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COP15 busca acordo histórico para conter perda de biodiversidade

O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na Conferência de Biodiversidade da ONU, COP15, aberta nesta quarta-feira em Montreal, no Canadá.
ONU/Cia Pak
O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na Conferência de Biodiversidade da ONU, COP15, aberta nesta quarta-feira em Montreal, no Canadá.

COP15 busca acordo histórico para conter perda de biodiversidade

Clima e Meio Ambiente

Encontro que reúne chefes de Estado e governo de todo o mundo é aberto nesta terça-feira, em Montreal, Canadá, com presença do secretário-geral António Guterres; Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente afirma que evento busca tratado tão ambicioso como Acordo de Paris.

O secretário-geral da ONU, António Guterres, discursa na Conferência de Biodiversidade da ONU, COP15, aberta nesta terça-feira em Montreal, no Canadá.

A primeira parte da COP15 ocorreu em Kunming, na China, em outubro do ano passado, e desta vez, a agenda inclui a continuação de negociações para a adoção de um Quadro de Biodiversidade Global pós-2020.

A porta-voz do chefe da ONU, Stephanie Tremblay, contou que Guterres encontrará o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o presidente da COP15, ministro Huang Runqiu da China, que também estão em Montreal.
ONU/Eskinder Debebe
A porta-voz do chefe da ONU, Stephanie Tremblay, contou que Guterres encontrará o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o presidente da COP15, ministro Huang Runqiu da China, que também estão em Montreal.

Mulheres, jovens e indígenas

A porta-voz do chefe da ONU, Stephanie Tremblay, contou que Guterres encontrará o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, e o presidente da COP15, ministro Huang Runqiu da China, que também estão em Montreal.

O secretário-geral se reunirá com representantes da sociedade civil, incluindo grupos de mulheres, jovens, comunidades indígenas e agremiações regionais.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Pnuma,* explica que governos de todo o mundo devem traçar um novo conjunto de metas e objetivos que vão guiar a ação global sobre a natureza até 2030.

A COP15 quer alcançar um acordo histórico para deter e reverter a perda da natureza, no mesmo nível do Acordo de Paris sobre o Clima, de 2015. O que for adotado em Montreal será essencialmente um plano global para salvar a biodiversidade em declínio do planeta.

Embora pareça semelhante à COP27, a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, ambos os eventos se concentram em questões diferentes, mas relacionadas.
UNIC Tóquio/Momoko Sato
Embora pareça semelhante à COP27, a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, ambos os eventos se concentram em questões diferentes, mas relacionadas.

COP27 e COP15: qual a diferença?

Embora pareça semelhante à COP27, a Conferência da ONU sobre Mudança do Clima, ambos os eventos se concentram em questões diferentes, mas relacionadas.

A COP27 abordou ações para reduzir as emissões de gases de efeito estufa e para se adaptar a essas mudanças. Já a COP15 tem a natureza como foco, por meio da Convenção sobre Diversidade Biológica, um tratado adotado para a conservação e o uso sustentável da diversidade biológica e questões relacionadas.

A COP da biodiversidade ocorre a cada dois anos e esta edição é particularmente importante, já que deve ser adotado um novo quadro global de biodiversidade. O acordo será o primeiro desse tipo adotado desde os Objetivos de Biodiversidade de Aichi, em 2010.

Na COP10 em Nagoya, no Japão, os governos se propuseram a cumprir os 20 Objetivos de Biodiversidade de Aichi até 2020, incluindo que a perda de habitats naturais seria reduzida pela metade e que os planos para consumo e produção sustentáveis seriam implementados.

De acordo com um relatório de 2020, nenhuma dessas metas foi totalmente atingida. Os 196 países participantes ratificaram a Convenção sobre Diversidade Biológica, e 196 nações precisarão adotar a estrutura nesta reunião em Montreal.

O Pnuma destaca que enfrentar a perda da biodiversidade nunca foi tão urgente.
Coral Reef Image Bank/Alexander
O Pnuma destaca que enfrentar a perda da biodiversidade nunca foi tão urgente.

Por que a conferência deste ano é tão importante?

O Pnuma destaca que enfrentar a perda da biodiversidade nunca foi tão urgente. O planeta está passando por um perigoso declínio da natureza como resultado da atividade humana. Está experimentando a maior perda de espécies desde os dinossauros. Um milhão de espécies vegetais e animais estão agora ameaçadas de extinção.

A existência da humanidade depende de ter ar puro, alimentos e um clima habitável, todos eles regulados pelo mundo natural. Um planeta saudável é também um precursor de economias resilientes.

Impacto da perda de diversidade

Mais da metade do PIB global, o equivalente a US$ 41,7 trilhões, depende de ecossistemas saudáveis.

Bilhões de pessoas, em nações desenvolvidas e em desenvolvimento, se beneficiam diariamente da natureza e produtos que ela proporciona, incluindo alimentos, energia, materiais, medicamentos, recreação e muitas outras contribuições vitais para o bem-estar humano.

Ecossistemas saudáveis também são fundamentais para atingir os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e limitar o aquecimento global a 1.5°C, no entanto, é provável que a mudança climática se torne um dos maiores motores da perda de biodiversidade até o final do século.

A participação dos povos indígenas e comunidades locais nos processos decisórios relacionados à natureza, e o reconhecimento de seus direitos à terra, são especialmente importantes.
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A participação dos povos indígenas e comunidades locais nos processos decisórios relacionados à natureza, e o reconhecimento de seus direitos à terra, são especialmente importantes.

Engajamento de todos os setores

O Pnuma alerta para a importância de soluções que englobem toda a sociedade, desde o setor financeiro e empresarial, bem como governos, ONGs e sociedade civil.

A participação dos povos indígenas e comunidades locais nos processos decisórios relacionados à natureza, e o reconhecimento de seus direitos à terra, são especialmente importantes.

Na COP15, será necessário chegar a acordos sobre finanças, incluindo quanto as nações ricas apoiarão os países em desenvolvimento para financiar a conservação da biodiversidade, bem como sobre acesso e compartilhamento de benefícios, especificamente quando se trata do uso de dados derivados de recursos genéticos.

Interromper o declínio do mundo natural

Acesso e compartilhamento de benefícios se referem à forma como os recursos genéticos podem ser acessados e como os benefícios resultantes desse uso são compartilhados entre usuários, como empresas de biotecnologia, e fornecedores, países e comunidades ricas em biodiversidade.

Esta questão é central para garantir que todos sejam capazes de se beneficiar dos recursos da natureza, não apenas um número limitado de corporações, particularmente no Hemisfério Norte.

Para o Pnuma, dado o papel crucial que os ecossistemas saudáveis desempenham em todos os aspectos da humanidade, é vital que se chegue a um acordo em Montreal e que o declínio no mundo natural seja interrompido.

*Com informações do Pnuma Brasil.