcante na política do país.

“Eu sofri os preconceitos impostos pela misoginia a todas as mulheres brasileiras que ousam lutar pela igualdade do meu país ou lutar contra toda a exploração, toda a trajetória de exploração que começa no Brasil com a escravidão e passa por todo um processo que chega nos dias atuais”, destacou.

Uma outra mulher que teve que enfrentar violência política e forte oposição em meios dominados por homens foi a ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa. A primeira latino-americana e caribenha a se tornar presidente do órgão da ONU e até agora a quarta mulher apesar a presidir a Casa, em mais de 77 anos de história. Espinosa falou à ONU News sobre que é preciso continuar lutando por espaços nas esferas de poder.

“Vemos mulheres candidatas que são tratadas de maneira especialmente dura pela opinião pública. Mas acredito temos a inteligência, força e experiência para lutar pelos espaços que merecemos”, avalia.

Desde que María Fernanda deixou o cargo em 2019, já foram eleitos quatro homens, consecutivamente, para a presidência da Assembleia Geral.

Ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff
UN Photo/Amanda Voisard
Ex-presidente do Brasil, Dilma Rousseff

Dados da participação feminina na política

Segundo o levantamento da União Interparlamentar, em todo o mundo, as mulheres ocupam apenas 25,5% dos assentos. Em cargos ministeriais, pouco mais de 21% das mulheres fazem parte de governos. No comando do Executivo, elas possuem ainda menos representatividade: em 2021, 5,9% dos chefes de Estado eram mulheres e 6,7% chefes de Governo.

O sufrágio feminino no Brasil aconteceu em 1932, com um decreto durante o governo de Getúlio Vargas. Em Portugal, uma lei autorizando mulheres a votar foi publicada em 1931, mas apenas em 1976 que a legislação portuguesa aprovou o sufrágio universal.

Um dos países que mais tardou a inserir o direito do voto feminino em sua constituição foi a Suíça, em 1971. São mais de 50 anos de atraso em comparação com outros países europeus como Alemanha e Áustria.

Ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa
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Ex-presidente da Assembleia Geral da ONU, María Fernanda Espinosa

Paridade de gênero

O podcast ainda conta com depoimentos de outras mulheres que conversaram com a equipe da ONU News no último ano. A coordenadora da ONG Criola, Lucia Xavier, e a fundadora do Instituto Igarapé, Ilona Szabó, também juntam suas vozes ao debate.

“Com este especial, buscamos responder por que a presença das mulheres – e talvez a diversidade de forma geral – ainda incomoda tanto nas esferas de poder. Percebemos que a resposta vem em diversas camadas e foi interessante observar como cada uma das entrevistadas complementava a outra”, afirmou a jornalista Mayra Lopes.

“Infelizmente, uma visão comum das entrevistadas é que ainda é preciso muito trabalho para conquistarmos a paridade de gênero. A parte boa é que muitas mulheres e feministas estão dispostas a seguir trilhando esse caminho para um futuro mais igual”, declarou Ana Paula Loureiro.

A igualdade de gênero é o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável número 5 da Agenda 2030. O podcast “Nossa Voz” estreia neste 10 de dezembro ao meio-dia, horário de Brasília, em todas as plataformas da ONU News.