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Painéis Guerra e Paz completam 65 anos “mais atuais que nunca”

Este 2022 marca 65 anos após a inauguração, nas Nações Unidas, dos painéis “Guerra e Paz” do pintor brasileiro Candido Portinari.
ONU/Lois Conner
Este 2022 marca 65 anos após a inauguração, nas Nações Unidas, dos painéis “Guerra e Paz” do pintor brasileiro Candido Portinari.

Painéis Guerra e Paz completam 65 anos “mais atuais que nunca”

Assuntos da ONU

Obra do pintor brasileiro Candido Portinari foi inaugurada em 1957 na sede da ONU em Nova Iorque; Nações Unidas ressaltaram obra monumental mais importante doada à organização.

Este 2022 marca 65 anos após a inauguração, nas Nações Unidas, dos painéis “Guerra e Paz” do pintor brasileiro Candido Portinari.

O legado de um dos artistas mais destacados do Século 20 no Brasil é administrado pelo “Projeto Portinari”, dirigido pelo único filho do pintor, João Candido Portinari.

“O melhor que o Brasil tinha para dar”

Seu filho, João Candido, é o diretor-geral da instituição. Em entrevista à ONU News, ele conta que o pai foi o grande ausente da inauguração onde estiveram funcionários da organização, figuras da diplomacia brasileira e amigos do pintor.

“Estavam presentes o embaixador Jaime de Barros, que foi dos grandes lutadores, que teve a vitória fazer instalar o Guerra e Paz, como havia sido previsto no início, e o embaixador Ciro de Freitas Vale que falou diante do secretário-geral na época: o Prêmio Nobel da Paz, Dag Hammarskjöld. Ele, Dag Hammarskjöld, declarou Guerra e Paz como sendo a obra monumental mais importante doada à ONU. Ciro de Freitas Vales declarou que sentia muito a ausência de Portinari. E todos deviam acreditar que o Brasil estava oferecendo ali o melhor que tinha para dar. ”

O gestor da coleção de obras de Portinari abordou ainda sobre a fase da restauração de Guerra e Paz.

Graças a esse processo, os painéis foram exibidos em cidades brasileiras como São Paulo e Belo Horizonte. As obras de arte também encheram os olhos de admiradores em Paris, França.

A perspectiva é agora levar Guerra e Paz da Assembleia Geral a mais um movimento por diferentes lugares do mundo. Entre as aspirações está apresentá-los à audiência italiana e, idealmente, na China.
Unsplash/Li Yang
A perspectiva é agora levar Guerra e Paz da Assembleia Geral a mais um movimento por diferentes lugares do mundo. Entre as aspirações está apresentá-los à audiência italiana e, idealmente, na China.

Guerra e Paz mais atuais do que nunca

No retorno para a 2ª inauguração em Nova Iorque, em 2015, o evento fez ressoar elogios na Sala da Assembleia Geral. O momento também foi marcado por minutos de silêncio dedicados ao pintor dos murais que levam a revisitar valores que João Candido ressalta que valem a pena eternizar.

“De não-violência, de justiça social, de fraternidade entre povos, solidariedade, e de respeito pela vida. É isso que passa. Hoje, isso adquire um significado mais pungente ainda com o que estamos assistindo nesse mundo tão convulsionado, tão ameaçador, tão obscuro que nós estamos entrando agora. Isso já vinha a um certo tempo com essas migrações de multidões desesperadas e embalsas, morrendo desesperadas pelo caminho: crianças, idosos e mulheres desesperadas. Guerra e Paz está mais atual do que nunca, mais de meio século depois.”

A perspectiva é agora levar Guerra e Paz da Assembleia Geral a mais um movimento por diferentes lugares do mundo. Entre as aspirações está apresentá-los à audiência italiana e, idealmente, na China.

“Guerra e Paz são dois grandes embaixadores da ONU. Agora, a compreensão desse fato está se tornando tão evidente que a organização, inclusive, está nos cedendo a guarda de Guerra e Paz novamente. Desta vez, para levá-los à Itália, e quem sabe, isso é um sonho ainda, à China. São dois grandes projetos nos quais nós estamos empenhados no Projeto Portinari, nesse exato momento, agora.”

Nascido em 1903. Candido Portinari faleceu com 59 anos devido à exposição ao chumbo e outros metais tóxicos presentes nas tintas que usava.

João Candido disse que a mensagem dos painéis do pintor é a essência de missão das Nações Unidas.

Ela evoca um Portinari com atributos como curiosidade insaciável, experimentador e pessoa com necessidade de fazer o melhor, influenciado por gênios incluindo Pablo Picasso.